Como antecipar o primeiro cio pós-parto em ovelhas Santa Inês

iatf1Por Tânia Maria Leal
A ausência de atividade sexual, caracterizada pela não manifestação de estro ou cio, é denominado anestro pós-parto. Esse é um mecanismo fisiológico e não uma doença. Passa a ser considerado um problema quando o anestro pós-parto se prolonga por muito tempo, prejudicando a fertilidade.
A produtividade de um rebanho ovino pode ser expressa pelo aumento da eficiência reprodutiva que está diretamente ligada à duração do período de anestro pós-parto e, conseqüentemente, do intervalo entre partos, que permite um maior número de crias nascidas por ovelha/ano, proporcionando, desta forma, uma maior lucratividade ao sistema de produção.
Em ovelhas a duração do anestro varia geralmente de acordo com o nível nutricional e a freqüência de amamentação. A Embrapa Meio-Norte realizou pesquisas para avaliar o efeito da suplementação alimentar e da freqüência de amamentação no retorno ao cio pós-parto em ovelhas da raça Santa Inês.
A maioria dos rebanhos ovinos da região Nordeste apresenta um nível nutricional inadequado, mesmo aqueles menos exigentes do ponto de vista genético.
Uma nutrição adequada é fundamental para o reinício da atividade ovariana pós-parto. As fêmeas devem estar bem nutridas no final da prenhez e no pós-parto (fases de maior demanda nutricional), para que possam reduzir o período de anestro após o parto.
Quanto maior for a perda de peso no início do pós-parto e quanto menor for a reserva corporal, mais tempo o organismo levará para apresentar cio.
Uma nutrição adequada, de forma que a ovelha consiga parir com uma boa condição corporal, e mantenha esta condição durante o pós-parto, permite um maior aporte de leite para suas crias, acarretando um maior desempenho dos cordeiros e um retorno precoce à atividade reprodutiva.
O estímulo mamário decorrente da amamentação altera a função ovariana levando a um atraso no restabelecimento da atividade reprodutiva após o parto.
A intensidade e freqüência de amamentação podem retardar o aparecimento do cio pós-parto.
A amamentação leva a alterações em diversos hormônios que exercem efeitos inibidores sobre a atividade ovariana contribuindo para um prolongamento do anestro pós-parto.
Como estratégias para melhoria do desempenho dos sistemas de produção, as práticas associadas ao manejo reprodutivo são de fundamental importância. Para atender à demanda crescente do mercado por carne ovina é necessário aumentar o nascimento de cordeiros, o que pode ser conseguido através da redução do intervalo de partos. Essa redução depende obviamente da utilização de técnicas apropriadas de manejo, como a amamentação controlada, que visa diminuir o efeito acumulado da freqüência e intensidade da amamentação, e a suplementação alimentar da ovelha no pós-parto, que objetiva suprir as exigências nutricionais que são aumentadas devido à lactação.
Após o parto ocorre um aumento na demanda nutricional da ovelha que se não for atendida o animal passa a usar as reservas corporais, ocasionando uma perda de peso e como conseqüência temos o restabelecimento da atividade reprodutiva retardada. Sendo assim, a suplementação alimentar após o parto é necessária para garantir um bom desempenho reprodutivo no pós-parto.
Práticas de manejo que contribuem para antecipar o cio após o parto:
1) Amamentação controlada
A amamentação controlada consiste em separar as crias das mães, a partir do 15º dia de vida da cria, e colocá-las para mamar apenas duas vezes ao dia, pela manhã e a tarde, durante 30 minutos de cada vez.
Logo no início desta separação é importe oferecer forragem e uma pequena quantidade de concentrado para as crias (1% peso vivo) para promover o desenvolvimento ruminal e melhorar o desenvolvimento ponderal das crias.
Desta forma, a amamentação controlada proporciona às ovelhas um retorno ao cio pós-parto mais precoce, melhorando a eficiência reprodutiva e produtiva dos ovinos.
2) Suplementação alimentar no pós-parto
Após o parto ocorre um aumento na demanda nutricional da ovelha que se não for atendida o animal passa a usar as reservas corporais, ocasionando uma perda de peso e como conseqüência temos o restabelecimento da atividade reprodutiva retardada.
Existem diversas forma de reduzir as perdas verificadas no pós-parto. Dentre estas, merecem destaque a suplementação alimentar que pode ser feita através do fornecimento de feno, silagem e concentrados protéicos e energéticos, além do cultivo de forrageiras que podem ser utilizadas como banco de proteína.
Desta forma, a suplementação alimentar no pós-parto e a substituição do sistema de amamentação contínua, pela amamentação controlada, favorecem a antecipação de uma nova concepção, reduzindo o intervalo de partos, permitindo que a ovelha possa produzir um maior número de crias/ano e, conseqüentemente, melhorando a eficiência reprodutiva e produtiva dos ovinos. Esse manejo deve ser adotado pelos produtores que visam uma melhor produtividade dos seus rebanhos.

Pesquisadora da Embrapa Meio-Norte – Teresina/PI
E-mail: tleal@cpamn.embrapa.br

Fonte: Embrapa Meio-Norte