PLANTIO DO ALGODÃO
Em se tratando de uma cultura mais tecnificada, diversas práticas agronômicas estio quase definitivamente consagradas.
Pequenas dúvidas existentes não são de molde a causar preocupações aos lavradores, mas são apenas detalhes que serão equacionados no devido tempo, através de experimentações que continua sendo feita.
Preparo do solo
Na cultura do algodão, o preparo do solo deve ser feito com capricho, pois ele é importante para a germinação, para o desenvolvimento e para os cultivos. Quando a terra vem sendo ocupada há anos consecutiva com a mesma cultura, geralmente o solo se encontra em boas condições de receber a aração, pois a destruição das anteriores soqueiras de algodão deve ter sido feita em junho/julho e ainda não houve tempo para desenvolvimento de nova vegetação. Nesse caso, uma aração deve ser suficiente; recomendam-se duas arações em terreno muito praguejado de ervas daninhas. Mais de duas não se justifica. Uma a duas gradeações é suficiente. Há lavradores que tem por hábito fazer quatro, cinco ou mais gradeações; isto é contra-indicado, pois o terreno não deverá ficar pulverizado superficialmente.
A profundidade normal de aração é de 30 cm, mesmo porque, a grande maioria das raízes do algodoeiro, assim como toda adubação, fica nos 20 cm, superiores do solo. Numa terra que vem sendo cultivada continuadamente é recomendável, a cada 5 anos, fazer uma aração mais profunda; a finalidade desta é romper uma espécie de crosta que se vai formando na profundidade de 30 cm. do terreno, em virtude da continua aração anual com tal profundidade. O rompimento desta crosta dará maior movimentação de ar e de água nesse solo.
Quando a gleba foi anteriormente ocupada com outra cultura, é aconselhável, antes da aração, passar um rolo-faca ou uma grade de discos, a fim de favorecer o apodrecimento dos restos de cultura existentes.
Nas pastagens, com o fito de melhorar a decomposição do capim, aconselha-se preliminarmente, fazer uma aração rasa, seguida de uma gradeação.
Quando o terreno é recém desbravado, em terras de mata ou capoeira, após a derrubada, se usar o fogo para queima da galhada o algodão deve ser precedido, pelo menos de 1 ano, por outra cultura, como o milho, por exemplo.
Uma gradeação ou talvez duas quando o terreno estiver com intensa sementeira às vésperas da semeação, são suficientes. O importante é que a gradeação a ser feita após a aração o seja logo em seguida, para que o destorroamento seja mais perfeito.
Época de plantio
A influência do tempo é de grande importância na produção, tanto em quantidade como em qualidade. As condições climáticas variam de ano para ano, embora obedecendo a características definidas. Sendo assim, somente a experimentação por um longo período de anos pode indicar a melhor época.
É sabido que a época de semeação tem influência também sobre a maior ou menor incidência de determinadas pragas em certos anos.
Ultimamente, com a generalização do uso de modernos inseticidas de solo e sistêmicos, controlando com maior eficiência algumas pragas, as épocas puderam sofrer ligeira, antecipação de 10 dias, em relação ao que ficara estabelecido há alguns anos atrás, representando isto várias vantagens para os agricultores. Na figura, as datas já estão modificadas.
A observância da época recomendada oferece maior possibilidade de êxito para o agricultor dentro das variações de clima a que está sujeita a lavoura. Temos safras em que o rigor da época de semeação passa despercebido, isto em anos que podemos chamar de “tolerantes”, ao erro cometido na época de plantio. Na maioria das vezes, entretanto, o descuido é fatal.
Espaçamento
Quanto menor o desenvolvimento das plantas, mais cerrado deverá ser o espaçamento, ou vice-versa. Ao iniciar uma cultura de algodão, o espaçamento a ser empregado deverá levar em conta o provável desenvolvimento vegetativo das plantas sob condições normais, devendo nos anos seguintes ser feitas às correções para chegar mais próximo do ótimo.
Os resultados experimentais de muitos anos correlacionadas às produções com a altura média das plantas indicaram que as melhores produções foram obtidas quando o espaçamento entre linhas correspondia aproximadamente a 2/3 (dois terços) da altura média das plantas.
O quadro abaixo refere a três exemplos distintos de condições de desenvolvimento das plantas e mostram o efeito do espaçamento sobre a produção. Outras experiências mostraram que mesmo fechando-se mais do que 2/3 da altura média das plantas, a produção continua a aumentar ligeiramente, mas o entrelaçamento das plantas é tal e traz tantas dificuldades que torna pouco aconselhável essa prática exagerada.
ESPAÇAMENTO – Média de 5 Experiências
Plantas de algodão atingindo em média 90 cm de altura
Espaçamento | algodão em |
70 x 10 | 1215 |
90 x 20 | 1035 |
110 x 20 | 930 |
110 x 40 | 795 |
Fonte: Secção de Algodão – IAC
Examinando os dados temos que na figura acima, em terras cuja fertilidade não permite, em média, desenvolvimento maior que 90 cm de altura, deve ser aconselhado o espaçamento de 70 x 10 cm.
