Citricultura Transgênica no Campo
O Centro de Citricultura Sylvio Moreira, referência mundial em pesquisa de genética de citros, encaminhará à Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) os primeiros processos com pedidos para testes em campo de variedades nacionais de laranjeiras transgênicas. As variedades, desenvolvidas por enquanto em vasos dentro de casas de vegetação na sede da entidade, em Cordeirópolis (SP), apresentaram resistência ou forte tolerância ao cancro cítrico, uma das mais temidas pragas nos pomares do País, maior produtor mundial da fruta.
Conforme o diretor do Centro de Citricultura, Marcos Machado, a expectativa para que o processo caminhe com maior rapidez na CTNBio é boa, principalmente após a escolha do agrônomo Edilson Paiva para presidir a entidade, no mês passado. Paiva é reconhecidamente defensor das pesquisas com transgenia. “Se aprovados, os testes de campo deverão ser feitos em uma área em Uberlândia (MG)”, antecipou Machado ao Estado.
CINCO ANOS
Foram cinco anos de pesquisa, na tentativa de obter plantas transgênicas de variedades comerciais de laranja resistentes às principais pragas, como cancro, clorose variegada dos citros (CVC) e greening. A forma mais comum de transgenia é feita com a incorporação ao DNA da planta de um gene externo, que apresenta resistência a alguma doença, ou algum agroquímico, por exemplo. No caso das laranjeiras a pesquisa foi feita basicamente por meio da “estimulação” de um gene da própria planta que já é responsável pela defesa. Com isso, a defesa foi ampliada e criou-se a tolerância ou resistência.
As pesquisas com transgenia em citros no Brasil poderiam estar mais avançadas se a Monsanto, uma das maiores empresas desenvolvedoras da técnica no mundo, não descontinuasse os experimentos realizados na Allelyx, empresa de biotecnologia adquirida do Grupo Votorantim em outubro de 2008. Sem explicar os motivos, a assessoria da Monsanto informou apenas que todo o trabalho de transgenia em citros feitos pela Allelyx foi descontinuado. A aquisição ocorreu quando a CTNBio analisava os pedidos da Allelyx para pesquisas de campo com citros.
Com isso, o Centro de Citricultura seguiu na pesquisa ao lado de uma série de entidades e de universidades públicas. Mas Machado lamenta que as variedades, cujos pedidos de estudo em campo serão encaminhados à CTNBio, não tenham apresentado bons resultados de tolerância a outras doenças. “Contra o greening, por exemplo, os resultados não foram promissores.”
Causado pela bactéria Xanthomonas axonopodis pv. citri, o cancro ataca todas as variedades e espécies de citros, manifesta-se por lesões em folhas, frutos e ramos, e pode provocar a queda de frutas e folhas com sintomas.
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