Projeto “Balde Cheio” será apresentado na Dinapec
A Abertura oficial do evento será às 9h30 com a presença de lideranças do setor agropecuário, políticos, chefes das Unidades participantes do evento e empregados da Embrapa. E a partir das 14 horas iniciam os trabalhos técnicos da Dinapec. O primeiro será a palestra “Balde Cheio”, um projeto inovador de transferência de tecnologias a ser apresentado pelo pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos/SP), Fernando Campos Mendonça. Em seguida, outra palestra pelo pesquisador Ezequiel Rodrigues do Vale, da Embrapa Gado de Corte (Campo Grande/MS). Ele vai falar do Programa Boas Práticas Agropecuárias – Bovinos de Corte.
Palestras abrem o primeiro dia da Dinapec na Embrapa
Duas apresentações de trabalhos inovadores de transferência de tecnologia abrem o primeiro dia da 5ª edição da Dinapec no próximo dia 7 de abril. A primeira é voltada para o gado leiteiro – projeto “Balde Cheio” e a segunda para gado de corte – Programa Boas Práticas Agropecuárias.
O projeto “Balde Cheio”, um dos trabalhos desenvolvidos pela Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos, SP), conhecido também como “Viabilidade da produção leiteira em propriedades familiares”, será apresentado a partir das 14 horas pelo engenheiro agrônomo Fernando Campos Mendonça, pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste. Ele discorrerá sobre esse trabalho, com especial atenção ao uso da irrigação em pastagens, a sua especialidade.
O projeto “Balde Cheio” se caracteriza pelas inovações nos métodos de transferência de tecnologia e por ter obtido sucesso, o que nem sempre ocorre nesse tipo de ação, pois um dos históricos problemas das instituições da pesquisa é justamente fazer com que os resultados cheguem ao produtor rural.
O projeto já ganhou diversos prêmios, medalhas e diplomas, inclusive como um dos finalistas, em 2009, do Prêmio de Tecnologia Social, promovido pela Fundação Banco do Brasil. Com cerca de quatro mil propriedades assistidas, em 20 Estados e no Distrito Federal, o trabalho demonstrou a viabilidade – técnica e econômica – da pequena propriedade, ou propriedade familiar, para a produção de leite. Alguns de seus resultados são a obtenção de lucro em propriedades antes deficitárias, o aumento da renda do pequeno produtor, a redução do êxodo rural e o aumento da produção de leite, por hectare / ano, de até 12 a 15 vezes (ou seja, de 1.100% a 1.400%). Tudo isso com metodologia inovadora, que superam muitos dos problemas normalmente enfrentados pela transferência de tecnologia da pesquisa para o campo, segundo diz o engenheiro agrônomo Artur Chinelato de Camargo, pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste e responsável pelo projeto.
As propriedades assistidas possuem, em sua maioria, até 20 hectares, sendo que a menor delas tem apenas meio hectare. A tecnificação e o bom gerenciamento permitem que esses produtores familiares multipliquem sua renda, renda essa que, em alguns casos, era, antes de aderirem ao projeto, inferior a um salário mínimo.
Cerca de 90% dos produtores vinculados ao projeto conseguia produção diária inferior a 80 litros no início dos trabalhos. Após a sua incorporação ao projeto, passaram a obter de 300 litros a mil litros / dia. Mas o indicador mais importante na atividade, que é a produção de leite por hectare / ano, foi elevada de 12 a 15 vezes.
Inovações
O projeto apresenta várias inovações, com destaque para duas delas: 1) os trabalhos são dirigidos tanto a técnicos da extensão rural como a produtores e 2) a transformação das propriedades em “salas de aula” pois é lá que ocorrem todos os encontros, palestras e dias-de-campo. Ao invés de dias de campo esporádicos ou palestras em ambientes fechados, os encontros nessas “salas de aula” são permanentes e essa propriedade é assistida durante um período de quatro anos, ficando depois independente. O sítio fica sob monitoramento permanente de um técnico da extensão rural e é aberto a visitações.
Dois outros pontos importantes: a transferência de conhecimentos não é só de tecnologias e manejo, mas também de escrituração e contabilidade. Além disso, é obrigatória a participação de um parceiro da extensão rural, que podem ser extensionistas e instituições públicas ou privadas. A maioria dos parceiros são órgãos de extensão estaduais (Emater’s e em São Paulo a CATI-Coordenadoria de Assistência Técnica Integral), cooperativas, Prefeituras, associações e sindicatos rurais, entre outros.
Os pecuaristas assistidos são pequenos produtores que estavam a ponto de abandonar a atividade e que hoje estão numa situação confortável. “Ninguém vai ficar rico com pequena produção de leite, mas o pequeno produtor pode multiplicar a sua renda, investir em tecnologia e gerência, viver dignamente e com conforto”, afirma Artur Chinelato de Camargo.
Na propriedade, desde que tecnificado e com bom gerenciamento, o pequeno pecuarista terá um nível de vida superior aos daqueles que migram para a cidade e lá se empregam em ocupações de baixa remuneração, que é o que muitos ex-pequenos proprietários fizeram e estão fazendo, após venderem a propriedade.
Outro aspecto importante é que a Embrapa Pecuária Sudeste não dá recursos financeiros para o produtor. O aumento de renda vem da sua própria atividade, ao adotar, gradativamente, aquelas tecnologias, manejos e bom gerenciamento. A única coisa que os produtores precisam dar à Embrapa: todas as informações, contabilidade escrita e a propriedade aberta permanentemente para monitoramento e vistorias, além de visitas de outros produtores interessados em aprender.
Outras informações sobre o projeto “Balde Cheio” poderão ser obtidas na Embrapa pecuária Sudeste (16) 3411-5600.
Informações a respeito do Programa Boas Práticas Agropecuárias – bovinos de corte estão na página eletrônica da Embrapa Gado de Corte WWW.cnpgc.embrapa.br .
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