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QUESTÃO AGRÁRIA: SEM-TERRA PROTESTAM EM 15 ESTADOS

Manifestações contra o agronegócio organizadas pela Via Campesina foram todas capitaneadas por mulheres.
A organização internacional Via Campesina realizou ontem manifestações em 15 Estados para lembrar o Dia Internacional da Mulher e protestar contra o avanço do agronegócio. Em Porecatu, no interior do Paraná, cerca de mil mulheres, provenientes de várias regiões do Estado, realizaram um ato de protesto com quatro horas de duração diante da Usina Central do Paraná – produtora de açúcar e álcool. Em Porto Velho, capital de Rondônia, um grupo paralisou durante uma hora o trânsito na estrada de acesso ao canteiro de obras da Hidrelétrica de Santo Antonio.
Todos os protestos foram liderados por mulheres. Em Recife, cerca de 400 militantes ocuparam por duas horas a sede da Secretaria Estadual de Agricultura e Reforma Agrária. Elas invadiram o gabinete do secretário Angelo Ferreira e entregaram um texto de protesto contra a paralisação da reforma agrária no Estado.
“Nenhuma nova área foi desapropriada e nenhuma nova família foi assentada nos últimos dois anos”, diz a nota entregue ao secretário. A exemplo de outros textos distribuídos ontem pelo País, ele também critica o estímulo ao agronegócio e ao “modelo capitalista concentrador terras e riquezas”.
Em Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, cerca de 300 mulheres realizaram uma caminhada de quase vinte quilômetros pelas ruas centrais, com faixas, cartazes e megafones. Pediam melhorias nos assentamentos e criticavam o estímulo ao agronegócio.
As mulheres também marcharam na região central de Belo Horizonte. Ônibus de várias regiões do Estado trouxeram as militantes. Na capital, elas se juntaram a integrantes de movimentos urbanos como as Brigadas Populares, a Marcha Mundial de Mulheres e Movimento dos Sem-Teto.
De acordo com Ana Penido, representante da Via Campesina em Minas, a manifestação visava a denunciar a violência contra a mulher e tentativas de “criminalização” dos movimentos sociais. “A gente também vem denunciar que esse modelo do agronegócio, da forma como está estruturado e com a relação que se desenvolve com as indústrias multinacionais, com o agrotóxico, com os transgênicos, está acabando com a soberania alimentar do País”, disse ela.
Em Campinas, interior de São Paulo, as mulheres iniciaram uma marcha que deverá percorrer 90 quilômetros, até a capital paulista. Em Araraquara elas ocuparam a sede regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) durante a parte da manhã. Os outros Estados onde ocorreram manifestações foram Goiás, Rio Grande do Sul, Rio, Paraíba, Alagoas, Bahia, Ceará e Mato Grosso.
A Via Campesina é uma organização internacional que agrega diversos movimentos pela reforma agrárias em países da América Latina. No Brasil, reúne o Movimento dos Sem-Terra (MST), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Movimento dos Pequenos Agricultores, dos Atingidos por Barragens e outros (O Estado de S.Paulo, 9/3/10)