“Útero é vida”: um dia para a mulher rural
O câncer de colo de útero mata entre 14 a 18 mulheres por dia. As mais desassistidas são as mulheres rurais. Para mudar esse quadro, iniciou ontem em Água Doce, no meio oeste catarinense, o programa Útero é Vida, uma iniciativa do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc), tendo como parceiros o Sindicato Rural e a Prefeitura Municipal.
Depois de atender 250 mulheres e uma centena de homens, a coordenadora Lúcia Alamino declarou que todas as metas foram atingidas. Uma força-tarefa de 50 voluntários, técnicos, agentes de saúde, enfermeiros e médicos trabalharam durante todo o dia no pavilhão comunitário de Água Doce.
A clientela-alvo era constituída de mulheres sexualmente ativas que trabalham na agricultura e nunca fizeram um exame preventivo de saúde ou estavam com o exame anual atrasado.
Uma sucessão de atividades encadeadas permitiu atender de forma rápida todas as mulheres que responderam ao chamamento do programa. Elas estavam previamente cadastradas, submeteram-se a coleta de material para exames Papanicolau (câncer) e HGT (glicose), assistiam a quatro opções de palestras, recebiam um “kit beleza” e ainda ganhavam café da manhã, almoço e lanche da tarde. As palestras tratavam de quatro temas: a) higiene pessoal, doméstica e alimentar; b) planejamento familiar e DST; c) câncer de colo do útero e de próstata e d) prevenção de câncer de pele e envelhecimento precoce.
Grande parte das mulheres levou seus maridos. Os homens ganharam bonés e fizeram coleta de sangue para exame de PSA, para prevenir o câncer de próstata e de HGT, para prevenir diabetes.
A estratégia para atrair grande número de mulheres foi criar estímulos, explicou a coordenadora Lúcia Alamino. Para facilitar a participação da mulher, foi estruturado um espaço recreativo e educativo para crianças. Assim, enquanto a mulher assistia às palestras e realizava o exame de Papanicolau, o filho ficava envolvido em atividades de lazer. Da mesma forma, um espaço da beleza oferecia corte de cabelo, tratamento de unhas e outras atenções para a beleza feminina – tudo gratuito.
As mulheres cujos exames indicarem incidência da doença serão chamadas para biópsia e tratamento através da
Secretaria da Saúde do Município. “Daremos assistência integral”, destaca o secretário Eliseu Vieceli.
Membro da coordenação nacional do programa, em Brasília, Janine Geesdorf, acompanhou a primeira edição do programa Útero é Vida, em Água Doce, e elogiou a organização, a eficiência e os resultados obtidos.
Grande parte das mulheres era originária dos cinco assentamentos e de um acampamento existentes no município. Joselite Piaia, 43 anos, considerou a iniciativa muito importante. Rui Barbosa, 53 anos, disse que o programa permitiu-lhe fazer exames sem custos. A rede básica de saúde e o SUS não oferecem exame de PSA.
O programa será levado, paulatinamente, a todas as regiões catarinenses, informou o presidente do sistema Faesc/Senar, José Zeferino Pedrozo. O objetivo é gerar oportunidades de educação, prevenção e diagnóstico do câncer do colo do útero e cuidados com as mulheres do meio rural, contribuindo assim para o aumento da auto-estima e qualidade de vida. A ideia é sensibilizar e conscientizar sobre a importância da saúde através de temas específicos.
A segunda edição do programa será desenvolvida em Papanduva, no norte catarinense, dia 8 de maio.
MARCOS A. BEDIN
Registro de jornalista profissional MTE SC-00085-JP
Matrícula SJPSC 0172
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