CANA: A CULTURA MAIS FORTE SOBREVIVE
Estudo aponta que a cana avançou 15% na região em 13 anos, enquanto outras culturas recuaram 93%.
A agricultura paulista sofreu modificações significativas em relação à ocupação do solo na última década, com a expansão de culturas que ganharam força econômica desde 1995. Um estudo inédito realizado pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA) mostra que na região de Ribeirão Preto algumas lavouras —como a cana-de-açúcar— tiveram avanço de 15% em 13 anos, enquanto outras atividades registraram queda de 93% em área plantada.
Durante trinta anos, a fazenda Barrinha, no município de Jardinópolis, foi produtora de algodão. “E meu pai nem queria saber de outra cultura”, disse o dono da fazenda, Mauro Saquy. Mas, em 1986, a cana dominou a propriedade por conta de questões econômicas. “Mudamos pela logística e remuneração melhores.”
A fazenda faz parte das estatísticas do IEA e da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento Estadual, que apontam a extinção da cultura no Escritório de Desenvolvimento Rural de Ribeirão. “Algumas culturas nem existem mais na região por conta desse benefício econômico da cana, é natural”, disse Luís Fernando Zorzenonm engenheiro agrônomo da Cati em Ribeirão.
Os dados do IEA mostram que a área plantada com cana subiu de 328,6 mil hectares em 1995 para 377,6 mil em 2008. O levantamento mostra ainda que a cana apresentou avanço ao incorporar áreas destinadas principalmente ao pasto.
Em 1995, a região possuía cerca de 125 mil hectares de pastagens, ante 87 mil em 2008, uma redução de 30%. Já as culturas anuais —como soja e amendoim— tiveram queda de 79% em área plantada em 13 anos, de 37 mil hectares para 7,5 mil. As lavouras perenes —laranja, café e manga— tiveram queda de 6,5% de área plantada. “As mudanças no uso do solo comprovam que as atividades agrícolas regionais, dadas as condições de mercado, realizam ajustes por meio de um processo bem dinâmico”, concluiu o estudo divulgado pelo IEA.
CANA NÃO É EXCLUSIVIDADE
Mesmo com os benefícios econômicos da cana-de-açúcar, a diversificação de culturas é uma prática comum nas fazendas da região. O produtor Edson Minohara depende de outras três fontes de renda em sua fazenda, além da cana. “Planto milho, café e tenho gado leiteiro. Não podemos depender somente de uma lavoura”, disse e produtor de Cravinhos.
Na fazenda do produtor Mauro Saquy, o rebanho de ovelhas divide espaço com a cana. “Começou como um hobby e agora faz parte da produção na fazenda”, disse. Segundo o engenheiro agrônomo da Cati Ribeirão, Luís Fernando Zorzenon, a diversificação também é alternativa para melhorar o solo. “A rotação de culturas com a cana, por exemplo, devolve à terra os nutrientes necessários”, disse (Gazeta de Ribeirão, 21/3/10)