RAÇA DEVON

826_animalgGeneralidades

O gado devon, ou devon do norte, é tido como um dos mais antigos do Reino Unido, originando-se no sudoeste da Inglaterra. O surgimento da raça neste país remanesce da época das expedições fenícias buscando estanho em Cornwall, com mudanças raciais acentuadas observadas nos últimos 60 anos.
Assis Brasil foi o introdutor, em 1906, do devon no Brasil, na região de Pedras Altas-RS, depois em Alegrete e municípios gaúchos vizinhos. Em 1914, o visconde Ribeiro de Magalhães, de Bagé-RS, inscreveu o primeiro lote de reprodutores puros da raça, duas vacas e um touro, de procedência inglesa. Em 1915, foi registrado o primeiro devon de nome “Bagé”.

Características

Na região de origem, este gado tem triplo propósito – carne, leite e trabalho. Nos demais países, é basicamente produtor de carne, mesmo aproveitando-se secundariamente o leite.
Apesar de não poder disputar com raças essencialmente leiteiras, algumas estirpes de dupla aptidão produzem, em média, 3.000kg deleite, rico em gordura. Nos rebanhos de corte, as fêmeas demonstram grande habilidade materna.
A conformação é a de um animal aperfeiçoado para o corte, respondendo bem a uma boa alimentação e rendimento muito elevado. Produz carne de primeira qualidade, marmorizada e de fibra fina.
Criado de forma puro ou cruzado com outras raças, o devon apresenta rápida terminação e excelente rendimento de carcaça. Sua capacidade de conversão alimentar e de produção de carne de qualidade estão entre as melhores do mundo, sendo suas características mais marcantes:
– rusticidade (adaptação a qualquer clima e qualquer altitude);
– conformação de carcaça;
– fertilidade;
– habilidade materna;
– capacidade leiteira;
– longevidade;
– precocidade;
– habilidade na conversão alimentar e
– docilidade

Essas são condições que se transmitem com eficiência nos sistemas de cruzamento. Os reprodutores se destacam pela rusticidade e eficiência. A alta capacidade de serviço aliada ao grande poder de conversão de pastos em carne de qualidade confere a ele grande potencial para cruzamentos em qualquer região do Brasil.
As vacas são rústicas, prolíferas e dotadas de alta produção leiteira. Comparadas às raças de corte, são tidas como de grande lactação. Seus terneiros possuem em média 35 quilos, sendo relativamente pequenos.
As vacas devon alcançam a maturidade sexual aos 18 meses, produzindo, em boas condições, um terneiro ao ano e parindo, freqüentemente, até os 10 ou 12 anos de idade. Como produzem terneiros relativamente pequenos ao nascer, podem ser cruzadas com quaisquer outras raças, apresentando grande facilidade de parição
A raça faz com que os criadores obtenham resultados em curto prazo. Em média, os animais estão prontos para o abate em até 21 meses. No cruzamento com zebuínos, alcançam, aos 20 meses, peso vivo de 16 arrobas e rendimento de carcaça de 58%.
Com isso as novas relações comerciais poderão acelerar em muito o desenvolvimento da raça, principalmente no Brasil Central.

Padrão da raça

Os animais são simetricamente proporcionais, com pelagem avermelhada escura sobre uma pele de cor amarelada; no Brasil denomina-se de pelagem rubi. A pigmentação é maior em tomo dos olhos. Os chifres são de comprimento mediano, dirigido para cima e para fora, de cor creme com pintas negras. Nos machos, são mais grossos, retos e horizontais.
O comprimento da cabeça é médio, a linha dorsal é reta; o lombo e quarto traseiro são bem desenvolvidos, com musculatura firme até os jarretes. A conformação corporal é muito compacta, pondo em relevância a conformação retangular dos animais tipo carne.

Cruzamento industrial

O devon, como um dos bovinos mais antigos do mundo criado em vários países, responde por vários cruzamentos baseados em sua genética dando origem, por exemplo, às raças hereford e sussex, ambas inglesas.
Outro cruzamento é do touro devon x zebuínos, que resulta em um animal denominado bravon (5/8 devon x 3/8 zebuíno). O cruzamento industrial dessa raça é baseada em duas características indispensáveis: a precocidade e a fertilidade.
Quando cruzado com raças européias, o touro devon abrevia a maturidade sexual das fêmeas. Com os zebuínos, ele reforça a fertilidade e acelera o ganho de peso, atua melhorando a qualidade da carne, proporcionando boa distribuição de gordura entremeada.
Os reprodutores devon são rústicos e prolíferos, ideais no cruzamento industrial com zebuínos e raças européias. Outro uso aceito é na heterose para obter a vantagem da complementaridade entre raças. Sendo estas puras e superiores geneticamente.

Ganho de peso

Para comprovar oficialmente os índices zootécnicos referentes ao ganho de peso dos animais, testes de avaliação de bovinos de corte a campo vêm sendo realizados freqüentemente na Estação Experimental da Fundação Estadual de Pesquisas Agropecuárias do Rio Grande do Sul, no município de São Gabriel. “A finalidade do teste é avaliar a capacidade individual de ganho de peso, bem como características que agem diretamente sobre a eficiência individual dos reprodutores machos, visando interesse econômico para todas as raças bovinas produtoras de carne”, orienta a Fundação.

Melhoramento genético

Existem alguns princípios fundamentais dentro do melhoramento genético: a seleção e os sistemas de acasalamento. A seleção de reprodutores é o instrumento básico para o melhoramento da eficiência de produção de carne bovina, e refere-se à decisão tomada pelo criador de manter alguns animais como reprodutores e eliminar outros. Todo melhoramento que o criador de animais de raça pura deseja para o cruzamento será obtido através da seleção.
Graças às qualidades genéticas encontradas em seus animais é que a raça vem se espalhando pelo Brasil. Dentro do programa do Grupo Devon Brasil, formado pelas 18 principais cabanhas produtoras da raça, estão 5.000 ventres controlados pelo Programa de Melhoramento de Bovinos de Corte – Promebo, do Ministério da Agricultura.