Recomendações Técnicas

Raças , características e exigências ecológicas

Tipo do rebanho 

Recomenda-se a formação de rebanho com animais nelorados ou da raça nelore pura, por se tratar de uma raça já devidamente adaptada a regiões de clima tropical, rústica e resistente a ecto e endo parasitos.
A rebanho nelorado poderá ser melhorado com a introdução de gens melhoradores de tourinhos e matrizes oriundos de rebanhos puros, que trabalham com reprodutores e sêmen comprovadamente reconhecidos. Este melhoramento, poderá ser realizado por meio de coberturas ou inseminação artificial.
 
 
A criação de animais puros, deve ser preconizada para produção de tourinhos e matrizes puras ou controladas para serem comercializadas a sistemas de produção constituídos por rebanho nelorado.
Para incrementar índices produtivos e reprodutivos do sistema de produção para produção de animais precoces, utilizar o cruzamento industrial no rebanho  nelorados na formação de animais F1 (Bos taurus taurus x Bos taurus indicus),  preferencialmente por meio do processo da inseminação artificial. Na formação de rebanhos F1, orienta-se inseminar os rebanhos com sêmen de reprodutores das raças Britânicas (angus, aberdeen angus, devon, hereford, red angus, red polled, south devon, etc.).
Dependendo da exigência do mercado e da presença ou não de ecto e endoparasitos nos F1, faz-se a terminação dos F1,  encaminhando machos e fêmeas para o abate, ou direciona-se para dois processos: o primeiro, insemina-se as fêmeas F1 com sêmen de reprodutores de raças Continentais (blond d’Aquitaine, charolesa, chianina, charolês, gelbvieh, limousin, marchigiana, piemontês, simental, valdostana, etc.) e, o segundo, com raças sintéticas (beefalo, bonsmara, brahma, canchim, senepol, beefalo, etc.) encaminhando também, todos os produtos (machos e fêmeas) oriundos destes cruzamentos para abate.
É importante, antes do uso destas raças para realizar o cruzamento industrial, verificar a infraestrutura do sistema de produção em relação a gerenciamento, pastagem e sanidade, como também observar a tendência do mercado no Estado para produção de carne bovina.

Instalações                                                     Topo da Página

Curral

O curral deverá ser bem posicionado em relação à sede e as pastagens, com a finalidade  de facilitar o acesso e manejo. Deve ser construído em terreno firme e seco, preferencialmente plano, não sujeito à erosão.
A capacidade do curral terá uma área útil de 2 m2/U.A, divido no mínimo com 6 a 8 divisões, compondo-se de  cercas, porteiras, galpão de preferência coberto (abrigar o apartadouro, balança, brete, tronco de contenção e seringa) e embarcadouro. Anexas ao curral poderá ser construída estruturas (curralão, manga de recolher animais, piquetes, etc.), além de facilitar o manejo e acesso ao interior do curral, permitem ampliar, com instalações simples, a capacidade de se trabalhar em lotes de até 500 reses por vez.


Cercas

As cercas deverão ser de arame liso, com 4 fios, estacas de 2 em 2 metros e mourões de 15 em 15 metros. Para conservar as estacas, orienta-se fazer o tratamento das estacas e mourões com óleo queimado e creozoto. Caso faça preferência por cercas elétricas, construir com três fios e instalar somente nas divisórias internas.


Cochos

Objetivando o fornecimento de sal mineral  de maneira contínua, orienta-se construir os cochos de madeira, com cobertura e colocado um em cada piquete, localizados estrategicamente em locais altos, ficando a uma distância nunca inferior a 1.500 m das aguadas. Os cochos têm as dimensões de 2,5m a 3m de comprimento por 25 a 30 cm de largura e podem ser construídos para atender dois pastos, sendo istalados a uma altura de 0,40m do solo. Para economizar material os mesmos podem ser instalados para atender dois piquetes.   


Alimentação                                                     Topo da Página

A pecuária de corte no Estado do Acre é praticada em pastagens cultivadas em substituição à vegetação original de floresta, com o rebanho alimentado essencialmente a pasto, graças às condições climáticas favoráveis ao crescimento das plantas forrageiras na maior parte do ano. Durante o período crítico do ano, mesmo nas microrregiões com menor pluviosidade, é possível alimentar o rebanho a pasto com maior facilidade do que nas demais regiões pecuárias do País. Este é um fator decisivo para a competitividade da atividade, já que o pasto representa o alimento mais barato para a alimentação dos ruminantes e, atualmente, há grande demanda do mercado internacional de carne bovina pelo chamado Boi Verde, criado a pasto.


Formação de pastagens

Na etapa de formação de pastagens, são importantes os fatores preparo da área, qualidade das sementes, método e taxa de semeadura, e manejo de formação. Para a formação de pastagens em substituição à vegetação natural de floresta, o método de preparo da área recomendado ainda é o tradicional, com broca, derrubada e queima da vegetação.

A pesquisa tem demonstrado que os métodos mecânicos, com uso de tratores de esteira, são prejudiciais para as condições físicas e químicas da maioria dos solos da Amazônia (Dias Filho, 1987).

