SOB CHUVA, USINAS INICIAM MOAGEM DA SAFRA 2010/11

cane1Mesmo sob chuva, sete usinas iniciaram a nova safra de cana-de-açúcar, a 2010/11 no Centro Sul. Elas se juntam às cerca de 40 unidades que ainda não encerraram a temporada 2009/10, que normalmente é concluída até dezembro. Ainda precisando fazer caixa, boa parte delas mói cana para aproveitar os bons preços do açúcar e do álcool, que estão, respectivamente, 56% e 40% mais altos que em igual período de 2009.
Ainda que essa moagem não represente oferta significativa de produto – o Centro Sul tem mais de 400 usinas – , a antecipação da safra, que normalmente começa em abril, já traz pressão sobre os preços do açúcar e do álcool. Apesar de ainda elevados, eles recuaram na última semana mais de 6%.
O grupo paulista Cerradinho, que repactuou no ano passado sua dívida de curto prazo para 2011, inaugurou o ciclo 2010/11 retomando a moagem em 2 de fevereiro na unidade de Chapadão do Céu (GO). Apesar de estar com 30 dias de safra nova, a unidade conseguiu, de fato, operar apenas em 5 dias, pois as chuvas não deram trégua. Segundo Luciano Fernandes, diretor-presidente do grupo, a expectativa era moer 150 mil toneladas de cana no mês, mas apenas 50 mil foram processadas.
“Nossa margem só não está negativa porque temos 100% da cana mecanizada, portanto, a equipe é enxuta e já está na usina”. No entanto, explica ele, não é possível afirmar que essa antecipação está compensando economicamente, sobretudo porque a unidade goiana só produz álcool.
O grupo também iniciou na 2ª quinzena de fevereiro a moagem da unidade de Catanduva (SP). Mesmo com um rendimento de açúcar na cana de 100 quilos por tonelada (ATR) – quando no pico de safra fica entre 140 e 150 quilos – Fernandes afirma que a moagem em São Paulo está fechando no azul, sobretudo porque está sendo priorizada a produção de açúcar. “Está chovendo menos e o preço da commodity está melhor”, diz. Segundo o Cepea/Esalq, a saca do açúcar está na casa dos R$ 72, valor que era de cerca de R$ 46 na mesma época de 2009.
“Quem vende álcool não paga os custos totais, mas possivelmente gera caixa, resolvendo débitos de curto prazo”, diz Julio Maria Borges, da JOB Consultoria e Planejamento.
O capital de giro voltou ao setor, mas permanece seletivo. “O dinheiro não está indo para o bolso de todas as usinas. O rigor na análise do crédito está maior, além disso, os prazos encurtaram e os juros ainda não voltaram aos níveis pré-crise”, explica Renato Buranello, do escritório Buranello Passos Advogados, especializado em estruturação financeira.
A tendência de antecipação deve se confirmar com outros grupos, como na usina Vertente, de Guaraci (SP), que pretende antecipar em 15 dias a moagem, iniciando entre 15 e 18 de março. “Vamos aproveitar o preço do álcool para ajudar no caixa”, diz Hugo Cagno, diretor-executivo da Vertente. “Percebemos que essa tendência já causa efeito psicológico. Há unidades desovando volumes significativos e os preços vêm caindo”, diz Evelise Bragato, pesquisadora do Cepea/USP (Valor, 3/3/10)

One thought on “SOB CHUVA, USINAS INICIAM MOAGEM DA SAFRA 2010/11

  • Março 27, 2010 at 3:58 pm
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    acho fazer safra devagar, é moagem com lucro sem perda, já puxei turma da usina de campos cbaa, onde queriam moer e moer , trazendo cana embaixo de chuva é trazer terra é trazer desgaste de equipamento, vocês estão de parabens.

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