PRODUTOR VOLTA A COMPRAR FERTILIZANTES E PREÇOS DISPARAM
A alta nos preços dos fertilizantes registrada nos últimos meses deve continuar firme. Os estoques em baixa levam os produtores à antecipação das compras para a safra 2010/2011. Para este ano, o mercado estima avanço de 5% no consumo do produto.
Prova do otimismo do setor veio ontem com anúncio de investimento da Fosfertil. A empresa, comprada pela Vale este ano, anunciou aporte de R$ 4,071 bilhões entre 2010 e 2016. O programa do grupo prevê a injeção de R$ 3,267 bilhões no aumento da capacidade de produção e de R$ 2,62 bilhões no projeto Salitre, que envolve a exploração de uma nova mina de rocha fosfática, em Patrocínio, em Minas Gerais.
De acordo com a empresa, o maior investimento deve ser realizado em 2011, quando está programado desembolsar R$ 1,184 bilhão. Este ano, está previsto injetar no setor R$ 798,435 milhões. Deste total, R$ 439,478 milhões irão para projetos de ampliação de capacidade. Outros R$ 236,326 milhões irão para a manutenção das instalações operacionais. De acordo com Rafael Ribeiro de Lima Filho, consultor da Scot Consultoria, mesmo com o aumento da demanda, no entanto, os preços não devem atingir os patamares de 2008, quando os estoques também estavam vazios.
Dados da Scot, apontam que a tonelada do nitrato de amônio subiu 21,46%, para R$ 800. Em março de 2008, o produto estava cotado a R$ 931,74. Já a tonelada do supersimples deu um salto de 15,63%, para R$ 564,89, ante R$ 722,86 em 2008. O cloreto de potássio hoje a R$ 1.246,09 registrou um aumento de 9,61%. A ureia, em 2008 custava R$ 1.037,56, hoje mesmo com alta de 5,85%, é encontrada a R$ 938,35.
Segundo Glauber Silveira, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso e do Brasil (Aprosoja), atualmente o Brasil depende do mercado externo, principalmente do Canadá, China e Rússia para suprir a necessidade do País. “Só de potássio, as importações respondem por 95%”, comenta.
De acordo com Filho, 60% do nitrogênio e 55% do fósforo consumidos no País são de origem estrangeira. “Em 2009, o Brasil adquiriu 10,97 milhões de toneladas de fertilizantes”, afirma.
Para instituições ligadas ao setor, o Brasil pode deixar de depender do mercado externo e ser autossuficiente na produção de fertilizantes em cinco ou seis anos, basta investimento em extração.
Estatística da Associação Nacional para a Difusão de Adubos (Anda) mostra que no ano passado chegou às mãos do consumidor final pouco mais de 22,47 milhões de toneladas de fertilizantes. Avanço de 0,2% se comparado a 2008. “Este ano o consumo deve aumentar 5%”, estima.
O uso de fertilizantes, segundo o consultor, representa 30% dos custos operacionais das lavouras. De acordo com estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) sobre custo de produção de milho no Rio Grande do Sul para a safra verão 2010/2011, devem ser gastos R$ 401,42 com fertilizantes por hectare, de um custo operacional de R$ 1.072,54. No plantio da soja, no Distrito Federal, a previsão é de investimento em fertilizantes na ordem de R$ 449,27 por hectare, de um custo de R$ 1.147,84.
Outro levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) coloca o Brasil entre os quatro maiores consumidores de fertilizantes no mundo, ficando atrás da China, Índia e Estados Unidos. Segundo a Anda, o Brasil produziu em 2009 8,372 milhões de toneladas.
Para o consultor, se o Brasil investir na extração, principalmente do potássio, a previsão é de o País passar de importador para exportador. “Em longo prazo, mas temos potencial”, afirma.
PRODUÇÃO
O ministro da Agricultura Reinhold Stephanes, no último dia 23, anunciou que a Petrobras poderá participar da produção de fertilizantes em jazidas de sua propriedade, em Nova Olinda, no Amazonas, e em Taquari, em Sergipe, atualmente arrendadas à Vale. Uma audiência deve definir a criação de uma empresa estatal para a produção. A Petrobras já produz ureia em duas fábricas de fertilizantes nitrogenados, uma no pólo petroquímico na Bahia e outra em Sergipe. Segundo a Petrobras, a ureia é a principal fonte de nitrogênio para a agricultura brasileira, correspondendo a 54% do consumo no País (DCI, 30/3/10)
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