A broca é necessária para formar a “cama”  para a queima, e para facilitar a operação de derrubada, devendo ser realizada a partir do início da estação seca (maio-junho). A derrubada deve ser iniciada após a broca, de preferência durante os meses de maior estiagem (julho-agosto). O mês de setembro é o mais recomendado para realizar a queima da vegetação, que deve ocorrer de 30 a 40 dias após o término da derrubada. Recomenda-se que a queima seja efetuada em dias quentes e sem ventos fortes, lembrando sempre da necessidade de se aceirar, previamente, o entorno da área a ser queimada. Uma queima bem feita é condição essencial para o sucesso da formação da pastagem, sendo necessário que as operações de broca e derrubada sejam bem feitas e na época certa.

A época de semeadura deve coincidir com o início do período chuvoso (normalmente em outubro), podendo ser feita a lanço (manualmente ou por avião agrícola) ou com uso de plantadeira manual (matraca). O uso de sementes de qualidade, adquiridas de firmas idôneas, e na quantidade correta é fundamental para a obtenção de uma pastagem bem formada. As taxas de semeadura recomendadas para formação e renovação de pastagens no Acre dependem de alguns fatores, tais como espécie forrageira, condição da área para o plantio e valor cultural das sementes (Tabela 3). Os valores estão em pontos de valor cultural (VC) por hectare. Para saber a quantidade de sementes em kg/ha, basta dividir os valores pelo VC das sementes. Por exemplo, a taxa de semeadura do brizantão quando a condição de plantio é média, e o VC das sementes igual a 40%, seria de 500/40 = 12,5 kg/ha ou 30,2 kg/alqueire. Para a puerária, recomenda-se a taxa de semeadura de 1,0 kg/ha. Como forma de avaliar o resultado do plantio, considera-se adequado quando emergirem de 15 a 20 plântulas/m2, para espécies cujas sementes são de tamanho relativamente grande, tais como o brizantão e o capim Pojuca, e de 40 a 50 plântulas/m2, no caso de espécies com sementes menores, como as do gênero Panicum, ou com estabelecimento mais lento, como a Brachiaria humidicola (Souza, 1997).

Tabela 3. Taxas de semeadura (pontos de VC por ha) das principais gramíneas forrageiras recomendadas para formação e renovação de pastagens no Acre, em função da condição de plantio.

Espécies

Condição de plantio¹

Ótima

Média

Ruim

Panicum maximum (Tanzânia, Mombaça e Massai)

240

300

400

Brachiaria brizantha (Brizantão e Xaraés)

400

500

600

B. decumbens (Braquiarinha)

300

400

500

B. humidicola (Humidicola)

400

500

600

Paspalum atratum (Pojuca)

300

400

500

¹ Ótima – formação em área nova, com preparo bem feito; média – formação em capoeiras, ou renovação de pastagens degradadas com infestação média de invasoras; e, ruim – renovação de pastagens degradadas, com alta infestação de invasoras.
Fonte: Adaptado de Kichel e Kichel (2001)


Espécies forrageiras recomendadas

Devido aos insucessos do passado com o uso em larga escala de apenas uma espécie forrageira – fato ocorrido no Acre com o capim colonião, com a braquiarinha e, mais recentemente, com o brizantão -, atualmente recomenda-se a diversificação de forrageiras nas pastagens. Isto é particularmente importante para a Região Amazônica, cujos ecossistemas naturais indicam que a diversidade é o caminho para o sucesso. A pesquisa tem disponibilizado grande número de espécies forrageiras adaptadas às condições edafoclimáticas do Estado do Acre, cada uma possuindo características e exigências próprias que devem ser respeitadas. A diversificação de forrageiras na propriedade poderá ser feita com a formação ou renovação de pastagens usando misturas de espécies, de preferência que estas possuam características semelhantes, com o melhoramento de pastagens já existentes, plantando espécies mais adaptadas em locais onde as forrageiras originais não se adaptaram (malhadouros, manchas de solos mal drenados, etc), ou com o plantio de espécies forrageiras distintas em pastagens diferentes, visando atender as exigências de determinadas categorias do rebanho ou para ocupar melhor a variação de solos da propriedade. O importante é que as pastagens da propriedade não sejam formadas com apenas uma espécie forrageira. As conseqüências disto seriam:

a) Aumento de riscos de problemas bióticos (pragas e doenças);

b) Menor oportunidade para ocupação de nichos específicos da área, aumentando os problemas com invasoras;

c) Menor diversificação da dieta dos animais;

d) Maior sazonalidade da produção do pasto; entre outros.

Outro fator fundamental para a sustentabilidade das pastagens do Acre é a presença de leguminosas forrageiras, realizando a fixação simbiótica do nitrogênio atmosférico e melhorando a qualidade da alimentação do rebanho. Diferente de outras regiões do País, onde é baixa a persistência das leguminosas nas pastagens, o uso de leguminosas forrageiras nas pastagens do Acre tem tido muito sucesso. Recomenda-se a manutenção de 20% a 30% de leguminosas na composição botânica do pasto, suficiente para fixar, anualmente, de 50 a 100 kg/ha de nitrogênio.

