NEGÓCIOS COM USINAS ESTE ANO DEVEM SUPERAR 2008
Conforme KPMG, grandes grupos devem retomar aquisições.
Atualmente com seis projetos de fusões e aquisições de usinas de açúcar e álcool somente em sua carteira, a consultoria KPMG estima que em todo o mercado brasileiro o número de negócios efetivados no setor este ano deve superar o de 2008, quando 14 operações foram concretizadas. Segundo André Castello Branco, sócio da consultoria, boa parte das negociações em curso envolve grupos médios e pequenos, apesar da expectativa de que no segundo semestre os grandes grupos voltem com mais agressividade, após a “digestão” das aquisições recentes.
“Não que essas empresas estejam paradas, sem olhar oportunidades. Essas avaliações estão ocorrendo em paralelo com o processo de integração dos ativos adquiridos”, explica Castello Branco.
Para se ter uma ideia do potencial de consolidação que ainda existe nesse setor, diz o especialista, nas áreas de carnes e de café, os maiores grupos representam mais de 50% das vendas setoriais. No caso das carnes, os dez maiores grupos representam 57% das exportações brasileiras e, as dez maiores produtoras de café movimentam 56% das vendas, segundo a KPMG.
“Com 470 indústrias, o setor sucroalcooleiro ainda é muito pulverizado. No entanto, nos últimos anos, a consolidação avançou. Em 2007/08 os dez maiores grupos detinham 28% da capacidade de moagem, percentual que já estava em 34% no ciclo 2009/10 “, diz.
De acordo com a consultoria, entre 2000 e 2006 ocorreram no Brasil 54 aquisições de usinas, sendo que 63% envolveram pequenos e esparsos negócios. Ainda, 37% dessas empresas foram adquiridas por grandes grupos, entre eles, Cosan e Louis Dreyfus.
Em 2007, observa Branco, houve um boom de aquisições com a chegada de novos entrantes no setor. Naquele ano, foram 25 operações realizadas por 20 grupos diferentes. Na época, o destaque foi para a Infinity Bioenergy, que comprou três usinas – hoje, a empresa está em recuperação judicial e acaba de ser adquirida pelo grupo Bertin.
A partir de 2008, com o agravamento da crise mundial, que tornou o crédito escasso, esse número caiu. Foram 14 negócios em 2008, 12 em 2009 e seis até fevereiro deste ano, segundo Branco. “Apesar de serem em menor volume, as aquisições recentes tiveram dimensão maior do que no início e em meados da década”, lembra.
O processo de consolidação também diluiu o capital nacional no setor. Segundo a Datagro, em 2008/09, 12,4% do processamento de cana foi feito por empresas de capital estrangeiro. Esse percentual avançou para 23% até janeiro deste ano, com o anúncio da associação Cosan/Shell (Valor, 23/3/10)