25/03/10 – O dólar subiu nesta quinta-feira, acompanhando a volatilidade internacional em torno dos planos de ajuda financeira à Grécia ao mesmo tempo em que o mercado brasileiro avaliava o impacto das medidas cambiais anunciadas pelo Banco Central na véspera. A moeda norte-americana subiu 0,44 por cento, a 1,810 real. É a maior cotação de fechamento do dólar desde 25 de fevereiro. No mês, a variação positiva é de 0,17 por cento. O dólar passou o dia à mercê da instabilidade no exterior: começou o dia em baixa de 0,5 por cento e terminou impulsionado pelo deterioração do euro, que era cotado no menor nível em 10 meses. A queda da divisa comum ocorria por causa das declarações do presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, de que o Fundo Monetário Internacional (FMI) ou outros órgãos não podem assumir responsabilidades de países da zona do euro. Mas o Fundo tem participação no pacote de ajuda, que já foi aceito pelos países da zona do euro, de acordo com um porta-voz do governo grego. Os países da União Europeia debatem o tema em uma cúpula nesta quinta-feira. Internamente, o volume de negócios foi mais fraco que o dos últimos dias, com 1,3 bilhão de dólares em operações registradas na clearing (câmara de compensação) da BM&FBovespa até pouco antes do fechamento, segundo dados parciais. FLEXIBILIZAÇÃO DO CÂMBIO Profissionais de mercado disseram ter visto pouco impacto das medidas de flexibilização do mercado de câmbio anunciadas na véspera pelo Banco Central, já que o efeito do conjunto das medidas ainda não estava claro. Uma das novidades é a possibilidade de companhias residentes no país emissoras e/ou ofertantes de Depositary Receipts (DR) manterem no exterior o produto da sua alienação. Essa faculdade não se aplica a DR de instituições financeiras. Outra mudança diz respeito à ampliação do prazo de liquidação dos contratos celebrados pelo Tesouro Nacional de 360 para até 750 dias, a contar da data da contratação. Para um operador de câmbio de um banco nacional, que preferiu não ser citado, essa medida –que aumenta o poder de compra do Tesouro no mercado– foi responsável por parte da pressão de alta do dólar nesta sessão. O BC também acabou com a necessidade de obtenção de autorizações prévias que ainda eram exigidas para determinados tipos de transferências de capital estrangeiro. “Em tese, você vai ter uma maior flexibilidade no mercado, uma facilidade na saída de recursos. Mas isso também pode ser um estímulo para a entrada de divisas –o vento só entra onde pode sair”, disse Jorge Knauer, gerente de câmbio do banco Prosper, no Rio de Janeiro. Nathan Blanche, sócio-diretor da consultoria Tendências, elogia a iniciativa, mas pede que os esforços de flexibilização continuem. “Apesar de louvável, a resolução é ainda insuficiente para superar e enquadrar nas atuais necessidades das transações cambiais brasileiras o entulho dos normativos cambiais arcaicos.” |