As principais gramíneas forrageiras recomendadas para a formação de pastagens no Acre, são:

Brachiaria decumbens cv. Basilisk (braquiarinha) – devido à sua susceptibilidade à cigarrinha-das-pastagens, esta espécie é recomendada apenas em mistura com outras espécies, na proporção de até 20% da composição botânica do pasto;

Brachiaria brizantha cv. Marandu (brizantão) – recomendada somente para áreas com solos bem drenados;

Brachiaria brizantha cv. Xaraés – gramínea forrageira recentemente lançada pela Embrapa, com excelente desempenho no Acre. Para solos de baixa permeabilidade, recomenda-se plantar em mistura com o capim-humidícola, na proporção de 1:1;

Brachiaria humidicola cv. Quicuio-da-Amazônia (humidícola) – recomendada principalmente para áreas que apresentam solos de baixa permeabilidade;

Panicum maximum cvs. Tanzânia, Mombaça e Massai – recomendadas para solos mais férteis, com topografia pouco acidentada para evitar a erosão. Pastagens formadas com estas gramíneas devem ser manejadas sob pastejo rotacionado;

Paspalum atratum cv. Pojuca – recomendado principalmente para áreas que apresentam solos de baixa permeabilidade, com topografia pouco acidentada, e com período seco mais ameno;

Cynodon nlemfuensis cv. Estrela Africana Roxa – como não existem sementes disponíveis no mercado (produz sementes inférteis), esta gramínea tem que ser plantada por mudas, sendo recomendada para a recuperação e melhoramento de pastagens já estabelecidas, principalmente em solos mais férteis. Tem apresentado excelente desempenho nos solos de baixa permeabilidade, onde o brizantão tem morrido. Também é recomendada para plantio em malhadouros e entorno de currais, devido à sua agressividade e boa tolerância ao pisoteio nestas condições, bem como em barragens de açudes.

Outras espécies de gramíneas forrageiras, principalmente as braquiárias anfíbias (angola, tangola e tanner-grass), têm sido utilizadas em condições específicas pelos produtores, porém ainda não foram validadas pela pesquisa.

Duas leguminosas forrageiras são atualmente recomendadas para as pastagens no Acre:

Pueraria phaseoloides (puerária) – única com sementes disponíveis no mercado, é recomendada tanto para a formação de pastagens em áreas novas quanto para a renovação de pastagens degradadas, apresentando boa capacidade de consorciação com as gramíneas do gênero Panicum maximum, com todas as braquiárias e com o capim-pojuca, não sendo recomendada sua consorciação com a estrela roxa. A ta;

Arachis pintoi cv. Belmonte (amendoim forrageiro) – leguminosa de porte rasteiro, estolonífera, que tem apresentado excelente adaptação às condições edafoclimáticas do Acre, principalmente nos locais com período seco mais ameno. É plantada por mudas (estolões), sendo recomendada para a recuperação, renovação e melhoramento de pastagens, principalmente com gramíneas de porte mais baixo (braquiárias, estrela roxa, capim-pojuca e capim-massai).

Manejo das pastagens

O manejo correto das pastagens é fundamental para qualquer sistema de criação de bovinos a pasto. Em pastagens bem manejadas, o pasto normalmente apresenta crescimento vigoroso, protege melhor o solo e consegue competir com vantagens com as plantas invasoras, resultando em menor gasto com limpeza e manutenção das pastagens. O manejo correto, assegurando taxas de lotação compatíveis com a capacidade de suporte das pastagens, também contribui para melhorar a nutrição do rebanho e, consequentemente, para aumentar seus índices produtivos, reprodutivos e sanitários.

No manejo das pastagens existem dois fatores principais que devem ser planejados e controlados: (a) o sistema de pastejo, que representa a modalidade de utilização da pastagem; e (b) a taxa de lotação, que define a intensidade de utilização do pasto.

Dois sistemas de pastejo podem ser utilizados para o manejo das pastagens: o contínuo e o rotacionado. Ambos possuem vantagens e desvantagens, havendo situações em que um é mais recomendado do que o outro. Entretanto, na maioria das situações, o sistema rotacionado é o mais recomendado, principalmente por proporcionar melhor controle da utilização do pasto, possibilitando o uso de maior taxa de lotação. Entretanto, nada impede que uma propriedade adote os dois sistemas para o manejo de suas pastagens. Em propriedades envolvidas com a atividade de cria, por exemplo, é recomendável que os piquetes maternidade sejam manejados sob pastejo contínuo, evitando a manipulação das vacas paridas e de suas crias. Em pastagens formadas com gramíneas de crescimento cespitoso (touceiras), o sistema de pastejo recomendado é o rotacionado.

