PETROBRAS TERÁ MAIS 2 FÁBRICAS DE FERTILIZANTE
Governo pressiona por investimentos no setor a fim de reduzir dependência de importação, vista como entrave ao agronegócio. Novas unidades vão ter capacidade de produzir 5,8 mi de toneladas anuais de ureia, o que corresponderá a 90% do consumo em 2014 e 2015.
Tido como estratégico, o setor de fertilizantes ganha investimentos na esteira da pressão do governo para reduzir a elevada dependência de importações, vista como entrave à expansão do agronegócio. A estatal Petrobras, por exemplo, vai construir duas fábricas de fertilizantes nitrogenados -à base de gás natural.
Juntas, terão capacidade de produção de 5,8 milhões de toneladas/ano de ureia, composto orgânico rico em nitrogênio usado na fabricação de fertilizantes, obtido por meio do gás natural. A cifra corresponde a 90% do consumo do país em 2014 e 2015, quando as duas unidades devem entrar em operação. Hoje, as importações são o equivalente a 50%.
Em entrevista à Folha, a diretora de Gás e Energia da Petrobras, Graça Foster, disse que o “objetivo principal” do investimento é dar um “destino nobre” ao excedente de gás que não é utilizado pelas termelétricas -atualmente, esse volume corresponde a 22 milhões de metros cúbicos/dia.
“Vamos ao encontro do desejo do governo de produzir mais fertilizantes. Essas fábricas são tão importantes que eu queria já tê-las hoje”, afirma.
Graça diz que o negócio é bom por dois motivos: a estatal vende produto de maior valor que o gás (o insumo para a produção da ureia) e põe no mercado a sobra do combustível.
A ideia é acelerar a produção quando as térmicas estiverem paradas e estocar ureia, a ser vendida quando o setor elétrico demandar as usinas. “Não podemos ter sócios nessas plantas. Isso porque vamos ficar parados de acordo com a necessidade do setor elétrico.”
Não há ainda uma definição final sobre a localização das fábricas de fertilizantes. Os Estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul ou Mato Grosso são os que têm mais chances, afirma Graça, devido à proximidade da malha de gasodutos e do mercado consumidor -duas condições que aumentam a rentabilidade do negócio.
Uma das unidades será um polo gasquímico para a produção não só de ureia mas também de insumos da indústria química de amônia e metanol -este usado na produção de biodiesel e cuja importação cresce rapidamente- e outras matérias-primas.
Minas e Mato Grosso do Sul disputam o investimento. Na semana passada, o governador mineiro, Aécio Neves, e o vice-presidente, José Alencar, estiveram reunidos na Petrobras para defender a instalação do projeto em Minas. A outra unidade será focada na produção de ureia -e deve ficar no Espírito Santo ou em Mato Grosso.
Devido ao gás natural, a “vocação” da Petrobras é produzir nitrogenados, afirma Graça, mas a companhia também estuda a extração de potássio no Amazonas.
Estão em fase final estudos para quantificar e valorar as reservas. Com esses dados, diz a diretora, a Petrobras definirá como vai desenvolver o negócio -e, possivelmente, buscará sócios. Ela diz que a Vale é uma candidata natural devido à sua experiência no setor de mineração, embora ainda não tenham ocorrido tratativas.
VALE
Para obter a liderança no setor de fertilizantes no país, a Vale desembolsou US$ 5,7 bilhões na aquisição da Fosfertil e de duas minas de fosfato da empresa no país.
Assim como a Petrobras, a mineradora foi pressionada pelo governo para entrar no negócio -visto com bons olhos pelo mercado, pois reduz a dependência da companhia do minério de ferro. O governo influencia decisões na Vale por meio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e da Previ (fundo de pensão do Banco do Brasil), que controlam a empresa ao lado de Bradesco e Mitsui (Folha de S.Paulo, 22/3/10)
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