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DREYFUS ENTRA NA DISPUTA PARA COMPRAR A USINA MANDU

Outra multinacional entrou no páreo para levar a Usina Mandu, de Guaíra (SP). Segundo Roberto Diniz Junqueira Filho, diretor da empresa, a francesa Louis Dreyfus também entregou proposta de compra da usina, que tem sinergia com as unidades da múlti adquiridas da Santelisa Vale, na região de Sertãozinho (SP).
O empresário afirmou que ainda não avaliou as propostas, mas que os acionistas estão “coesos” em buscar a melhor oferta do ponto de vista de preço. “Temos essa usina há 30 anos e estamos capitalizados. Não será agora que vamos dar o passo errado”, garantiu Junqueira Filho.
Além da Dreyfus, também disputam o ativo a Cosan, a Bunge, a Açúcar Guarani e o grupo Alto Alegre, que acaba de fechar a compra de usina Cofercatu, no Paraná. Segundo fontes do setor, o grupo nacional está capitalizado para fazer aquisições. Esteve na disputa pelos ativos da Equipav, que acabou fechando a negociação com a indiana Shree Renuka.
A Alto Alegre pertence à Companhia Agrícola e Pecuária Lincoln Junqueira, que soma capacidade instalada para moer 14 milhões de toneladas hoje. Com a aquisição da Cofercatu, a capacidade alcançará 15,5 milhões de toneladas.
Fontes do setor afirmam que a relação de parentesco entre diretores da Mandu e do grupo Alto Alegre também pode pesar nas negociações. Junqueira Filho, porém, nega. “Parentesco a gente tem e de boa relação. Mas negócio é negócio”, avisa o diretor.
Depois de dois anos de forte consolidação no setor sucroalcooleiro, é consenso no mercado de que poucos bons ativos estão disponíveis para venda no Centro-Sul. E para alguns, de fato, a Mandu é uma das poucas “cerejas do bolo”, por estar em uma região de elevada produtividade agrícola.
Sinalizando que usará bem essa vantagem para capitalizar na negociação, Junqueira Filho afirma que ainda não tem preferência por nenhuma das pretendentes e nem urgência em decidir. “Não temos pressa. A usina está na região de maior valor econômico para produção de cana e de logística. Por isso, consideramos que a nossa empresa vale os melhores preços do mercado”, diz.
Conforme fontes do mercado, os sócios da Mandu estão interessados em vender a empresa porque consideram que agora é um bom momento para se desfazer do negócio. No entanto, segundo Junqueira Filho, se as propostas não forem atrativas, os sócios ficarão com o negócio.
A Mandu tem capacidade para moer 3,2 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por safra. Tradicional no ramo, a Mandu fazia parte do seleto rol de usinas que tinham participação na trading Crystalsev antes da fusão que resultou na Santelisa Vale, em 2007. Por conta do excesso de chuvas no ano passado, a Mandu só conseguiu moer 2,8 milhões de toneladas, apesar da previsão inicial de 3,2 milhões. A produção de açúcar atingiu 2,83 mil sacas de 50 quilos e 135 milhões de litros de etanol.
Procuradas, Cosan e Açúcar Guarani não comentam. A Alto Alegre confirma que está na disputa, segundo o diretor Luiz Correa Carvalho. A Bunge não confirma e a Louis Dreyfus não retornou até o fechamento desta edição (Valor, 8/4/10)