No sistema de pastejo rotacionado, devem ser definidos os períodos de descanso e de pastejo, e o número de piquetes do módulo. O período de descanso (PD) deve ser estabelecido em função da gramínea forrageira predominante na pastagem (Tabela 4). Durante o período seco, quando o crescimento do pasto é mais lento, o período de descanso deve ser aumentado em 5 a 7 dias. O período de pastejo (PP) deve ter duração de três dias a uma semana. Períodos mais curtos implicam em aumento desnecessário no número de piquetes e, mais longos, em menor controle da utilização do pasto. O número de piquetes (NP) do módulo é função do período de descanso e do período de pastejo, sendo calculado com base na fórmula (). Para as condições do Acre, módulos constituídos por 5 a 8 piquetes são adequados para a maioria das situações.


Tabela 4. Períodos de descanso recomendados para o manejo das principais gramíneas forrageiras do Estado do Acre, sob pastejo rotacionado.

Gramíneas

Período de descanso

(dias)

Panicum maximum (Tanzânia, Mombaça e Massai)

28 – 35

Paspalum atratum (Pojuca)

28 – 35

B. brizantha (Brizantão e Xaraés)

28 – 35

B. decumbens (Braquiarinha)

24 – 30

B. humidicola (Humidicola)

21 – 28

Cynodon nlemfuensis (Estrela roxa)

21 – 28

A taxa de lotação é o número de animais ou de unidades animais (UA) por unidade de área da pastagem, geralmente expressa em cabeças/ha ou UA/ha. É a variável mais importante no manejo de pastagens, seja sob pastejo contínuo ou rotacionado. O uso de taxa de lotação superior à capacidade de suporte da pastagem implica em superpastejo, e o inverso em subpastejo, ambas as situações sendo indesejáveis. A capacidade de suporte da pastagem é função da produtividade (crescimento) do pasto, determinada principalmente pelo potencial produtivo da espécie forrageira, pela condição da pastagem (produtiva, em degradação ou degradada), pela disponibilidade de água e pela fertilidade do solo. A capacidade de suporte das pastagens é sempre menor durante o período seco, com a diferença entre as estações do ano sendo função da intensidade do período seco. Da mesma forma, pastagens recém-formadas possuem maior capacidade de suporte do que pastagens antigas não-adubadas, devido à maior fertilidade inicial do solo.

Portanto, não é possível fazer uma recomendação geral sobre as taxas de lotação a serem adotadas no manejo das pastagens do Acre. Mesmo dentro de uma propriedade, existem pastagens com maior e menor capacidade de suporte, que deverão ser manejadas com diferentes taxas de lotação. Apenas como parâmetro para comparação, as pastagens produtivas e manejadas sob pastejo rotacionado podem suportar 2 a 3 UA/ha, enquanto que pastagens pouco produtivas, grandes e sob pastejo contínuo suportam apenas 0,5 a 1,0 UA/ha. Para auxiliar no ajuste da taxa de lotação da pastagem manejada sob pastejo rotacionado, devem ser observadas as alturas do pasto na entrada e na saída do lote de animais dos piquetes (Tabela 5). Não há necessidade de acompanhamento “milimétrico” destas alturas; o simples monitoramento visual representa um guia prático para identificar a necessidade de aumentar ou diminuir a quantidade de animais do lote. O bom senso e o dia-a-dia ajudarão neste controle.

Tecnicamente, a estratégia mais recomendada para adequar o tamanho do rebanho à menor capacidade de suporte das pastagens durante a estação seca, é a programação do descarte de vacas e touros, e a venda de tourinhos, novilhas e bois gordos, ao final do período chuvoso. Entretanto, a viabilidade econômica desta estratégia dependerá do mercado, mas sabe-se que após a estabilização da moeda com o Plano Real, tem havido menor variação de preços entre os períodos de safra e entressafra.

Divisão das pastagens

A divisão das pastagens deve ser feita de modo a atender as necessidades de manejo para as diferentes categorias do rebanho, bem como para viabilizar o correto manejo das pastagens. Propriedades que trabalham com a atividade de cria necessitam de maior número de divisões, ou módulos de pastejo rotacionado, para abrigar as diferentes categorias do rebanho.

A forma e o tamanho das divisões são fatores importantes para o manejo das pastagens. Sempre que possível, e respeitando a topografia do terreno, deve-se evitar a divisão das pastagens em formas muito alongadas. Divisões deste tipo apresentam maior perímetro, resultando em maior gasto com cercas, além de prejudicar a distribuição mais uniforme do pastejo na área.


Tabela 5.
Alturas recomendadas para o manejo das principais gramíneas forrageiras do Estado do Acre, sob pastejo rotacionado.

