GM QUER ABERTURA DE MAIS POSTOS DE ABASTECIMENTO COM ETANOL NOS EUA
Os Estados Unidos precisam ampliar sua rede de postos de abastecimento de etanol se desejam reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa e firmar uma posição de independência em relação ao petróleo importado. A tese foi defendida pelo vice-presidente da montadora General Motors (GM), Tom Stevens, durante a Conferência Nacional de Etanol realizada no mês de fevereiro, em Orlando (Flórida).
“A GM está investindo cerca de US$ 100 milhões por ano (R$ 180 milhões) para implementar a tecnologia flex em seus veículos. Não podemos permitir que este capital não dê resultado,” afirmou Stevens. Segundo ele, até 2012 metade da linha de automóveis da montadora nos Estados Unidos poderá rodar com a mistura E85, a mistura comercializada nos EUA que contém 85% de etanol e 15% de gasolina.
Atualmente existem mais de 200 mil postos de abastecimento nos EUA. Destes, apenas cerca de 2.200 oferecem o E85, a maioria deles concentrada nos estados da região do meio-oeste americano, onde fica a maior parte da produção de milho, matéria-prima do etanol no país. Estes estados representam somente 19% da frota total americana de veículos flex, que é de aproximadamente 7,5 milhões de carros.
“Queremos que o etanol esteja disponível para todos. Nosso objetivo é ter um posto de abastecimento que venda o E85 a menos de quatro quilômetros de nossos consumidores,” disse Stevens. A GM tem trabalhado junto com a National Governors’ Association, organização voltada às políticas públicas que reúne governadores americanos, com produtores e distribuidores de etanol para instalar mais bombas do biocombustível no país.
VENDA FACULTATIVA
Pedro Bentancourt, gerente de Relações Governamentais da GM Brasil, explica que nos Estados Unidos a legislação é distinta da brasileira, pois não há uma obrigação legal para que os postos vendam etanol, gasolina ou diesel. “Nos Estados Unidos cada posto tem um dono e somente se houver interesse comercial em oferecer etanol o combustível será disponibilizado. O preço do etanol no país ainda é uma barreira para sua atratividade como combustível,” frisou.
Para Bentancourt há um forte compromisso da GM com os biocombustíveis, o que explica o empenho da montadora para uma maior disponibilidade de etanol nos EUA. “O etanol e os automóveis flex são as tecnologias mais eficientes e acessíveis atualmente. Isso já é uma realidade no Brasil e pode ser adotado por vários países,” avaliou.
TARIFA AINDA É ENTRAVE
Um dos problemas para uma maior disseminação do etanol na rede de distribuição de postos americana está também ligada à questão tarifária. Adhemar Altieri, diretor comunicação da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), explica que o etanol de cana já provou ser um biocombustível avançado, que reduz os gases de efeito estufa em 61% se comparado à gasolina. Contudo, a tarifa de US$ 0,54 por galão (3,78 litros) imposta pelo governo americano ainda é decisiva na competitividade do produto.
“A tarifa interfere no preço final do etanol que é exportado aos EUA. À medida que o etanol passe a ser um combustível atraente em termos de preço, os consumidores e revendedores passarão a utilizá-lo.” (Unica, 8/3/10)