CLIMA E SOLO

plantacao-de-cafe-secs11Embora o cafeeiro possa vegetar em uma extensa área geográfica compreendida em sua maior parte pelos trópicos, abrangendo uma ampla variação de clima e solo, a sua produção econômica, entretanto, se restringe a uma área bem menor, dentro daqueles limites, onde os fatores ecológicos são mais favoráveis.
Temperatura

Temperaturas médias anuais situadas entre 18 e 22ºC parecem ser as mais favoráveis ao cafeeiro. Entretanto, não se deve considerar apenas a média anual, pois muito importantes são os extremos, especialmente as temperaturas mínimas que se apresentam na região.
Assim, sendo o cafeeiro uma planta pouco tolerante ao frio, não deve ser plantado em regiões sujeitas a geada ainda que ocasionalmente, pois poderá ser fortemente prejudicado.
Mesmo temperaturas não muito baixas, de apenas uns poucos graus acima de zero, embora não sejam suficientes para produzir a geada já causam alguns danos aos cafeeiros, especialmente às suas partes mais novas.
Por outro lado, em regiões onde temperaturas acima de 30ºC são freqüentes, durante períodos longos, a produção do cafeeiro é prejudicada principalmente porque grande número de botões florais abortam, não produzindo frutos.
A geada tem se constituído em permanente preocupação para os agricultores, sobretudo para os cafeicultores do sul de São Paulo e Paraná.

Geada

Embora o Estado de São Paulo não tenha inverno considerado rigoroso, muitos estragos têm-se verificado nas plantações nesse período devido às geadas ocorridas.
Para evitar esses problemas muitos métodos têm sido apregoados, mas nem todos são baratos, podendo trazer inconvenientes econômicos.
Geada é um fenômeno metereológico ocasionado pelo abaixamento da temperatura em conseqüência da invasão de massas de ar polar. Aparece em noites frias, calmas, e quando o céu está completamente limpo e estrelado.

Existem dois tipos de geadas: a branca e a negra. A geada branca é formada quando o ar está relativamente úmido, com o ponto de orvalho acima da temperatura de congelamento. Havendo o abaixamento da temperatura, poderá haver deposição de gelo, ou as gotículas de orvalho que estão sobre a superfície das plantas poderão se congelar, dando formação à geada branca. A geada negra aparece quando há o abaixamento da temperatura, mas o ar está com pouca umidade, não havendo formação de gelo.
Medidas de Proteção

Primeiramente escolhe-se o local para o plantio das culturas, lembrando que o ar frio é mais pesado que o ar quente e que os efeitos da geada nos vegetais dependem da temperatura e do tempo de exposição a essa temperatura.
As matas funcionam como verdadeiras represas para o ar frio, dificultando o seu escoamento para áreas mais baixas. Assim sendo, a abertura de corredores (derrubada de árvores em faixas) dentro das metas, possibilitará a saída do ar frio, canalizando-o para as baixadas. Caso isso não seja feito, as culturas que se localizarem a montante sofrerão os efeitos do ar frio represado, agravando consideravelmente as conseqüências da geada. Esses corredores deverão ter uma largura aproximada de 100 metros.
No planejamento de uma propriedade agrícola, se houver possibilidade e interesse em construir uma barragem, ela deverá ser localizada acima da cultura que se quer proteger das geadas. Isso porque a água conserva o calor do sol por mais tempo do que o solo. Assim, o ar frio, em seu caminho descendente, será aquecido na sua passagem sobre a água da barragem e alcançará e cultura com uma temperatura mais elevada e mais umedecida.

Absorção de Calor pelo Solo

Sempre que possível a vegetação sem interesse para o lavrador e as coberturas mortas deverão ser retiradas do solo, pois elas funcionam como uma camada isolante do calor liberado pelo solo durante a noite. O solo nu absorve o calor do sol durante o dia e devolve-o durante a noite, reduzindo, dessa forma, o resfriamento.

Nebulização

É mais uma opção para proteger a lavoura, fazendo-se à noite por meio de uma nuvem artificialmente produzida que cobrirá a plantação funcionando como cobertura, evitando a saída do ar quente, assim evitando a entra do ar frio e o contato com as plantas.
O material para nebulização deverá estar preparado durante o período mais provável de geadas. No Estado de São Paulo esse período vai de maio a setembro.
No preparo da nebulização são usados os seguintes materiais: mistura
neblígena e nebulizadores.

Composição da mistura neblígena:
– serragem de madeira seca e peneirada 100 litros
– salitre do chile 8Kg
– (ou nitrato de amônio 10kg)
– (ou ainda o fertilizante – nitrocálcio 12Kg)
– óleo queimado ou óleo diesel 6 litros

A melhor madeira para serragem é a do pinho, por possuir menor quantidade de resina e queimar melhor. Esses ingredientes devem ser bem peneirados e homogeneizados, colocando-se o óleo por último. Pode-se utilizar para essa operação um terreiro de café.
O sucesso da nebulização depende da forma como se apresenta a mistura. Ela não pode estar muito úmida, porque não queima bem e nem muito seca,
por que ai ocorrem labaredas, formando fumaça e não neblina.
Divide-se depois a mistura em quantidades de 50 litros, que serão guardadas separadamente, em sacos de adubos químicos ou em sacos plásticos, a fim de que se conserve a umidade.

