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Argentina toma Fôlego

 

Após seca do ano passado, país colhe safra recorde. Retomada argentina acirra disputa internacional e vai exigir mais do Brasil na queda-de-braço pelas exportações

Buenos Aires, Argentina – Depois da seca que reduziu quase à metade a produção de grãos da Argentina no ciclo 2008/09, o país não apenas se recupera do tombo como se supera na temporada atual. Pela primeira vez, a produção de verão vai ultrapassar a marca das 70 milhões de toneladas, quase 30 milhões a mais que no ano anterior e 3 milhões acima da temporada 2006/07, recorde até então. Na safra 2009/10, serão 52,2 milhões de toneladas de soja e 20,2 milhões de toneladas de milho, apurou a Expedição Safra RPC, que na semana passada acompanhou o início da colheita nas três principais províncias produtoras do país: Buenos Aires, Santa Fé e Córdoba.

A retomada da produção na Argentina acirra ainda mais a disputa no mercado internacional de grãos. Junto com Brasil e Paraguai, os argentinos elevam a safra sul-americana de soja para mais de 125 milhões de toneladas. O desempenho, praticamente consolidado, aumenta também o excedente exportável para mais de 90 milhões de toneladas no Cone Sul. O volume da região soma-se às 91 milhões de toneladas que segundo o USDA foram colhidas neste ciclo nos Estados Unidos e resulta numa superoferta mundial da oleaginosa. Os norte-americanos exportam em torno de 50% da sua safra.

O potencial da soja no vizinho do Mercosul ainda depende do comportamento do clima em abril, quando se intensifica a colheita. Chuvas excessivas podem prejudicar o rendimento das lavouras nas áreas mais ao Sul do cinturão de produção, em fase de desenvolvimento, e também nos campos ao Norte, em ponto de colheita. Do milho, vem a surpresa. Beneficiado pelas chuvas na medida e no tempo certo, o resultado é “surpreendente”, afirmam técnicos e produtores argentinos ouvidos pela Expedição.

“A previsão inicial era colher entre 17 e 18 milhões de toneladas, mas o milho vai superar 20 milhões de toneladas. A safra de soja certamente será recorde, mesmo que o clima continue chuvoso nas próximas semanas”, afirma Marcelo Yasky, coordenador do setor de estatísticas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Pesca da Argentina (MinAgri). As colheitadeiras passaram por 5% das áreas de milho e apenas começam a entrar nas áreas de soja.

Juan Trossero, produtor de grãos em Clarke, na província de Santa Fé, uma das regiões onde a safra está mais adiantada, não esconde a satisfação com os resultados obtidos até agora. Ele começou a colheita da soja na semana passada e espera rendimento 60% maior neste ano. Os primeiros talhões coletados estão rendendo em média 4,2 mil quilos por hectare. “Mas isso deve cair nas próximas semanas porque a previsão é de chuva”, diz. Ele espera fechar a temporada com média de 4 mil quilos por hectare, contra 2,5 mil quilos no ano passado.

No milho, ele confirma uma recuperação ainda mais espantosa. A colheita foi iniciada no final de fevereiro e concluída há duas semanas. Em média, rendeu a Trossero 12,2 mil quilos por hectare, três vezes mais que no ciclo anterior. “A chuva fez muito bem para o milho. Vai ser difícil colher outra safra assim. Geralmente, com clima bom, fecho com média de 8 mil quilos por hectare”, conta.

Na Argentina

Na semana que rodou pela Argentina, a Expedição visitou produtores, cooperativas, portos e órgãos oficiais de pesquisa e estatísticas. Na ExpoAgro, em Baradero, numa parceria com a New Holland, a equipe participou de uma conferência de imprensa com jornalistas sul-americanos, onde apresentou o projeto e dados sobre o balanço da safra 2009/10 e as perspectivas do agronegócio mundial.

09/03/2010

Fonte:Gazeta do Povo – Luana Gomes e Giovani Ferreira