Eucalipto: vespa ajuda a controlar percevejo bronzeado

Dois meses depois dos primeiros ataques do percevejo bronzeado aos plantios de eucalipto, registrados em fevereiro de 2008, no município de Jaguariúna, São Paulo, foram detectadas árvores inteiramente desfolhadas nos hortos florestais da região. Nativa da Austrália, a praga exótica chegou ao continente africano, Argentina e Uruguai antes de atingir o Brasil. O laboratório de Quarentena “Costa Lima” da Embrapa Meio Ambiente lidera as pesquisas e já deu início ao requerimento, junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), para importar um agente natural de controle.

Pequeno, de corpo achatado e medindo aproximadamente três milímetros de comprimento, o inseto se locomove rapidamente, perfurando e sugando a seiva das folhas e ramos finos. A agressividade da ação provoca prateamento seguido de ressecamento da copa, que compromete toda a produção da floresta.

Luiz Alexandre Nogueira de Sá, pesquisador da unidade, conta que já existe monitoramento do número e incidência do parasitóide em algumas áreas. Dados preliminares já foram levantados desde o começo das apurações no ano passado. Dentro da extensa área plantada com eucalipto, o Camaldulensis, espécie mais vulnerável, ocupa em média 200 mil hectares.

Para o desenvolvimento de práticas de manejo adequadas, estamos solicitando vistorias no campo aos profissionais responsáveis por esse segmento de proteção florestal nas empresas. As informações sobre a praga são fundamentais para o planejamento de estratégias de controle. Quanto mais restrita a incidência, maiores as chances de sucesso — afirma.

Nogueira explica que após a autorização do MAPA para trazer a vespa australiana com grande potencial de combate, o material passará por rigoroso processo de limpeza para retirada dos contaminantes. Mesmo sendo um parasitóide benéfico, possui uma série de esporos, vírus e bactérias.

O material liberado normalmente é a terceira ou quarta geração da vespa que chega ao laboratório. A liberação é feita em três ou quatro locais específicos por hectare de floresta, soltando entre 1000 a 2000 indivíduos por ponto. Se houver adaptação climática, condições de cruzamento e descendência, ocorre o deslocamento e estabelecimento — explica.

Ainda segundo o pesquisador, uma nova praga já se estabeleceu em países como o Chile, Estados Unidos, México, África do Sul e parte da Ásia. Conhecida como vespa da galha, também causa grandes prejuízos ao eucalipto e tem potencial de entrada no país.