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Mini usina de algodão dobra a rentabilidade do pequeno produtor

algodao1-296x26012Já existem quase 50 mini usinas de beneficiamento de algodão no país. A máquina, desenvolvida pela Embrapa, verticaliza a comercialização do produto, mantém a mesma qualidade do algodão descaroçado em uma usina tradicional e traz inúmeras vantagens para o produtor. A maior delas é a lucratividade, que pode dobrar.

O pesquisador Odilon Reny Ribeiro, da Embrapa Algodão, explica que, na forma tradicional de comercialização, o produtor tem um ganho de 20% a 30% na venda do seu produto para a algodoeira. Já com a mini usina, ele tem um retorno econômico de 80% a 100%. A máquina custa R$ 100 mil, mas o gasto será dividido por toda a comunidade de pequenos agricultores. Mesmo com este custo, o produtor terá o dobro de rentabilidade em relação ao processo tradicional, que é a venda do algodão em forma bruta.

É uma usina de descaroçamento de forma compacta, ou seja, ela faz todas as operações que uma grande algodoeira faz, só que de forma compacta. Ela descaroça, ou seja, beneficia o algodão oferecendo a pluma ao produtor e o caroço também a este mesmo produtor, porque ela foi desenvolvida para trabalhar em comunidades. É importante lembrar que não há queda de qualidade. O algodão que sai da mini usina tem a mesma qualidade do algodão de uma grande algodoeira, tem o mesmo valor no mercado — explica.

O modelo faz tanto sucesso que já foi exportado para a África e para o Paraguai. A empresa que fabrica as máquinas já tem mais encomendas internacionais. A lucratividade dos produtores aumenta porque eles vendem o algodão diretamente para a indústria têxtil, sem a interferência do algodoeiro. Outro grande benefício é que o produtor pode ficar com a pluma e o caroço. A pluma da mini usina tem a mesma qualidade dos grandes algodoeiros e, segundo Ribeiro, também tem o mesmo valor de mercado. Ficar com o caroço também é vantajoso porque o produtor pode alimentar animais ou guardá-los para plantar na safra do ano seguinte.

A mini usina foi dimensionada para servir uma comunidade que cultive em torno de 300 a 350 hectares de algodão, com uma produtividade média de 1000kg a 2500kg por hectare, trabalhando em um turno de oito horas em quatro meses. Se essa comunidade quiser trabalhar em um turno diário e noturno, ela poderá dobrar o cultivo. No nordeste, a média diária de produção é de três a cinco hectares, então vai reunir uma comunidade grande — diz o pesquisador.

Outra vantagem da mini usina é que ela permite que o algodão orgânico e o algodão colorido também sejam beneficiados no mesmo local, porque ela é fácil de limpar. Nas grandes usinas, só é possível beneficiar um tipo de algodão, pois eles não podem se misturar e a limpeza das máquinas é difícil. Como na mini usina a limpeza é bem mais rápida, o beneficiamento de todos os tipo de algodão se torna viável.
 
Nós agora estamos dando um passo mais à frente para fazer uma mini usina itinerante. Ela seria colocada em um reboque, com uma prensa e iria até a propriedade. Isso, devido às longas distâncias que existem às vezes. Então, em vez de o produtor ter que se mobilizar para ir com todo o seu algodão até a mini usina, causando alguns transtornos de transporte, a mini usina vai até a propriedade e faz o beneficiamento do algodão lá mesmo, porque a logística de transporte não é fácil — adianta Ribeiro, que diz que ainda não há uma data certa para a mini usina itinerante começar a funcionar.

 

Embrapa Algodão