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Daqui a 4 anos, açúcar cobrirá apenas custo de produção

sugarOs preços do açúcar devem sofrer queda vertiginosa: o mercado prevê em quatro anos cotações nos patamares de custo de produção. Para Miguel Biegai, analista da Safras & Mercado, as estimativas mundiais alta na oferta são o principal fator para a redução nos preços do produto. Segundo o analista, os contratos futuros para 2012 já foram negociados a valores abaixo dos fechados atualmente. “Em contrapartida, o etanol terá crescimento acelerado.”
De acordo com Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), 60% do açúcar da safra 2010/2011 foi vendido a preços que variaram de 18 a 23 centavos de dólar por libra-peso (de 706,36 reais por tonelada a 902,56 reais por tonelada – de acordo com a cotação do dólar a R$ 1,78). No início da safra 2009/2010, os valores giravam em torno de 12 a 14 centavos de dólar por libra-peso (470,90 reais por tonelada a 549,38 reais por tonelada – com a cotação do dólar a R$ 1,78). “Na safra 2011/2012 não sei o que vai ser”, diz Rodrigues. Segundo Biegai, com a recuperação da produção de açúcar na Índia, as exportações brasileiras devem diminuir.
Rodrigues explicou que os embarques brasileiros de açúcar vão se retrair este ano, se comparado ao nível de crescimento da produção, que deverá ser de 5,5 milhões de toneladas, passando de 28,6 milhões de toneladas para 34 milhões de toneladas. De acordo com a Unica, a exportação brasileira deve ser de 24,3 milhões de toneladas, leve acréscimo de 3,3 milhões de toneladas, em um total de 24,3 milhões de toneladas.
No entanto, segundo o executivo da Unica, desses 3,3 milhões de toneladas a mais, 2 milhões de toneladas correspondem a um volume que deveria ter sido embarcado em 2009. “Foi renegociado para este ano”, explica.
Rodrigues informou ainda que cerca de 9,79 milhões de toneladas de açúcar devem ficar no mercado interno para recompor os estoques e suprir a demanda doméstica do País.
Diante do cenário nada promissor para o açúcar, Biegai considera uma questão de sobrevivência futura das usinas que apenas produzem açúcar, migrarem também para o etanol. “É uma tendência”, afirma.
O analista explicou que as usinas necessitam de fluxo de caixa, o que as vendas com açúcar não oferecem. Segundo Biegai, a comercialização do açúcar ocorre em grandes ondas, ou seja, a usina produz um volume considerável por um determinado tempo e depois recebe por esta grande quantidade. “Com o etanol é diferente, eles [usinas] podem produzir qualquer volume e vender na sequência de acordo com as contas a pagar”, diz.
Para o diretor técnico da Unica, por questões logísticas, no caso do açúcar, o setor não sinaliza tendência de migração de um produto para outro. “Com uma ou outra usina pode até ser, mas dificilmente isso vai ocorrer”, diz.
Por outro lado, apenas em São Paulo, de 169 usinas em operação hoje, de acordo com estatística da Unica, apenas seis produzem só açúcar, ou seja, 163 usinas são flex processam também etanol. “O Brasil conta com mais de 360 usinas. A maioria produz açúcar e etanol”, comenta Biegai.
Números da Unica mostram só este ano, um avanço da produção brasileira de etanol de 15,6%, ou 27,40 bilhões de litros.
Dados da Unica mostram ainda que nesta temporada de colheita de cana-de-açúcar, cuja abertura oficial é hoje, 10 novas usinas e 10 novas fábricas de açúcar na Região Centro-Sul entram em operação este ano.
PRODUTIVIDADE
Durante apresentação da estimativa da safra 2010/2011, ontem, na Sede da Unica, Rodrigues levantou algumas preocupações com a produtividade da cana-de-açúcar nesta temporada, que podem ainda se agravar até a safra de 2012/2013.
“O canavial está velho, com mais de quatro anos. A maioria com mais de três cortes, o que diminui a produtividade”, observa o executivo da Unica.
Segundo o diretor técnico, se não houver reforma do canavial a partir deste ano, o setor ainda não estará equilibrado na safra 2012/2013. “Se o clima não for favorável agora, o canavial velho vai comprometer a safra 2011/2013”
 
(DCI, 1/4/10)