RAÇA CARACU

496_animalgGeneralidades

A raça caracu é descendente direta dos animais dos troncos Bos tauros, ibéricos e os Bos tauros aquitanicus, basicamente trazidos para o Brasil pelos colonizadores portugueses. A primeira entrada destes animais ocorreu em 1534 em São Vicente (SP).
Foram criados durante vários séculos enfrentando todos os tipos de dificuldades como alimentação escassa, doenças, clima forte e parasitas. Esta pressão de seleção natural moldou os animais chamados crioulo (nativos), destes foram separados os de pêlo amarelo e, daí formado o caracu. Em 1909 formou-se o posto de seleção de raças nacionais caracu e mochos nacional em Nova Odessa (SP) e em 1916 foi fundada a Associação Brasileira de Criadores de Caracu (ABCC).
Em franca expansão no Brasil, conta com uma população de 50.000 cabeças (animais puros), esta raça contribui intensamente na produção de carne e leite e apresenta crescimento expressivo nas regiões centro e centro-oeste do país, sendo multo utilizada para cruzamento com zebuínos.

Características

O que mais chama a atenção na raça, por ser de origem européia, é a extraordinária adaptação ao clima tropical e sub tropical. A seleção natural provocou modificações anatômicas e fisiológicas que lhe proporcionaram as características a seguir:
– pelo curto;
– resistência ao calor;
– resistência a endo e ectoparasitos;
– facilidade de locomoção (bons aprumos);
– cascos resistentes, tanto para duros quanto encharcados;
– umbigo curto e sem prolapso prepúcio;
– capacidade de digerir fibras grosseiras;
– facilidade de parto.

A raça caracu é de dupla aptidão (carne x leite) e pode ser aproveitada por suas potencialidades em sistemas de produção, revertendo investimento em bons lucros.

Padrão da raça

– Pêlo: curto e inclinado, pelagem nos vários tons de amarelo, sem pêlos pretos ou manchas brancas;
– aprumos: bons, apresentando facilidade de locomoção;
– cascos: resistentes, tanto para solos duros quanto encharcados; são claros avermelhados ou rajados;
– umbigo: curto e sem prolapso de prepúcio;
– chifre: alaranjado, com saídas para os lados;
– orelhas: pequenas;
– estrutura: longilínea; linha do dorso plana, com pequena inclinação na garupa;
– prepúcio: curto;
– vassoura do rabo: amarela;
– mucosa: alaranjada.

Cruzamento industrial

A raça é muito usada para cruzamento, vacas com sangue zebu nas áreas de criações extensivas. Sendo puro produz um mestiço com alto grau de heterose na cruza com vacas zebuínas (Bos taurus indicus). Os resultados têm sido animadores, pois competem em igualdade com raças especializadas em qualidade e produtividade de seus mestiços. Leva vantagem principalmente nas áreas de baixa tecnologia, pois seus touros cobrem naturalmente em regime de campo, facilitando o manejo; além do baixo custo de implantação e manutenção do sistema de produção de cruzados industriais.
Boa produtora de leite, suas filhas F1 (1/2 sangue) são férteis e possuem excelente habilidade materna. Como possuem 100% de adaptação podem ser usadas com uma terceira raça, que poderia ser uma zebuína ou uma européia, e com condições de desmamar um bezerro pesado a campo. Também utilizados em cruzamentos rotacionais com raças leiteiras, tem a função de introduzir nos rebanhos rusticidade sem a queda brusca na produção de leite.

Ganho de peso

Em regime exclusivo de pasto, o peso médio das vacas está em torno de 550 a 750 kg. Os touros pesam ao redor de 1.000 kg a 1.200 kg. Aos dois anos as novilhas atingem cerca de 400 kg, alguns animais chegam a pesar 500 kg. Os bezerros de um ano atingem uma média de 300 kg, devido à boa habilidade materna das matrizes e nascem relativamente pequenos, pesando em média 30 kg, só depois ganhando peso, facilitando o trabalho de parto.
Por ser um gado de dupla aptidão, a produção em rebanhos de seleção leiteira está em torno de 2.100 kg/lactação (inclui novilhas de primeira cria); em regime de pasto com pequena suplementação, existem casos que a produção de leite chega a 5.000 kg/lactação. A fêmea caracu produz leite com alto teor de gordura, em torno de 5%, e um extrato seco também elevado, sendo um alimento rico e excelente para fazer manteiga e queijos.
Em trabalho feito na Usina Vale do Rosário, Orlândia (SP) utilizou-se animais terminados em 112 dias de confinamento, divididos em 4 grupos: nelore (usado como testemunha); cruzado industrial (composto de F1, angus, simental, marchigiana, limousin, e angus); cruzado leiteiro (composto de animais mestiços de gado leiteiro); F1 caracu.
No desempenho de peso vivo, com 112 dias de confinamento, o caracu teve bom ganho de peso e conversão alimentar Na avaliação de carcaça com animais acabados, também apresentou bom desempenho quanto a rendimento de carcaça, acabamento, percentagens de ossos, área de olho e de lombo e maciez (quanto menor o índice, maior a maciez).
“Cresce o interesse dos pecuaristas pela criação do caracu também em climas temperados, pois seus mestiços com raças européias tem mostrado um bom ganho de peso e boa carcaça, introduzindo no rebanho rusticidade, resistência a ectoparasitos e capacidade de digerir fibras grosseiras, encontradas em pastos de baixa qualidade nutricional”, afirma a ABCC.

Melhoramento genético

Vários criadores avaliam as DEPs -Diferenças Esperadas na Progênie -dos animais para dar seqüência ao trabalho de seleção. Exemplos: Fazenda Chiqueirão (Poços de Caldas/ MG) e Fazenda São Francisco (Bambui/MG) fazem levantamento de DEP para leite e para peso; Fazenda Aurora (Santa Cruz das Palmeiras/SP), Fazenda Mariópolis (Itapira/SP), entre outras fazem o levantamento de DEP para peso. O cálculo das DEPs são elaborados pelos criadores, com programas e técnicos auxiliando-os para este fim. A Associação Brasileira de Criadores de Caracu atualmente com sede na cidade de Palmas(PR) responde pelo avanço tecnológico da raça, bem como pelo sucesso nos programas de melhoramento genético.