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Diferenciar a carne de búfalo da bovina é o maior desafios dos bubalinocultores

O I Simpósio da Cadeia Produtiva da Bubalinocultura do Brasil, que vai de 9 a 11 de abril, em Botucatu, São Paulo, vai apresentar o panorama da criação de búfalos no país e discutir os desafios dos produtores. O pesquisador André Jorge, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootécnica, da Unesp Bucatu, será um dos palestrantes e vai falar sobre a produção e qualidade da carne de búfalos. Segundo ele, um dos maiores problemas dos bubalinocultores é conseguir diferenciar a carne de búfalo da carne bovina, que é mais barata.

Atualmente, a maior parte dos búfalos nascem como búfalos, são criados como búfalos e morrem como vacas (porque os frigoríficos querem pagar o mesmo preço que pagam pelas vacas) e a maioria das carnes acaba sendo entendida como carne bovina. Hoje, existem cerca de duas milhões de cabeças de búfalo no país, sendo que 60% do rebanho está na região norte. O produtor tem que se preocupar a forçar que exista no Brasil um sistema de rastreabilidade confiável e certificação dos animais para sabermos como eles estão sendo produzidos e se eles estão sendo abatidos como búfalos e comercializados como búfalos — alerta o pesquisador.

André Jorge diz que a principal saída para a valorização da carne bubalina é o sistema de rastreabilidade para que o consumidor saiba que a carne que ele está comendo é de búfalo e de qualidade. O pesquisador diz que o produtor precisa tomar cuidado com vários aspectos de produção para conseguir uma carne de boa qualidade.

Tem que se importar com o bem estar dos animais, com instalações adequadas, com a idade dos animais para abate e preocupação também com aspectos nutricionais e sanitários, dar minerais e proteínas, para garantir energia suficiente, ganho de peso e o acabamento ideal das carcaças. A ração é um ponto extremamente importante. Pelos búfalos serem animais extremamente precoces na deposição de gorduras, a gente tem que atentar principalmente para alimentação. Temos trabalhado com 50% de volumoso com 50% de concentrado, chegando a níveis de até 70% de concentrado — explica.

O pesquisador lembra que os níveis de concentrado na ração não podem ser muito altos porque geram excesso de gordura, que será retirada no frigorífico, gerando perdas para os produtores. Trabalhando nestas condições com as três raças bubalinas (murra, jafarabade e mediterrâneo), a FMVZ tem conseguido ótimos resultados. Os animais têm carcaça entre 49% e 53% e bons rendimentos de cortes comerciais em torno de 48% do traseiro especial. André Jorge diz que os resultados das carnes têm se mostrado extremamente macias quando os animais são abatidos na fase dos 17 aos 24 meses de vida, muito jovens, com acabamento de carcaça entre seis e dez milímetros de gordura e peso de abate variando de 450 a 540 quilos de peso vivo.

O produtor que quiser iniciar a bubalinocultura deve principalmente respeitar todas as regulações que existem em termos de terra, de registro de animais, fazer uma escrituração zootécnica dos animais e respeitar as boas práticas de produção e de manejo. Não se pode esquecer dos recursos humanos, da mão de obra que vai lidar com estes animais que tem que ser capacitada e bem remunerada — ensina.

UNESP