ADÉZIO MARQUES, PRESIDENTE DO CEISEBR:“TEMOS QUE NOS PREPARAR PARA AS NOVAS TECNOLOGIAS, MUDANÇAS ESTRUTURAIS NO SETOR E ABERTURA DE NOVOS MERCADOS
Com apenas 26 anos, Adézio Marques assumiu, pela primeira vez, a presidência do Centro das Indústrias de Sertãozinho (Ceise). O setor sucroenergético vivia a transição e os efeitos da crise que se originou em 1997 com a desregulamentação do setor sucroenergético. Terminou seu mandato e o entregou ao seu sucessor com a certeza de ter cumprido sua missão.
Se retirou para cumprir um ‘período sabático’ dedicado integralmente às suas empresas (Camaq e duas usinas, uma em Santo Anastácio, no interior de São Paulo e na região de Araçatuba e a outra em Guaxupé, sul de Minas).
No ano passado, um grupo formado por empresários, dentre os quais todos os ex-presidentes do Ceise – a exceção de apenas um que apoiava a chapa situacionista – o conclamou para que fosse o cabeça da chapa de oposição.
A chapa venceu e Adézio Marques voltou a presidir o Ceise que, de entidade que representava os empresários das indústriais de Sertãozinho fora transformado em ‘Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroalcooleiro e Energético’.
Por sugestão de Tarcisio Ângelo Mascarim, ex-presidente da Dedini e atual presidente do Simespi de Piracicaba, Adézio Marques está viabilizando o projeto para criar o sindicato patronal das indústrias metalúrgicas, mecânicas, de material elétrico, eletrônico, siderúrgicas e fundições de Sertãozinho, Ribeirão Preto, Batatais e Orlândia.
O sindicato patronal era um já antigo anseio dos empresários locais pois atualmente eles estão associados ao Sindimaq, que reúne vários setores de produção com contextos diferenciados. Nas últimas negociações salariais, por exemplo, os índices aprovados pelo Sindimaq sempre foram superiores aos do Simpespi de Piracicaba, tirando parte da competividade das indústrias sertanezinas.
NOVO FOCO
O foco agora será transformar o CeiseBr numa entidade vigorosa e disposta a apoiar os produtores e fornecedores da cadeia produtiva sucroenergética e abrindo espaço para o novo mercado que os derivados da cana estão criando como a alcoolquímica, diesel renovável e combustível de aviação.
Se cabe à União da Indústria da Cana de Açúcar – Unica falar em nome dos usineiros e à Organização dos Plantadores de Cana da Região Centro Sul – Orplana falar em nome dos fornecedores de cana, o objetivo agora é transformar o CeiseBr no interlocutor das empresas de bens de capital, máquinas e equipamentos, insumos, serviços e tecnologia.
Adézio Marques já se reuniu com Ismael Perina Junior, presidente da Orplana para discutir estratégias e ações conjuntas. O próximo passo será incluir nestas conversas Marcos Jank, presidente da Unica. “Como, além de ser empresário do setor metalúrgico também sou usineiro e produtor de cana, fica mais fácil compreender melhor as demandas e os gargalos destes setores. E, se reivindicarmos juntos aos vários níveis de governo em nome da cadeia produtiva, nossos pleitos terão muito mais consistência e força”, explica Adézio.
No final do ano passado, em reunião promovida na sede do CeiseBr, em Sertãozinho, com o secretário de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Manoel Bertone, Adézio Marques pela primeira vez falou deste seu projeto e ficou sabendo que há tempos o governo federal procurava esta interlocução.
“Fica muito difícil para nós, do governo, negociarmos com empresas isoladas, pois preferimos fazê-lo em forma setorial. Esta proposta vem em boa hora e atende aos nossos objetivos”, disse Bertone. Ficou definido na reunião que a partir de agora, todas as missões estrangeiras que vierem ao nosso país ou mesmo as brasileiras que forem ao exterior para promoverem o etanol, contarão com representantes do CeiseBr e a entidade passa a integrar a Câmara de Agroenergia e Biocombustíveis do Ministério da Agricultura.
