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Frete de soja sobe e preocupa produtores

 

Alguns fatores têm contribuído com o aumento do preço do frete neste início de 2010, entre eles a falta de local apropriado para estocagem da soja, visto que muitos silos do Estado ainda estão com milho não comercializado na safra anterior, além de infra-estrutura ruim das estradas, números de caminhões insuficientes, entre outros.
De acordo com levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), os preços tiveram variação média de 3,5% na maioria das regiões, porém em alguns municípios como Sorriso (460 quilômetros ao norte de Cuiabá), registram alta acima de 15%.
As estatísticas do Imea indicam que para cada 166 sacas de soja transportadas até ao porto de Santos (SP), o produtor da região de Rondonópolis (210 quilômetros ao sul de Cuiabá), por exemplo, tem de desembolsar atualmente 50 sacas para pagar o frete.
Esse cálculo é feito tomando-se por base os preços pagos atualmente pelo transporte de uma tonelada de soja, R$ 160. Conforme o instituto, no ano passado, nesta mesma época do ano, os preços do frete estavam situados na faixa de R$155.
O vice-presidente Oeste da Associação dos Produtores de Soja do Estado de Mato Grosso (Aprosoja/MT), Ricardo Arioli Silva, diz que é um problema que geralmente acontece todos os anos nesta época em função de questões que já se arrastam há algum tempo, mas que em 2010 se agravou um pouco mais, principalmente pela alta quantidade de milho estocado.
Segundo ele, Mato Grosso tem praticamente a opção de transporte rodoviário de grãos, já que não há hidrovias e a Ferronorte opera com preços de frete semelhantes aos dos caminhões, quando na verdade deveriam ser mais baixos.
Outro fator é que o frete fica “mais caro ou mais barato” dependendo da cotação do dólar. Dólar baixo prejudica, principalmente, aqueles que estão localizados em regiões mais distantes dos portos de escoamento.
Os especialistas afirmam que com frete em real e a formação de preço em dólar, quanto mais fortalecido o real frente ao dólar, pior para a logística de Mato Grosso e para o frete.
O Estado já colheu mais da metade das 18,4 milhões de toneladas previstas. Como grande parte da produção foi negociada no mercado futuro, os produtores têm pressa de embarcar os grãos. Muitos estão com os silos abarrotados com o milho que não foi vendido por causa dos preços baixos.
O aumento na produção da soja e a coincidência da colheita com outras regiões produtoras fizeram crescer a demanda pelo transporte. Na semana passada, apenas na região de Rondonópolis, cinco mil carretas circulavam.
No caso do município de Sorriso, por exemplo, que está a mais de 2 mil quilômetros do porto de Santos, o desembolso com frete é ainda maior.
Com os preços cotados atualmente em R$ 220 por tonelada, o produtor tem de desembolsar o montante correspondente a 90 sacas de soja para pagar o transporte das 166 sacas.
 

15/03/2010

Fonte:A Gazeta – Wisley Tomaz