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PRODUÇÃO DE BIODIESEL COM VÍSCERAS DE TILÁPIA AVANÇA

Pioneiro nas pesquisas de produção de biodiesel com vísceras de tilápia, a Fundação Núcleo de Tecnologia Industrial do Ceará (Nutec) deixa a fase inicial das descobertas sobre o novo combustível e transforma em projetos os resultados, alcançados pelo Laboratório de Referência em Biocombustível (Latrbio), para coleta, armazenamento e produção de biodiesel.
Para o Engenheiro Químico, Mestre em Engenharia Civil e pesquisador do Nutec, Fernando Pedro Dias, a vantagem de se produzir biodiesel através das vísceras de tilápia é que a utilização dos resíduos não servirá para produção de alimentos, pois o que está sendo usado é a parte do peixe que seria jogado fora. “Como muitos críticos viam com maus olhos a produção de biodiesel com sementes, como por exemplo, a soja, por acreditarem que assim estaríamos deixando de produzir alimentos para aumentar a produção de combustível. As pesquisas com a tilápia surgem como alternativa justamente por utilizar a matéria-prima do peixe que não serve como alimento” reforça Pedro.
A utilização dos biocombustíveis ganha espaço no cenário atual pelo fato de ser combustível limpo, renovável e menos poluente. A queima do biodiesel é mais saudável para o meio ambiente já que é biodegradável, atóxico e libera menos componentes químicos que agridem e comprometem a saúde das pessoas e do meio em que vivemos. Outra característica favorável do biodiesel é que ele tem as propriedades físico-químicas semelhantes ao diesel de petróleo, logo pode ser usado diretamente em motores convencionais, necessitando de mínimas modificações para operar. Também pode ser usado puro ou em mistura, uma vez que se mistura facilmente com o diesel de petróleo.
Atualmente, o único obstáculo para a produção desse tipo de biodiesel é a aprovação do Projeto Biopeixe, para o financiamento da construção da usina para extração do óleo das vísceras dos peixes dos açudes. Segundo o Coordenador do Larbio, Jackson Malveira, o projeto foi enviado ao Banco do Nordeste do Brasil e está em fase de análise. O projeto vai financiar a montagem no Nutec de um modelo de extração de óleos de diversas
matérias-primas para a produção de biodiesel, que terá como subproduto ração alimentícia para animais.
Ainda segundo Malveira, o projeto também está aguardando recursos para ser implantado nas comunidades pesqueiras. Para que isso aconteça, a idéia foi enviada para a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), e está aguardando um financiamento na ordem de R$ 500 mil para pesquisas e montagem de protótipo. Em contrapartida o Governo do Estado entrará com mesmo valor para facilitar ainda mais o andamento do projeto.
COMO SURGIU
Jackson Malveira explica que o Laboratório de Referência em Biocombustíveis iniciou a pesquisa de biocombustível a partir das vísceras de peixe em resposta a uma demanda dos próprios piscicultores. “Quando começou a criação de tilápia em tanques-redes no Açude Castanhão, surgiu o problema de encontrar um destino para os resíduos do beneficiamento do peixe (vísceras, amparas e nadadeiras), que, inicialmente, não tinham uma utilidade para os produtores. Desde que tivemos essa solicitação da comunidade estamos buscando a melhor maneira de fazer essa extração”, destaca.
As tilápias são os peixes mais cultivados no Brasil, correspondendo a 38% do total de peixes produzidos. O Ceará, se destaca por ser o maior produtor nacional de tilápia, o aproveitamento de resíduos de peixes, além de fornecer matéria-prima relativamente barata, diminui o risco de poluição ambiental já que os resíduos gerados no beneficiamento acabam se tornando fontes poluidoras, assim como uma alternativa para a inclusão social no Estado do Ceará (Assessoria de Comunicação, 17/3/10)