Quando se ouvir notícia de que haverá geada, deve-se preparar os nebulizadores, que são os aparelhos usados para queimar a mistura neblígena na noite de geada.
Esses nebulizadores são feitos com tambores de óleo vazios de 200 litros, serrados ao meio. Os tambores devem ficar nos lugares adequadamente escolhidos, emborcados, cobrindo cada um deles um saco dá mistura já preparada.
Para escolha dos pontos de distribuição das baterias de nebulizadores é preciso um planejamento baseado no mapa da bacia hidrográfica ou na fotografia aérea, na escala de 1:25.000, que existem nas Casas de Agricultura do Secretaria  Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, ou nas folhas cartográficas do IBGE, na escala de 1:50.000. Esses pontos deverão ficar distribuídos uniformemente em toda a área da bacia hidrográfica.

Cada bateria deverá constar de um grupo de 10 nebulizadores, mais um regador com água para ser usada no momento da nebulização.
As baterias devem ser colocadas nos espigões entre 50 e 100 metros abaixo do divisor de água, dentro da área da bacia hidrográfica, que se deseja Nebulizar.
O número de baterias depende da área da bacia a ser coberta. De um modo geral, pode-se prever a necessidade de uma bateria de l0 nebulizadores pêra cada 300 a 500 hectares de bacia hidrográfica.

O número de nebulizadores depende do tamanho da bacia hidrográfica, e não da área de plantação.
Previsão do Tempo

Geralmente, as geadas podem ser previstas com uma antecipação de 48 horas. Essa previsão é feita, normalmente, pelo Instituto Nacional de Metereologia e outros órgãos, divulgada através dos meios de comunicação.
Assim que se tomar conhecimento desse fato, deve-se colocar alguns termômetros a 0,50m do solo, na região mais baixa do terreno a ser protegido, entre as plantas.
Em noites de geada, a temperatura cai, em média, 1ºC por hora. Assim sendo, quando o termômetro colocado na parte mais baixa da cultura atingir 2ºC positivos, antes das 04:00hs da manhã, devem-se acender, imediatamente, os nebulizadores. Se essa temperatura ocorrer após as 03:00hs da manhã, acendo-se apenas metade dos nebulizadores. Se a temperatura de 2ºC positivos ocorrer depois das 05:00hs da manhã, não será mais necessário usar o processo.
Para que os nebulizadores sejam acesos quase que simultaneamente a pessoa que está tomando conta do termômetro dá um aviso, que pode ser soltando um rojão, batendo um sino ou usando outro sinal já combinado.
Para acender-se a mistura usa-se uma xícara de álcool ou gasolina, espalhando esse líquido uniformemente sobre a superfície da mistura. Em seguida, ateia-se fogo. Depois de 5 minutos, se houver chama, esborrifa-se água com o regador, em pequenas quantidades, para apagá-la. Inicia-se, então, a produção de neblina, que vai proteger a plantação.
Além desse, há outros métodos de controle das geadas, tais como irrigação, ventilação, aquecimento. Entretanto, como são quase inexeqüíveis pelo seu alto custo.

Precipitação

Não se pode estabelecer um ótimo grau de precipitação anual, uma vez que isso depende também de outros fatores, principalmente da distribuição de chuvas pelos diferentes meses do ano.
Esta distribuição deve ser tal que não haja um período demasiadamente longo sem chuva. Quando a época de maturação e da colheita coincidem com um período de seca relativa no inverno, a deficiência de chuvas não chega a prejudicar sensivelmente o cafeeiro, favorecendo a colheita e criando condições propicias a obtenção de um produto de melhor qualidade.

Altitude

De uma maneira geral, para as principais regiões cefeeiras de São Paulo, as altitudes inferiores a 500 metros são desfavoráveis à cultura dos cafeeiros da espécie arábica.

Solo

O cafeeiro exige solos profundos com boa aeração e drenagem. Em geral os solos bons para as grandes culturas brasileiras são também adequados à cafeicultura.
Em igualdade de condições deve se dar preferência aos solos mais férteis. Entretanto, como a pobreza do solo pode ser corrigida por adubação, pode se tornar economicamente mais vantajoso cultivar os cafeeiros em um solo mais pobre, porém com melhor topografia, melhores propriedades físicas, maiores facilidades do transporte.
Neste caso o maior gasto com fertilizantes poderá ser compensado pela economia resultante dos menores gastos com práticas conservacionistas onerosas teimares facilidades nos tratos culturais, transporte.