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AgroGestão: Brasil tem potencial para aumentar consumo de lácteos

agrogestao_2Setenta por cento da expansão da oferta mundial do leite é oriunda dos países do grupo BRICS (Brasil, Rússia, Índia e China e África do Sul). A Nova Zelândia e a Austrália mantém produção e consumo no mercado internacional de lácteos e a União Europeia perdeu participação para os Estados Unidos e o Brasil. “Os grandes direcionadores para o consumo de lácteos no mercado mundial serão os Brics”, destacou o diretor da Nestlé – a maior empresa de lácteos do mundo – Marcel Barros, durante a palestra “Uma visão de negócios sobre o futuro da cadeia do leite – Brasil e mundo”, nesta semana, durante o  AgroGestão – Congresso Nacional da Gestão do Agronegócio.

O palestrante prosseguiu com apresentação de um histórico das exportações de lácteos no Brasil, revelando que em 1999, o país era um dos maiores importadores  do mundo. Em 2004, tornou-se exportador líquido e em 2008, tornou-se o 5º maior exportador de leite em pó do mundo. No ano de 2009, as exportações não se sustentaram em função da queda dos preços internacionais e, no fim do mesmo ano, mesmo com os preços a US$ 3200/toneladas, o Brasil não voltou a exportar.

Barros salientou que o Brasil tem grande potencial de aumento do consumo de lácteos. O crescimento médio do PIB percapita de 1995 a 2009, foi de 1,5% ao ano. O consumo de lácteos teve crescimento acima do PIB per capita e abaixo da produção de leite. “A produção excedente permitiu mudança de importador para exportador de lácteos”, destacou.

Os desafios e as oportunidades que o setor enfrentará também foram temas de destaque na palestra. Entre os primeiros desafios estão as mudanças estruturais na cadeia para conquistar definitivamente o mercado internacional, como redução de custos e ganhos de produtividade, diversificação de mercados e acordos bilaterais, qualidade do leite e alta volatilidade dos preços de leite no Brasil.

Algumas mudanças estruturais na cadeia láctea já foram concretizadas, como por exemplo, o fim do tabelamento dos preços em 1991; a granelização e sistema de pagamento individual em 2000/2001, o pagamento por qualidade em 2005, a tentativa de integração vertical em 2006 e o pagamento por qualidade para terceiros em 2008. “Outras mudanças precisam ocorrer para dar velocidade ao Brasil como player no mercado internacional”, reforçou.

Outro assunto abordado foi a questão dos sólidos. “O leite brasileiro tem 17% a menos de sólidos que o da Nova Zelândia. Nas últimas três décadas, a produção de leite tem aumentado e o preço do produto tem reduzido. Entretanto, os sólidos do leite também apresentam queda.

 

Entre as alternativas apontadas, estão a precificação de matéria-prima com foco em sólidos, a genética através de semens melhoradores de sólidos, a readequação nutricional, o bem-estar animal para expressão de características, além da necessidade das empresas compradoras sinalizar os produtores que o leite sólido é melhor.

Também foram apontadas as boas práticas na fazenda, visando sustentar a melhoria de qualidade no longo prazo, entre outros.

 

FOTO: Marcel Barros, diretor da Nestlé/DPA

MARCOS A. BEDIN

Registro de jornalista profissional

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