RÚSSIA VAI COMPRAR MENOS AÇÚCAR
Em 2010, a Rússia deve importar 2,2 milhões de toneladas de açúcar, menos do que comprou apenas do Brasil em 2009 – 2,6 milhões de toneladas, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex). A projeção, apresentada na última semana pela trading Sucden, em evento realizado pela F.O.Licht, em São Paulo, é reflexo da estratégia russa de expandir sua produção interna. A previsão da Sucden é de que importação de açúcar pela Rússia vá se reduzir para 1 milhão de toneladas até 2015.
Karim Salamon, chefe de estatística e pesquisa da Sucden, prevê que a produção russa de açúcar – à base de beterraba – deve subir dos atuais 3,2 milhões de toneladas para 4,4 milhões de toneladas em cinco anos. Esse avanço, segundo ele, se dará com ganhos de produtividade no cultivo da beterraba e também com maior eficiência industrial. “Com um hectare de beterraba, as usinas conseguem produzir entre 4 e 4,5 toneladas de açúcar, desempenho que é de 13 a 14 toneladas na França”, compara Salamon.
Atualmente em 35 toneladas de beterraba por hectare, o rendimento agrícola dessa cultura na Rússia, segundo ele, também tem grande espaço para avançar. “Na França, esse indicador é de 80 a 85 toneladas por hectare”.
Há 10 anos, 50% do açúcar importado pela Rússia era proveniente do Brasil; hoje essa fatia já alcança entre 80% e 90%.
Nesse processo de ampliar a produção interna – e com um consumo per capita estável em 40 quilos -, a Rússia vem reduzindo seu volume de importação do Brasil. Em 2007 e em 2008, por exemplo, as compras foram da ordem de 4 milhões de toneladas anuais, volume que em 2009, recuou para 2,6 milhões de toneladas, segundo dados da Secex. “Em 2009, a Rússia importou menos também por causa dos preços altos e da crise mundial, que limitou o crédito aos importadores”, diz Salamon.
Para 2010, espera-se que a Rússia produza 3,8 milhões de toneladas de açúcar, segundo a Sucden, crescimento potencializado pelos preços altos da commodity e pelos incentivos governamentais, tanto na produção agrícola, como na industrial.
A perspectiva para 2015 é de que a capacidade de processamento russa, hoje em 270 mil toneladas por dia, seja ampliada para 290 mil toneladas, ainda abaixo do nível necessário para atingir autossuficiência, que é de 350 mil toneladas, estima Salamon (Valor, 29/3/10)