Espécies ou variedades

Altura (cm) das forrageiras

Entrada

Saída

Panicum maximum    
Tobiatã e Mombaça

100-120

30-40

Tanzânia

90-110

30-40

Massai

50-60

15-20

Paspalum atratum (Pojuca)

50-60

15-20

Brachiaria brizantha (Brizantão e Xaraés)

40-45

15-20

B. decumbens (Braquiarinha)

30-35

10-15

B. humidicola (Humidicola)

25-30

8-12

Cynodon nlemfuensis (Estrela roxa)

25-30

8-12

Com relação ao tamanho das divisões, não existem resultados de pesquisa indicando seu tamanho máximo. Entretanto, sabe-se que em áreas com relevo mais acidentado e com espécies de crescimento cespitoso, o tamanho das divisões deve ser menor para que o pastejo seja mais uniforme. Como sugestão, o tamanho ideal das divisões é de até 30 ha, para pastagens manejadas sob pastejo contínuo, e de até 20 ha, para piquetes sob pastejo rotacionado. No caso do pastejo rotacionado, não se deve confundir o tamanho do piquete com o tamanho do módulo, que é o conjunto de piquetes de uma unidade de manejo.


Degradação de pastagens

A degradação de pastagens é, atualmente, o mais sério problema enfrentado pela pecuária no Estado do Acre. Suas principais conseqüências são a redução da capacidade de suporte da propriedade, o aumento do custo de produção, a descapitalização do produtor e o aumento da pressão por novos desmatamentos.

O problema da degradação de pastagens no Acre foi agravado a partir de meados da década de 90, com o surgimento da síndrome da morte do capim brizantão nos solos de baixa permeabilidade. As principais causas de degradação das pastagens do Estado são, em ordem decrescente de importância, a morte do brizantão, a superlotação das pastagens, o uso freqüente do fogo, a falta de adubação de manutenção nas pastagens mais antigas e o ataque de cigarrinhas-das-pastagens.

As soluções para o problema passam pela correção destas causas, com a substituição do brizantão por outras gramíneas mais adaptadas aos solos mal drenados, com o correto manejo das pastagens, com a reposição dos nutrientes limitantes à produtividade do pasto, com a introdução de leguminosas forrageiras para aumentar a disponibilidade de nitrogênio no sistema, com a abolição do uso do fogo como estratégia para limpeza das pastagens, e com a diversificação de forrageiras na propriedade. Atuar de forma preventiva, evitando a degradação das pastagens, é a estratégia técnica e economicamente mais eficaz.

Os coeficientes técnicos para diversas alternativas para recuperação e renovação de áreas degradadas e para a manutenção de pastagens são apresentados nas Tabelas A1 a A22, em anexo.


Reprodução                                                     Topo da Página

Melhoramento e manejo do rebanho

Seleção de fêmeas e reprodutores

Inicialmente todas as fêmeas deverão ser identificadas com ferro a fogo para facilitar o processo de seleção reprodutiva. A seleção será procedida por meio de diagnóstico de gestação, realizados por Médicos Veterinários, especialistas na área de reprodução, onde  são retiradas e encaminhadas para o abate as inservíveis para a processo reprodutivo. Esta seleção será baseada em graus de defeitos anatômicos e alterações patológicas do aparelho reprodutor. Além destes aspectos, são observados também a condição corporal, idade e defeitos hereditários ou adquiridos, que poderão comprometer o desenvolvimento reprodutivo e produtivo do rebanho no futuro. Deverão ser eliminados fêmeas com mais de 10 anos de idade.

As novilhas deverão ser cobertas ou inseminadas quando alcançarem  o peso  de 270 a 300 kg, o que ocorre normalmente em torno de 24 a 30 meses de idade.

Os reprodutores antes das estações de monta deverão ser avaliados suas   características fenotípicas de acordo com a raça, reprodutivas, estruturas anatômicas (prepúcio, pênis, testículos, epidídimo e órgãos genitais internos). Deverá ser realizado exame andrológico, com a coleta de sêmen através de eletroejaculador, verificando o volume, densidade, motilidade e vigor do material fecundante, correlacionando se possível os resultados com as medições de circunferência escrotal e a presença ou não da libido.

Recomenda-se utilizar reprodutores puros ou controlados na faixa etária de 2,5 anos de idade e que sejam oriundos de criatórios reconhecidos. A utilização no rebanho será na ordem de um reprodutor para cada 25 matrizes.

Após 3 anos de servir a um rebanho, os mesmos devem ser vendidos ou trocados para um outro lote de matrizes do rebanho, com a finalidade de evitar o processo de consangüinidade, caráter indesejável na exploração comercial de um rebanho. 


Estação de monta

Utiliza-se inicialmente uma estação de monta em torno de seis meses (julho a dezembro), reduzindo-se gradativamente em um mês por ano de implantação até padronizar para o período de três meses (julho a  setembro). Este sistema permite controlar os nascimentos em épocas mais oportunas para o desenvolvimento das crias, não ocorrendo parições dentro de uma outra estação de monta, possibilitando um controle mais efetivo sobre a taxa de mortalidade. A relação de touro e vaca será de 1:25.

Quando se utiliza a inseminação artificial em uma estação de monta, 15 dias após o término da inseminação das matrizes, as mesmas  serão colocadas para repasse com os reprodutores.


