REGIÕES PRODUTORAS DE AÇÚCAR VIVEM DA EUFORIA DO PASSADO
A queda de 40% na cotação internacional do açúcar em menos de dois meses fez acender o sinal de alerta no mercado do commodity, mas não deve ter impacto imediato na renda do produtor. “A euforia nas regiões produtoras vai se arrefecer no segundo semestre. O mercado vive hoje do efeito retrovisor dos preços excelentes do passado”, afirma o sócio da RC Consultores, Fabio Silveira.
Nos últimos meses, o açúcar atingiu na Bolsa de Nova York a 30 centavos de dólar por libra peso, a maior cotação desde 1981. Na semana passada, o produto ficou em torno de 17 centavos de dólar por libra peso. Apesar de a cotação ser bem inferior à registrada no passado recente, ela é suficiente para cobrir o custo de produção, que está em 13 centavos de dólar por libra peso.
Na opinião do analista da Safras&Mercados, Miguel Biegai, o problema da queda de preço do açúcar deve ter forte reflexo no setor em 2011 e 2012. “As cotações do mercado futuro já sinalizam essa queda”, diz. Para este ano, no entanto, ele não acredita que a renda do setor seja fortemente afetada porque a maior parte da produção foi vendida no mercado futuro a preços favoráveis antes mesmo de a cana ter sido colhida.
Silveira diz que a queda nas cotações do açúcar reflete a saída do mercado de fundos especulativos . Além disso, a expectativa de safra recorde de cana do Centro-Sul, a recuperação da Índia e a retomada da produção europeia jogam a favor da queda de preços.
No caso do café, a outra estrela da safra, a perspectiva é de que os preços se sustentem nos próximos meses, segundo o analista da Safras&Mercados, Gil Carlos Barabach. A cotação média de R$ 280 a saca de 60 quilos registrada neste ano é a maior da década. Ele pondera que safra brasileira será gigantesca, entre 50 e 55 milhões de sacas. Mas a questão é que os estoques estão muito baixos e o consumo crescente, o que sustenta os preços (O Estado de S.Paulo, 3/4/10)