Vacina contra aftosa será substituída por vigilância sanitária
O passo a passo que o Paraná terá de seguir para se tornar área livre de aftosa sem vacinação mostra que o novo status sanitário – promessa de valorização dos bovinos, suínos e aves – vai exigir mais do governo e dos pecuaristas. Hoje, são realizadas duas campanhas de vacinação por ano e mantém-se controle no trânsito de animais. Para suspender a vacinação a partir da campanha de maio, será necessário ampliar a fiscalização nas estradas – nas divisas e dentro do estado –, impedir que qualquer bovino ou bubalino seja vacinado nas 210 mil áreas de criação paranaenses, controlar a entrada de carnes com osso de regiões com vacinação, reestruturar programas de cruzamento natural para, enfim, buscar novos mercados.
Pelo menos até alcançar reconhecimento da Organização Mundial de Saúde Animal, a OIE, o clima deve ser de mutirão, mostrou o seminário Paraná Livre de Aftosa sem Vacinação, que foi acompanhado por 1,5 mil produtores rurais, técnicos e líderes sindicais quinta-feira passada em Curitiba.
O primeiro passo é alcançar reconhecimento do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o que deve levar cerca de quatro meses. Um ano depois da última campanha de vacinação é que o Mapa poderá pedir reconhecimento da OIE. A comissão veterinária da organização se reúne anualmente em maio. Ou seja, o novo status só deve ser alcançado em 2011 se tudo funcionar como um relógio. Santa Catarina, único estado brasileiro livre da aftosa sem vacinação, esperou seis anos pelo reconhecimento da OIE, que veio em 2007.
“O novo status exige maior responsabilidade não só dos governos municipais, estadual e federal. Também é muita responsabilidade para o setor privado. Sem participação ativa, o sistema é ineficiente e pode chegar a um desastre”, disse o presidente da Federação da Agricultura do Paraná (Faep), Ágide Meneguette. Em sua avaliação, o Fundo de Desenvolvimento da Agropecuária (Fundepec), que indenizou os proprietários dos 6.781 animais sacrificados por suspeita de aftosa no estado em 2005, e os 377 conselhos municipais de sanidade agropecuária já homologados no estado tornam a transição mais segura.
Transição
O diretor da Fiscalização e Defesa Agropecuária, Silmar Bürer, apontou as principais medidas necessárias à suspensão da vacinação. Elas serão avaliadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
> Prazos – 120 dias para auditoria do Ministério da Agricultura. Com aprovação interna, busca-se reconhecimento da Organização Mundial de Saúde Animal, OIE, um ano após a última campanha de vacinação (maio).
> Estrutura – 124 novos veículos para fiscalização entregues sexta-feira. 13 veterinários e 37 técnicos agropecuários estão sendo contratados para o setor. O reforço em pessoal é de cerca de 20%.
> Barreiras – Mais 4 postos de vigilância devem ser instalados na divisa com São Paulo – nas regiões de Adrianópolis, Doutor Ulysses e Itambaracá. Hoje existem 33 barreiras de entrada e saída de animais nas divisas.
> Fiscalização volante – Operações-relâmpago nas rodovias do estado abordando todo tipo de veículo ainda este ano. Equipes terão dois veterinários, dois auxiliares e apoio policial.
> Mobilização – Formação de mais 22 conselhos municipais de sanidade agropecuária até maio, fechando um por município (399).
José Rocher
Fonte: Gazeta do Povo / Editado por Agromundo
You must be logged in to post a comment.