A Caprinovinocultura aposta em ano positivo
A caprinovinocultura no Brasil está em pleno processo de expansão, com potencial para em médio prazo atingir os patamares da Nova Zelândia – um dos maiores produtores e líder mundial de consumo da carne.
Segundo Robson Leite, presidente do Grupo Savana, que comercializa carne de cordeiro no País, de janeiro de 2009 a janeiro de 2010, as redes varejistas de supermercado aumentaram a aquisição do produto. O Sonda elevou suas aquisições em 8.000%; o Macro, em 3.000%; e o Mambo, em 1.200%.
“Estamos otimistas em relação ao setor em 2010. A carpinovinocultura cresce a cada ano e ainda temos muito espaço para crescer, já que ainda não produzimos o suficiente sequer para abastecer o mercado interno”, afirma Alaíde Quércia, proprietária da Cabanha Dorper Top da Raça.
Dentro deste contexto otimista para o segmento brasileiro, a maior Feira Internacional de Caprinos e Ovinos (Feinco), que começa hoje e termina no dia 13, em São Paulo, deve avançar 15% sobre o registrado no ano passado. Em 2009, os leilões da Feinco movimentaram mais de R$ 10 milhões. As informações são de Décio Ribeiro, diretor da Agrocentro Feiras e Exposições, responsável pela organização do evento.
Até o próximo dia 13, a Feinco deve receber, no Centro de Exposições Imigrantes, mais de 30 mil visitantes, abrigar mais quatro mil animais de 20 raças diferentes, receber 180 empresas e mais de 250 criadores. “Até agora já temos dez leilões confirmados, e a presença de produtores de toda a América Latina, Austrália, Nova Zelândia, África do Sul, França e Canadá”, adianta o diretor.
“A Feinco representa bem o peso deste segmento na economia nacional, aumentando a cada ano o número de criadores e de visitantes e proporcionando a oportunidade de excelentes negócios”, diz Alaíde Quércia.
Segundo Ribeiro, dos 30 mil metros quadrados no ano passado, o evento saltou para 50 mil metros quadrados este ano, dos quais 40 mil são de área coberta.
Atualmente, os principais estados produtores no Brasil são os do nordeste e os do sul. “No nordeste é tradição: desde antes de Lampião criar, cabrito já era bom negócio”, afirma Ribeiro.
Para o diretor, todos os estados do País têm potencial para crescer. “São Paulo está expandindo muito”, comenta.
“Além de lucrativa, a criação de Dorper adapta-se a pequenas, médias e grandes propriedades. Trata-se de uma atividade que tem atraído o interesse tanto de pessoas que já estão no agronegócio como das que desejam iniciar “, afirma Alaíde Quércia.
Como incentivo para o setor, no estado, o Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista, da Secretaria de Financiamento ao Pequeno Produtor disponibiliza, durante a feira, um teto de financiamento de até R$ 100 mil, com prazo de pagamento de até sete anos, com até dois anos de carência. Os juros são de 3% ao ano.
Segundo Kátia Maria Gianinni, técnica do Fundo, os itens financiáveis são aquisição de matrizes, desde que atenda às exigências sanitárias, melhora de infraestrutura, de acordo com projeto técnico. “Estaremos no estande da Secretaria de Agricultura, mas os produtores podem acessar o crédito na Casa da Agricultura de seu município”, informa.
Toda essa estimativa de expansão da caprinovinocultura no Brasil, segundo Leite, vem em bom momento, já que o Uruguai, maior fornecedor do produto ao País, que responde até o momento por 98% da carne que entra no Brasil, voltou suas exportações ao mercado americano e chinês. “Com a abertura de importação dos EUA, o Uruguai conseguiu elevar em 100% os preços”, diz.
Dados do Grupo Savana apontam que em janeiro de 2009 o quilo da carne de cordeiro uruguaio custava US$ 1,43. Este ano, passou a US$ 2,78. “A China está comprando todas as costelas, o resto vai para os americanos”, afirma.
No Brasil, os preços, segundo Leite, estão em alta e interessantes aos produtores. O quilo da carcaça está cotado a R$ 8,50 e do vivo a R$ 4,20. “Se compararmos ao preço do boi, seria o equivalente a R$ 120 ou R$ 130 a arroba.”
O Brasil, segundo Ribeiro, importa 50% da carne de cordeiro consumida no País. “Temos demanda e capacidade de produção. Está na hora de o governo acordar e investir no setor. Podemos nos igualar à Nova Zelândia”.
09/03/2010
Fonte:DCI
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