Na figura abaixo, quando as plantas atingem 120 cm de altura média, verifica-se novamente que espaçamento menor representa maior produção. Para facilitar tratos culturais, podemos alterar ligeiramente e indicar 80 X 15 cm, ou seja, 7 plantas por metro linear.
ESPAÇAMENTO – Média de 5 experiências
Plantas de algodão atingindo em média 1,20 cm de altura
Espaçamento | algodão em |
70 x 20 | 1725 |
90 x 20 | 1620 |
110 x 20 | 1500 |
110 x 40 | 1380 |
Fonte: Secção de Algodão – IAC
Na figura abaixo, o mesmo ocorre adotando como espaçamento ideal 100X20 cm, visando facilitar os tratos culturais. O lavrador conhecendo melhor as condições de sua propriedade está habilitado a fazer os necessários ajustes, nunca esquecendo que se deve considerar a altura normal das plantas, uma vez que ela está sujeita a variações naturais de ano para ano.
Espaçamento – Média de 4 experiências
Plantas de algodão atingindo em média 140 cm de altura
Espaçamento | algodão em |
90 x 30 | 1725 |
110 x 20 | 1650 |
130 x 20 | 1575 |
130 x 40 | 1410 |
Fonte: Secção de Algodão – IAC
Semeação
É uma operação que exige muito cuidado. Na melhor época, escolhida o espaçamento, a primeira preocupação é a calha de plantio. Esta deve ser superficial, cerca de 5 a 8 cm de profundidade, pois assim as sementes terão melhores condições para a germinação e será mais fácil a mecanização dos tratos culturais. Também já se observou que alguma proteção será dada às novas plantinhas, com relação às rizoctoniose e antracnose, porque os sulcos rasos não permitem acúmulo excessivo de umidade.
Convém lembrar aqui que é nesta oportunidade que se deve providenciar a marcação das linhas básicas do plantio em nível.
A adubação pode ser feita com adubadeira simples de tração animal (uma linha) ou adubadeira maior, tracionada por tratores (duas ou mais linhas). Pode ser feita, assim como o sulcamento, simultaneamente com a semeação, dependendo do tipo de máquina empregada. O importante é a colocação correta do adubo em relação à semente, como já vimos anteriormente.
As semeadeiras, de tração animal ou motora, possuem um dispositivo especial para bem distribuir as sementes. Estas devem cair em número de 30 a 40 por metro de sulco e serem cobertas com pouca terra. Justifica-se o emprego desta quantidade de sementes, que traz como conseqüência, o gasto de 3 a 4 sacos por alqueire, o fato de não se desejar correr o risco de ter lavouras falhadas.
Com condições climáticas favoráveis processa-se a germinação, quase sempre com bom número de plantas, muito além daquilo que pretenderia deixar como definitivo.
Desbaste
Também chamada raleação, é a prática de arrancar algumas plantas que consideramos como sobra, a fim de deixar na linha da cultura um número razoável delas, para que possam crescer e produzir livremente.
Na prática recomenda-se deixar 5 (cinco) plantas por metro de linha quando o espaço entre as fileiras é de um metro (p/ plantas que crescem até 1,50 m); de 7(sete) a 8(oito) plantas por metro de linha, quando o espaçamento entre as fileiras é de 80 cm (p/ plantas que crescem até 1,20 m). Espaçamentos menores que 80 cm, até 10 plantas por metro linear poderão permanecer.
Com dados experimentais já se comprovou que o desbaste deve ser feito entre 20 e 30 dias de vida da planta; a operação é mais perfeita com terreno úmido, razão pela qual, pode-se esperar cair uma chuva para depois se proceder a raleação. Porém, se não chover até próximo dos 30 dias, o desbaste deve ser feito, mesmo com o terreno seco, pois esperar mais tempo pode ser prejudicial. A figura abaixo mostra a vantagem de desbaste quando feito cedo.
Desbate aos | Algodão em caroço |
20 dias | 220 |
35 dias | 203 |
50 dias | 176 |
65 dias | 167 |
80 dias | 123 |
Atenção: O lavrador quando for proceder a operação do desbaste, deve caminhar ao lado da linha de cultura para vê-la de um certo ângulo, pois assim ele poderá enxergar as plantinhas de menor porte, que são, justamente as que deverão ser arrancadas, pois as mais vigorosas têm maior probabilidade de desenvolvimento normal e melhor proteção.
Adubação em cobertura
Após 10 dias do desbaste, mais ou menos, faz-se à aplicação de nitrogênio em cobertura. Esta prática, feita ainda em muitas regiões à mão já tomou grande incremento, devido às vantagens que oferece conforme já vimos.
Hoje os lavradores procuram empregar máquinas simples e os resultados são auspiciosos, pois o rendimento é muito maior. O adubo deve ficar em um filete continuo, retirado 20 cm da linha de plantas e sobre o solo.
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