PRAGAS E DOENÇAS DA SOJA
Muitas espécies de insetos atacam a soja, mas poucas são as que ordinariamente lhe causam grandes prejuízos. Algumas espécies só ocasionalmente podem ser consideradas realmente pragas.
Lagartas e percevejos são as pragas principais. Outros insetos que aparecem na lavoura, como besouros, tripés, cigarrinhas, etc., são de pouca importância econômica.
As lagartas e percevejos que causam mais danos à soja são a lagarta da soja (Anticarsia gemmatalis), a falsa medideira (Plusia Spp), a broca do colo (Elasmopalpus Iignosellus), a falsa medideira (Plusia Spp), o percevejo verde (Nezara viridula), o percevejo verde pequeno (Piezodorus guildini) e o percevejo marrom (Euschistus heros).
A lagarta da soja e a falsa medideira danificam a folhagem especialmente após o florescimento. A broca do colo prejudica o “stand” quando atinge população elevada no início do desenvolvimento da cultura.
Os percevejos sugam a folhagem e grãos. Eles depreciam a qualidade dos grãos e chegam a causar perda total da produção quando alteram o processo fisiológico da planta.
Principais pragas
– Lagarta da soja: a lagarta da soja mede aproximadamente 3cm de comprimento quando bem desenvolvida, e é reconhecida por listras brancas longitudinais no dorso e por não medir palmo ao caminhar. Sua coloração normalmente verde pode variar, chegando em circunstâncias especiais a ser quase negra.
– Lagarta falsa medideira: a lagarta falsa medideira difere da lagarta da soja por medir palmo ao caminhar e por listras longitudinais do dorso mais largas.
– Broca do colo: a broca do colo, pequena lagarta de aproximadamente 2cm comprimento, penetra no caule das plantas novas, na altura do colo, e nele cava uma galeria. É de cor branca esverdeada, marrom ou vinho. Tem cabeça pequena de cor marrom escura e apresenta segmentos bem distintos ao longo de todo corpo. Molestada, reage violentamente.
– Percevejo verde: nos estágios iniciais tem cor escura e vive agrupado. A medida que se desenvolve vai passando para a coloração verde, que é de tonalidade mais intenso dorso. O adulto mede pouco mais de 1,5 centímetros e tem forma de unha;
– Percevejo verde pequeno: tem forma semelhante à do percevejo verde, porém, é de porte bem menor, cerca de 1,0 centímetro de comprimento, e de cor verde mais pálida.
O controle das lagartas e percevejos por inseticida só é recomendado após ser atingido determinado nível de população de insetos ou de danos nas folhas.
Antes do florescimento da soja, as lagartas são controladas com inseticidas quando o desfolhamento for da ordem de 30%, e o número de lagartas com 1,5 centímetros de comprimento for igual ou superior a 20un/metro de linha plantas. Após o início do florescimento, a aplicação de inseticidas é necessária quando é constatado 15% de desfolha e 20 lagartas por metro de linha.
Para percevejos, o nível de infestação para o início do controle químico é de dois percevejos com 0,5 centímetros ou mais de comprimento, por metro linear de plantas.
A broca do colo só é controlada se causar 25% ou mais de redução no “stand” da cultura. As demais pragas geralmente dispensam controle químico.
Grande número de doenças já foi constatado na cultura da soja, no Brasil, porém, os prejuízos que elas causam à produção são geralmente de menor importância econômica que os causados pelas pragas.
As doenças da soja podem ser agrupadas de acordo com seus agentes patogênicos, em doenças fúngicas, bacterianas e viroses. As que mais ocorrem são:
Doenças causadas por fungos
Nome comum | Agente causador |
Antracnose | Colletotrichum dematiun |
Cercosporiose ou Mancha “olho de rã” | Cercospora sojina |
Mancha púrpura | Cercospora kikuchü |
Míldio | Peronospora manshurica |
Rizoctoniose | Rhizoctonia solani |
Septoriose | Septoria glycines |
Sintomas
– Antracnose: lesões em pecíolos e ramos novos que causam estrangulamento e quebra da parte atacada. Lesões de cor escura nas hastes e vagens, com frutificações do fungo, de cor preta, visíveis com lupa de mão.
