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Safra de cana deverá vir com maior renda

01/04/10 – A nova safra de cana-de-açúcar deverá gerar o recorde de 596 milhões de toneladas na região centro-sul. Se confirmado, esse volume supera em 10% o da colheita que se encerrou.

Os dados são da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), que prevê uma safra mais rentável para produtores e usinas neste ano. Na avaliação de Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da entidade, a demanda por álcool deve continuar firme e os preços não recuam tanto como em 2009.
O açúcar perdeu força e caiu no mercado internacional nas últimas semanas, mas na renovação de contratos deste ano as usinas conseguiram um patamar de preço bem melhor do que o de 2009, diz Padua.
A safra de 2010/11 mostrará, mais uma vez, aumento na participação do açúcar na moagem da cana, mas com evolução menor do que em 2009/10. Do total de cana a ser moído, 57% vão para álcool e 43% para açúcar.
Com isso, a produção de açúcar sobe 19%, para 34,1 milhões de toneladas, e a de álcool vai a 27,4 bilhões de litros -aumento de 16% em relação à anterior.
A safra atípica de 2009 não deve se repetir neste ano, mas um dos problemas será o envelhecimento do canavial, o que torna a safra menos produtiva.
Enquanto a cana de um ano e meio -que tem volume menor neste ano- rende 110 toneladas por hectare, a de quinto corte -que tem área maior- produz apenas 70 toneladas.
Mas o aumento da qualidade da cana e a entrada em operação de dez novas unidades industriais garantirão a elevação da produção, diz Rodrigues.
A produção de açúcar aumenta 5,5 milhões de toneladas nesta safra, enquanto as exportações sobem 3,3 milhões. A produção de álcool cresce 3,7 bilhões de litros, com exportações de 1,8 bilhão de litros.
O grande mercado do álcool é o interno, diz Padua. Em março de 2011, a frota de carros flex deve atingir quase a metade -49%- dos veículos em circulação no país. Com isso, as vendas médias mensais de álcool sobem para 2,1 bilhões de litros.
A renda de 2009/10 não agradou aos produtores. O Consecana mostrou o valor médio de R$ 46,40 por tonelada, ante custo de R$ 52, incluída a depreciação, diz Ismael Perina Júnior, presidente da Orplana.

Mauro Zafalon
Fonte: Folha de S. Paulo