Cuidados com as matrizes após a estação de monta e as crias

Terminada a estação de monta, as matrizes serão colocadas em pastagem de melhor qualidade, com água e sal mineral a vontade para suprir com nutrientes as necessidades de sua mantença e melhoria na condição corporal, como também atender o desenvolvimento intra-uterino do bezerro. Após sessenta dias serão apalpadas e as matrizes com diagnósticos negativos, serão separadas do rebanho, colocadas para engorda e posteriormente serem encaminhadas para o abate.

As matrizes que apresentarem “amojos” por volta dos sete a oito meses, serão colocadas em maternidade para receberem melhor assistência  no momento do parto  e dispensar maiores cuidados as crias recém-nascidas.


Manejo produtivo
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Cuidados com as matrizes paridas e as crias nascidas

Diariamente será visitada a maternidade para verificar a parição das  matrizes paridas, corrigindo problemas que possam ocorrer como abortos, retenção de placenta, rejeição das crias por parte das vacas, bicheiras etc.

As crias serão pesadas ou não, as narinas deverão ser limpas para facilitar, extraindo-se o mecônio (resto de líquido amniótico) para facilitar a respiração. As crias deverão mamar o colostro no máximo até 12 horas do nascimento, sob pena de comprometer suas defesas orgânicas e seu desenvolvimento ponderal. Entre 15  e 30 dias do nascimento, caso seja necessário, as crias deverão ser descornadas com ferro a fogo.

Idade e época da desmama

As crias deverão ser apartadas aos 8 meses de idade, pesadas e serão destinadas a pastagem separadas em lotes de acordo com o sexos. A época da apartação poderá variar de acordo com o período da estação de monta estabelecida.

Marcação e castração

Na fase de aleitamento os animais poderão ser identificados com ferro a fogo  em três regiões anatômicas: o queixo direito (masseter), paleta direita e a perna esquerda. No queixo, será colocado o último algarismo do ano do nascimento e na paleta, o número do mês correspondente ao nascimento. A identificação do número da ordem do nascimento será ferrado na perna esquerda.

A perna direita ficará para ser utilizado em plantéis de seleção e o queixo esquerdo para ser utilizado pelos órgãos oficiais no controle sanitário do rebanho.

Os machos que se destinam ao abate, serão castrados obedecendo tradição da região, por volta dos 15 a 18 meses de idade, com burdizzo ou faca, como se fala costumeiramente na região. Para facilitar o manejo, eventualmente os mesmos poderão ser castrados antes da apartação.  

 Poderá ainda  ser adotado para identificação das crias, a aplicação de brincos na orelha ou tatuagem nos pavilhões auriculares (parte interna da orelha) das duas orelhas. Em um dos pavilhões, será tatuado com o número de seqüência de nascimento e no outro, com o número correspondente ao da mãe.    

Divisão do rebanho em categorias


A separação do rebanho em lotes de animais da mesma categoria é importante, pois além de facilitar o manejo bovino, contribui muito para uma melhor administração da propriedade.
Para a distribuição dos animais em lotes, deverá ser observado o tamanho e o número de pastos existentes na propriedade e o sistema  adotado no manejo das pastagens, se contínuo ou rotacionado. Esta observação é necessária, pois alguns pastos de melhor qualidade serão destinados as categorias em formação, como as dos bezerros, bezerras e novilhas em coberturas.
A existência de no mínimo de três pastos para cada categoria animal, o que proporciona períodos de pastejo de 21 a 28 dias e períodos de descanso de 42 a 56 dias no período chuvoso e seco, respectivamente.
Recomenda-se que o rebanho seja dividido zootecnicamente, no mínimo em seis categorias:
1.- Machos em recria (1 a 2 anos)
2.- Fêmeas em recria (1 a 2 anos)
3.- Vacas paridas
4.- Vacas secas e novilhas de 1 a 2 anos
5.- Machos em terminação
6.- Reprodutores em descanso e garrotes de reserva.
Os índices de produtividade atuais e a serem alcançados, serão apresentados na Tabela 6, distribuídos em sistema tradicional, melhorado e avançado.

Tabela 6. Coeficientes técnicos preconizados para os sistemas de produção tradicional, melhorado e avançado para rebanhos do Estado do Acre. 2002.

Coeficiente técnico

Sistema tradicional

Sistema melhorado

Sistema avançado

Capacidade de suporte

1,0

1,5

2,5

Taxa de natalidade

70%

80%

85%

Taxa de mortalidade (idade):

·         Bezerros

6%

4%

4%

·         Garrote

2%

1%

1%

·         Novilhos

1%

0,5%

0,5%

·         Matrizes

1%

0,5%

0,5%

·         Reprodutores

0,5%

0,5%

0,5%

Descarte (rebanho estabilizado)

15%

20%

20%

Idade do abate (meses)

42

36

30

Peso de abate (kg/peso vivo)

510

510

510

Peso à desmama – macho (kg)

160

180

200

Peso à desmama – fêmea (kg)

140

160

180

Relação touro/vaca

1:25

1:25

1:25

Para  cálculo da Unidade Animal (U.A), a fim de compor o rebanho, serão considerados os valores da Tabela 7.