Novos comitês, além dos já existentes, devem ser criados. Dentre eles, os de alcoolquímica, bioeletricidade e energias renováveis, biocombustíveis, máquinas e implementos agrícolas, TI & Gestão, logística, transporte, bancos/seguros, políticas públicas, comunicação, eventos e marketing, ensino, área internacional.
NOVOS MERCADOS
Adézio Marques não quer limitar as ações do CeiseBr apenas aos setores que fornecem às usinas sucroenergéticas. “Estamos atentos e acompanhando as mudanças que estão ocorrendo no setor e a alcoolquímica, bem como o diesel renovável e combustível de aviação a partir da cana, ganham um importante espaço e necessitam de políticas públicas para avançar. Queremos atrair ao CeiseBr estas empresas e criar comitês que discutam especificidades destes setores”.
A criação de um grande e importante centro de pesquisas em Sertãozinho já está em fase de viabilização e conta com o apoio institucional da USP, da UFSCar, do Senai e da Prefeitura Municipal. Várias instituições de renome no exterior já manifestaram interesse em desenvolver parcerias com este centro de pesquisas.
Há poucos dias o atual secretário do Desenvolvimento, ex-governador e pré-candidato ao Governo do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, veio a Sertãozinho para destinar R$ 350 mil para este centro de pesquisas. O Arranjo Produtivo Local Metal Mecânico ganha corpo, importância e os primeiros resultados já podem ser vistos, com destaque para o Metaltec, projeto inovador desenvolvido em parceria com o Sebrae, já reúne 18 pequenas empresas que farão compras em conjunto.
A criação da UniCeise, universidade corporativa do setor sucroenergético, está em andamento. A coordenação é do prof. Alberto Matias, que implantou a FEA USP em Ribeirão Preto, que lidera o ranking das melhores faculdades de economia e administração de empresas do país. Ele é também o presidente do INEPAD, instituto de ensino que tem como clientes empresas como o Banco do Brasil, Banco Central, Coca Cola, Dupont, Siemens e IBM, dentre outras.
Segundo o prof. Alberto Matias, a UniCeise oferecerá cursos de qualificação no Brasil e no exterior, com ênfase nas novas fronteiras agrícolas que se abrem para a agroenergia, os biocombustíveis e as energias renováveis.
Um “road show” de empresas associadas ao CeiseBr está sendo organizado para percorrer os países da América Latina e também da África, potenciais fantásticos mercados para a implantação de plantas industriais que, a partir da cana, produzem açúcar, etanol, bioeletricidade, alcoolquímica, diesel renovável e combustível de aviação. “É inegável e reconhecido que temos a melhor tecnologia. Queremos fincar a bandeira brasileira junto a todo e qualquer projeto de produção de agroenergia, biocombustíveis e bioeletricidade no mundo”, diz Adézio Marques.
FENASUCRO/AGROCANA
Para o final de agosto e início de setembro, época da tradicional edição da Fenasucro/Agrocana, Adézio Marques promete uma novidade: “Junto com as feiras, que são as mais importantes e maiores do mundo do setor sucroenergético, vamos promover vários seminários para discutir tendências e cenários para os já tradicionais mercados (cana, açúcar, etanol e bioeletricidade) e também os novos (alcoolquímica, diesel renovável, combustível de aviação)”, anuncia.
E mais outra importante novidade: “Juntos com os outros elos que formam a cadeia produtiva sucroenergética queremos promover um debate com os candidatos à sucessão do presidente Lula, ouvir quais as propostas que eles têm para o setor e conseguir deles um compromisso com as nossas reivindicações”.
“Não adianta ficar esperando, temos que ser pró-ativos e marcar território. O apoio político é fundamental, haja vista os resultados que tivemos nos anos do governo FHC, que foram muito ruins para o setor e as mudanças que vieram com o governo do presidente Lula, muito mais afinado com os nossos interesses. Já formalizamos convite para que o presidente Lula nos prestigie na próxima Fenasucro/Agrocana e caso sua agenda o permita, queremos fazer uma grande homenagem a ele que foi o presidente que mais defendeu o nosso setor”, conclui (Revista Visão da Agroindústria, edição março/2010)