– Cercosporiose ou mancha “olho de rã” – lesões arredondadas de 1 a 4 mm de diâmetro, de cor cinza à castanho clara. Enrugamento das sementes, apodrecimento e mudança de coloração para cinza à castanho escura.
– Mancha púrpura: coloração púrpura ou arroxeada das sementes.
– Míldio: pequenos pontos amarelos em toda a parte superior da folha, que aumentam de tamanho e posteriormente passam a ter coloração castanho-claro, por morte do tecido foliar. Na face inferior da folha aparecem formações com aspecto de algodão, que correspondem às lesões da fase superior.
– Rhizoctoniose: podridão das sementes, tombamento, apodrecimento das raízes, murchamento de folhas, morte de plantas em reboleira e grãos de tamanho reduzido.
– Septoriose: manchas castanho-escuras nos cotiledones e pardo-avermelhadas nas folhas. Amarelecimento e queda das folhas inferiores nas plantas jovens. Queda prematura de folhas na fase de maturação da soja.
Doenças Causadas por bactérias
Nome comum | Agente causador |
Pústula bacteriana | Xanthomonas phaseoli |
Crestamento bacteriano | Pseudomonas glycinea |
Fogo selvagem | Pseudomonas tabaci |
Sintomas
– Pústula bacteriana: grande quantidade de manchas pequenas nas folhas de cor amarelada, com tumefação facilmente notada na face dorsal da folha. A cor da mancha evolui para castanho escura, com tonalidade clara na tumefação.
– Crestamento bacteriano: manchas pouco maiores que a da pústula bacteriana, de cor castanho escura à negra, mais ou menos angulares e com halo amarelo bem distinto.
– Fogo selvagem: mancha de cor castanho clara à castanho escura, de formas irregulares e de tamanho variado, circundadas por grandes halos amarelos, bem definidos.
Doenças causadas por vírus
Nome comum | Agente causador |
mosaico comum da soja | virus do mosaico comum da soja |
vira-cabeça | virus da necrose branca do fumo |
Sintomas
– Mosaico comum: manchas de coloração verde, com tonalidade diferente do verde das folhas, que dão aspecto de mosaico. Rugosidade nas folhas e redução do número de vagens quando o ataque ocorre cedo.
– Vira-cabeça: curvatura e morte do broto apical da planta, enegrecimento da medula do caule e enfezamento das plantas, que ficam com aparência de vassoura de feiticeira.
Danos
O levantamento do nível de danos e infestação de pragas é feito com o auxílio de pano branco ou puçá. Sua adoção é de real interesse econômico, traz significativa diminuição do número de aplicações de inseticida e favorece controle da praga por inimigos naturais, que são numerosos na cultura da soja.
A identificação de doenças geralmente exige exames de laboratório. Entretanto, alguns dos sintomas que aparecem nas plantas dão razoável indicação de sua incidência.
Controle das doenças
O controle das doenças fúngicas da soja com produtos químicos encontram-se em fase experimental.
Outros inimigos
Entre outros inimigos da soja merecem destaque os nematóides formadores de galhas nas raízes. Esses nematóides, que são do gênero Meloidogyne, com freqüência estão presentes na lavoura sem causar danos significativos, porém, em algumas regiões acarretam sérios prejuízos à produção.
Sintomas
Galhas nas raízes (engrossamento das raízes) e amarelecimento das folhas. Nos ataques severos, grande aumento do volume das raízes atacadas e morte de plantas em reboleiras.
Controle
Como medidas de controle, recomenda-se rotação de cultura e aração profunda logo após a colheita da cultura anterior.
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