Tabela 6. Valores de Unidade Animal (U.A) preconizados para categorias de animais para os sistemas de produção no Estado do Acre.
Categoria animal

Unidade Animal (U.A)

Bezerros  (até 1 ano de idade)

0,3 U.A

Garrotes (de 1 a 2 anos de idade)

0,5 U.A

Novilhos (2 a 3 anos de idade)

0,8 U.A

Matriz

1,0 U.A

Reprodutor

1,2 U.A

Mantendo-se o rebanho estabilizado em 1.000 matrizes, o rebanho existente será de 3.982, 4.334 e 4.546 animais, respectivamente, nos sistemas de produção tradicional, melhorado e avançado (Tabela 8).

Tabela. 8 Composição do rebanho estabilizado em 1.000 matrizes, nos sistemas de produção tradicional, melhorado e avançado.
Categorias

Sistema tradicional

Sistema melhorado

Sistema avançado

Cabeças

UA

Cabeças

UA

Cabeças

UA

Bezerros (até 1 ano)

700

    210

800

240

850

255

Garrotes (de 2 a 3 anos)

658

    329

768

384

822

411

Novilhos (de 3 anos a reprodução)

645

    516

760

608

814

651

Fêmeas descartadas (vacas)

150

    150

200

200

200

200

Fêmeas excedentes 

169

    169

178

178

205

205

Machos para abate

320

    320

378

378

405

405

Matrizes     1.000   1.000     1.000   1.000    1.000   1.000
Touros         40       48          40       48        40       48
Total    3.682  2.742    4.124  3.036   4.336  3.175

Mantendo-se os rebanhos acima citados estabilizados, serão necessárias as seguintes áreas de pastagem:
· Sistema tradicional – serão necessários 2.742 ha de pastagem/ano;
· Sistema melhorado – serão necessários 2.024 ha de pastagem/ano; e,
· Sistema avançado –  serão necessários 1.271 ha de pastagem/ano.
Considerando os sistemas de produção  tradicional, melhorado e avançado descritos anteriormente, e mantendo-se o rebanho estabilizado em 1.000 matrizes, a venda anual será, respectivamente, de 676, 839 e 893 animais para abate ou reprodução (novilhas Nelore) (Tabela 9).

Tabela 9. Produtos oriundos dos rebanhos estabilizados e destinados a venda para abate ou reprodução, nos sistemas de produção tradicional, melhorado e avançado.
Produtos oferecidos por ano

Sistema tradicional 2002

Sistema melhorado

Sistema avançado

Fêmeas descartadas (vacas)

150

200

200

Touros descartados*

  6

  13

  13

Fêmeas excedentes para reprodução ou abate

169

178

205

Machos para abate

320

378

405

Total

645

769

823


Sanidade                                                     Topo da Página

Cuidado com as crias

O umbigo será cortado a 2 a 4 cm do abdômen, curado com tintura de iôdo glicerinado a 10% e aplicado por via subcutânea 1 ml de produto a base de ivermectina.

Vacinação

Para aplicação das vacinas, é importante que sejam obedecidas as recomendações dos fabricantes em relação as diluições, dose, principio ativo e vias de aplicação para não ocorrer erros de acidentes medicamentosos.

Vacina contra pneumoenterite ou paratifo dos bezerros

Aplicar 2 mL por via subcutânea nas matrizes no oitavo mês de gestação  e nas crias aos 15 dias de nascidas. 

Vacina contra febre aftosa

Vacinar de seis em seis meses (maio e novembro) todas os animais independente de idade, com 5 mL por via subcutânea, obedecendo o calendário do Programa de Combate a Erradicação da Febre Aftosa do Estado.  

 Vacina contra raiva

Quando existir foco, aplicar 2 mL por via intramuscular em animais acima de três meses de idade repetindo anualmente.

Vacina contra brucelose

As fêmeas na idade de 3 a 8 meses serão todas vacinadas com 2 mL por via subcutânea, utilizando-se a B-19. Esta vacina só poderá ser aplicada sob a supervisão do Médico Veterinário. Todas as fêmeas serão identificadas com V no queixo esquerdo, acompanhado com o último número do ano da realização da vacinação.    

Exames de brucelose

Examinar anualmente matrizes e  reprodutores contra brucelose eliminando para abate os animais reagentes. Caso apresente matrizes com reação positiva nas faixas de produção entre até dois meses de parição ou dois meses antes da parição, efetuar nova prova sorológica para definição da eliminação. Na aquisição de novas animais, só introduzir no rebanho novos animais, após realizar exames de brucelose e obedecer um período de quarentena.    

Vacina contra carbúnculo sintomático

Vacinar como 2 mL, por via subcutânea, todos animais independentes de sexo, na faixa de idade de 3 a 8 meses e será realizada uma segunda aplicação de reforço com 12 meses de idade.

Cuidados com as vacinas e aplicação

As vacinas devem ser conservadas em geladeiras a uma temperatura de 2º C e 8º C  e no momento da aplicação, devem ser conservadas em isopor com gelo e ser colocada à sombra para proteger da ação dos raios solares. Além destes aspectos, não devem ser colocadas no congelador, ser homogeneizadas antes de abastecer as pistolas de aplicação e, ao adquiri-las, observar o prazo de validade das mesmas.

