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El Niño: a salvação da lavoura

 

“Todo ano de El Niño é de recorde de produtividade. Este ano não vai ser diferente”, comemora o produtor Tiago Taques Fonseca, de Ponta Grossa, nos Campos Gerais paranaenses. Ele cultivou neste ano 2,1 mil hectares de soja e 680 hectares de milho e espera encerrar a temporada com rendimentos médios de 3,6 mil quilos por hectare na oleaginosa e mais de 10 mil quilos por hectare no cereal.
O entusiasmo de Fonseca com a safra 2009/10 é compartilhado por pro­­dutores do Paraná e do Mato Grosso ouvidos pela Expedição Safra RPC. O verão úmido ampliou a produtividade das lavouras e vai per­­mitir que os dois estados, responsáveis por metade da produção brasileira de soja, colham sa­­fras recordes da oleaginosa neste ciclo.
“2009 foi um ano excelente em termos de clima, principalmente para o milho”, completa Antonio Carlos Campos, gerente industrial e comercial da Batavo, com sede em Carambeí (Campos Gerais). O cereal também foi beneficiado por chuvas acima da média e só não vai alcançar volume recorde no Paraná porque perdeu terreno para a soja. Na área de atuação da cooperativa, foram cultivados neste ano 83 mil hectares de soja e 39 mil hectares de milho, que devem render em média 3,2 mil e 9,2 mil quilos por hectare. “Mas essa é uma estimativa é conservadora”, ressalta Campos.
“O El Niño contribuiu para que as precipitações tivessem uma distribuição mais regular e abundante e favoreceu a ocorrência de temperaturas acima da média, colaborando para o sucesso das nossas produtividades agrícolas”, confirma o me­­teo­­ro­­logista Luiz Renato La­­zinski, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), ligado ao Ministério da Agri­­­­cultura, Pe­­cuária e Abaste­­cimento (Mapa).
De uma forma geral, as chuvas acima da média impulsionaram o rendimento das lavouras de verão, mas o El Niño também teve alguns impactos negativos sobre a safra, pondera Celso Oliveira, meteorologista do Instituto Somar. O excesso de umidade atrasou o plantio e aumentou a incidência da ferrugem asiática da soja, explica. “Mas no balanço geral, ajudou”, diz.
Levantamento do Somar mostra que as chuvas acumularam volumes 50% acima do normal no Paraná entre maio de 2009 e fevereiro de 2010. Foram entre 1.750 mm e 2.000 mm em dez meses. Paraná, Santa Catariana e Rio Grande do Sul são os estados brasileiros mais atingidos pelo El Niño. De acordo com meteorologistas, o fenômeno não tem infuência significativa sobre o clima na região Centro-Oeste e pode provocar seca no Norte e Nordeste do país.
Em atuação desde o segundo semestre de 2009, o El Niño começa a perder força, mas ainda continua ativo até a metade de 2010, preveem especialistas. “O fenômeno continuará até o final da safrinha, o que é uma boa notícia para o milho, pois diminui a possibilidade de estiagem. Só o trigo pode ter algum problema caso as chuvas se estendam até o período de colheita, mas não acredito que isso vá acontecer”, avalia Campos.
“Os prognósticos climáticos apontam para um declínio do El Niño nos próximos meses, com tendência de uma neutralidade climática já na metade do ano”, ameniza Lazinski. Segundo ele, as precipitações devem ficar levemente abaixo da média neste mês, mas voltam ao normal em abril e maio. A partir de junho, as chuvas se tornam irregulares, intercalando períodos de muita umidade com períodos maiores de pouca ou nenhuma precipitação, afirma o meteorologista do Inmet.

16/03/2010

Fonte:Gazeta do Povo