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A sociedade precisa conhecer para valorizar o agronegócio brasileiro.

O agronegócio compreende um grande conjunto de cadeias produtivas que formam um vasto, poderoso e essencial segmento da economia brasileira. Apesar desse gigantismo, padece de muitos males: baixa autoestima, deficiência em organização e representação, falta de agressividade comercial, entre outras. Essas conclusões brotaram durante o recém-encerrado Congresso Nacional da Gestão do Agronegócio (AgroGestão 2010), realizado em Chapecó, que reuniu empresários e especialistas ao lado de lideranças nacionais do setor.

            O Congresso permitiu Identificar algumas tendências e interpretar mudanças e transformações em curso no vastíssimo e complexo mundo do agronegócio, reunindo um ministro, quatro ex-ministros e cinco especialistas com projeção internacional. Entre as estrelas, o ministro Reinhold Stephanes, da Agricultura, e os ex-ministros Luiz Fernando Furlan, Roberto Rodrigues, Marcus Vinicius Pratini de Moraes e Mike Moore.

O ministro Reinhold Stephanes, da Agricultura, foi o primeiro a mostrar que o  agronegócio é um gigante que não conhece a sua força. Por isso, revela baixa capacidade de organização, o que se reflete na falta de representação institucional em várias esferas da sociedade, inclusive no Congresso, e incapacidade de pressão social. Observou que, muitas vezes, as cidades são tomadas por grandes manifestações  classistas em defesa de empregos urbanos (citou o caso da Embraer, quanto reduziu postos de trabalho), enquanto o campo se cala frente a situações que afligem centenas de milhares de produtores e trabalhadores rurais. 

            Nesse aspecto, há uma grande diferença entre os produtores brasileiros e os europeus, como lembrou outro palestrante, o economista José Roberto Mendonça de Barros, citando um ex-presidente francês: “quando insatisfeitos, os agricultores franceses põem fogo em Paris”.

            O ex-ministro Roberto Rodrigues, atualmente com atuação na Fiesp e na FGV, concordou que a sociedade brasileira não conhece a importância do agronegócio para a economia (responde por 1/3 das exportações) e para a vida cotidiana do cidadão, assegurando alimento farto e barato. A ignorância da realidade do universo do agronegócio em geral e, do mundo rural, em particular, está na base da incompreensão das comunidades urbanas em relação às comunidades rurais.

            Para mostrar a verdadeira imagem do setor primário e seu papel na vida nacional, as instituições do agronegócio planejam uma grande campanha de comunicação. Essa campanha terá o mesmo efeito que produziu o AgroGestão 2010 – valorizar os atores da cadeia produtiva e levar a autoestima do setor – porque, além de vital para o país, o agronegócio continuará sendo a locomotiva do desenvolvimento. 

         A questão da sustentabilidade – não só ambiental, mas também social e econômica – foi tema recorrente.    Para o ex-ministro Luiz Fernando Furlan, é fundamental que a produção esteja diretamente ligada a sustentabilidade, e que essa condição esteja refletida na imagem do Brasil no exterior. O Brasil  está numa posição à frente de países europeus e norte-americanos, na chamada economia verde, tendo 20% da água potável do mundo, milhares de hectares de florestas, além das fontes de energias renováveis, que representam 50% do consumo nacional. Além disso, enfatizou a tendência da valorização da água e do ar puro, através de mecanismos como créditos de carbono, retenção de gás metano, entre outros.

O co-laureado com o Prêmio Nobel da Paz de 2007 na condição de membro do Painel Internacional de Mudança Climática (IPCC), Sérgio C. Trindade, demonstrou que há riscos e oportunidades do agronegócio no mundo sustentável. A sustentabilidade em uma organização, e até mesmo em um país, está relacionada, atualmente, somente a questão ambiental. O agronegócio precisará satisfazer critérios de sustentabilidade para ter acesso aos mercados. As oportunidades de crescimento no agronegócio são grandes.

Novas estratégias de acesso ao mercado mundial foram abordadas pelo presidente do comitê de estratégia empresarial do maior grupo do segmento de carnes do mundo, a JBS Friboi, Marcus Vinicius Pratini de Moraes, que capitaliza grande experiência internacional. Ante as crescentes e injustificadas barreiras erguidas ao ingresso da carne brasileira no exterior, ele sugere a aquisição ou a construção de indústrias nos países com grande potencial de consumo para emprego da mão-de-obra local e o processamento de matéria-prima misto, metade do país-sede do empreendimento e metade importada do Brasil.

Os desafios do comércio internacional também foram focalizados pelo ex-primeiro ministro da Nova Zelândia e ex-diretor geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Mike Moore, para quem “o Brasil realmente tem força para ser uma superpotência e as negociações da Rodada de Doha vão auxiliar os planos do país”. Para Moore, é importante trazer os produtores para as rodadas de discussão e negociação, pois se eles não participarem, outras entidades farão esse papel, mas sem saber o que realmente é importante para a classe.

            As vitoriosas experiências empresariais também estiveram presentes. O diretor de uma das maiores processadoras de lácteos do mundo – a Nestlé/DPA – , Marcel Barros, explicitou a visão de negócios sobre o futuro da cadeia do leite no Brasil e no mundo. O diretor de perecíveis do grupo Wal-Mart (um dos maiores grupos de varejo do mundo), Fabio Cyrillo e o especialista em agronegócios e docente da USP, Marcos Fava Neves, debateram como o agronegócio deve se preparar para as novas demandas de mercado.

Ao final do evento ficou decidido que o AgroGestão será anualmente  promovido, renovando-se a parceria entre a Federação de Convention & Visitors Bureau do Estado de Santa Catarina  (FC&VB), a Ópera Eventos Corporativos com apoio do Governo do Estado, da Prefeitura de Chapecó, da Associação Comercial e Industrial de Chapecó, Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc) e Federação das Associações Empresariais de SC (Facisc).

MARCOS A. BEDIN

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