Vermifugação

Aplicar em todos animais até dois anos de idade um vermífugo de largo espectro, aplicando o controle estratégico de três doses no período seco, com intervalos e 14 a 21 dias e uma dose na entrada das águas. Os animais acima desta faixa de idade efetuar desverminação quando surgirem sintomas de verminose e de preferencia com produtos comercialmente de menor custo aquisitivo.

Combate a ectoparasitos

Os ectoparasitos serão combatidos na forma de pulverizações ou “pour on” (aplicação dorso lombar), nas dosagens  recomendadas pelos fabricantes. Não mudar a forma de aplicação de um produto com o mesmo nome comercial e de princípios ativos iguais ou semelhantes, que é recomendado para ser utilizado em pulverização para a forma de “pour on”, pois poderá causar mortes dos animais. Sempre que se apresentar processo de resistência dos carrapatos aos carrapaticidas, efetuar mudança de princípio ativo do produto.

 
Conforto térmico do rebanho

A presença de árvores nas pastagens, fornecendo abrigo e sombra aos animais, é um fator muito importante para garantir o conforto térmico do rebanho, principalmente para os animais resultantes de cruzamento industrial. Estudos têm indicado a possibilidade de aumentos no desempenho animal na faixa de 10% a 20%, em função da presença de árvores nas pastagens. Até mesmo o nelore, adaptado ao clima quente e úmido da região, procura a sombra de árvores nas horas mais quentes do dia.

O ideal é que existam árvores espalhadas pela pastagem, evitando a concentração do rebanho, e de seus excrementos, em um único local, o que traria prejuízos para o processo de ciclagem de nutrientes na pastagem. As árvores podem ser de ocorrência natural ou plantadas, devendo-se dar preferência a espécies leguminosas, que contribuem para o enriquecimento da pastagem em nitrogênio, e que possuam copa pouco densa, para evitar o sombreamento excessivo do pasto crescendo sob a copa das árvores.

No Acre, espécies tais como a baginha (Stryphnodendron guianense), o bordão-de-velho (Samanea sp.) e a timbaúba (Enterolobium maximum) possuem características adequadas para a arborização de pastagens. O efeito positivo da presença destas árvores nas pastagens da região tem sido demonstrado por estudos que evidenciaram aumento de 17% no estoque de nitrogênio total no solo sob a copa das árvores, em relação à área adjacente sem árvores, bem como aumento de 50% no teor de proteína bruta nas folhas das gramíneas crescendo sob a copa das árvores (Andrade et al., 2002).

Mineralização do rebanho

A mineralização do rebanho é uma prática que não pode ser negligenciada, sob pena de comprometer todo o investimento feito em melhoramento genético, sanidade e em formação e manejo das pastagens. Não deve ser considerada como um gasto, mas como um investimento de retorno garantido.

No Acre, assim como em todas as regiões tropicais do Mundo, a suplementação mineral é necessária para corrigir as carências de alguns elementos, cujos teores no pasto geralmente são insuficientes para suprir a demanda dos animais em pastejo.

Uma mistura mineral de qualidade deverá estar disponível aos animais durante todo o ano, em cochos cobertos, distribuídos estrategicamente dentro da pastagem.

Recomenda-se não colocar quantidade excessiva da mistura mineral no cocho, renovando-a freqüentemente. Deve-se garantir um mínimo de 1,0 m linear de cocho para cada 50 animais, e considerar que cada animal adulto consome diariamente de 60 a 70 g de mistura mineral. Caso se decida por preparar a mistura mineral na propriedade, a formulação recomendada para as regionais Alto e Baixo Acre é mostrada no Tabela 10. Outras misturas minerais disponíveis no mercado também já foram preparadas com base em estudos da disponibilidade de nutrientes em diversos tipos de solos com diferentes espécies forrageiras nas em propriedades de pecuária bovina do Acre.

É importante consultar um técnico especializado para a aquisição no mercado da mistura mineral mais adequada atender as diferentes categorias animais no período chuvoso e seco. Caso haja o interesse em preparar misturas minerais específicas para a propriedade, e essencial que o produtor seja orientado por um técnico especializado.

Tabela 10. Fórmula mineral1 para gado de cria nas regionais Alto e Baixo Acre.

Ingredientes

Kg

Fosfato bicálcico

  42,278

Sulfato de zinco

    2,095

Sulfato de cobre

    0,597

Sulfato de cobalto

    0,046

Iodato de potássio

    0,019

Sulfato de ferro

    0,476

Sulfato de manganês

    0,297

Óxido de magnésio

    1,585

Enxofre em pó

    1,189

Cloreto de sódio

  51,418

Mistura mineral

100,000

1 Fórmula mineral elaborada pelo pesquisador Júlio César de Souza, da Embrapa Gado de Corte, em 1983, com base em estudos sobre os níveis de nutrientes no solo, nas pastagens e em tecidos de animais nas condições ambientais do Acre.

 

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