Centro-Oeste renova frota de máquinas
Reduzidos os problemas de endividamento dos produtores do Centro-Oeste e passado o pior da crise financeira global, a demanda por máquinas agrícolas para a principal região produtora do país começa a dar sinais de retomada.
Enquanto apenas 9% das 55,3 mil máquinas – entre tratores e colheitadeiras – vendidas no ano passado foram para o Centro-Oeste, as principais empresas do segmento trabalham com uma expectativa de que Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás sejam o destino de pelo menos 15% de tudo o que for vendido em 2010.
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Mesmo com a recuperação, a região ainda não deve voltar neste ano aos patamares alcançados em 2003 e 2004, quando 20% de todas as vendas eram destinadas ao Centro-Oeste. “Para se comprar uma máquina você precisa de um fluxo de caixa equilibrado, proveniente da safra anterior, crédito a taxas competitivas e uma boa perspectiva de futuro. Nós temos tudo isso neste ano”, afirma Milton Rego, vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
O otimismo das montadoras se baseia em fundamentos muito claros nesta safra. Além de custos de produção mais baixos na atual colheita, a produtividade das lavouras na região estão boas. A própria Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) já revisou sua estimativa e elevou em 2,3% sua previsão para a produtividade da safra de grãos no Centro-Oeste e em 7,6% o rendimento da soja, em relação ao levantamento de janeiro.
Mesmo com o câmbio menos favorável para as exportações e os preços da soja no mercado internacional em um patamar inferior aos US$ 10 por bushel atingidos em dezembro de 2009, as cotações seguem acima das médias históricas. Diante desse quatro, a expectativa das empresas é de aumento na renda dos agricultores nesta safra.
Além do ambiente favorável às compras, existe uma demanda retraída no Centro-Oeste, já que nos últimos anos foram mínimos os investimentos feitos pelos produtores da região. “Não houve uma renovação na frota de tratores e colheitadeiras nos últimos quatro anos. Devemos ver ao longo de 2010 investimentos em implementos para o plantio e consequentemente em tratores de maior porte para puxar esses equipamentos”, diz Carlito Eckert, diretor comercial da Massey Ferguson.
E as expectativas já estão se traduzindo em números. Em todo o ano passado, apenas 8% das vendas de colheitadeiras da New Holland foram direcionadas para o Centro-Oeste. Segundo Luiz Feijó, diretor-comercial da empresa, nos dois primeiros meses de 2010 a região já está com uma fatia de 10% das 341 colheitadeiras vendidas no primeiro bimestre do ano. “Nesta safra já sentimos uma reação no mercado de colheitadeiras por conta da sazonalidade. No casos dos tratores, devemos sentir os primeiros sinais de retomada mais perto do fim do primeiro semestre”, afirma Feijó.
Mas não é apenas o segmento de grãos que impulsiona a demanda por máquinas. O avanço das usinas de cana-de-açúcar, especialmente em Goiás e Mato Grosso do Sul, é outro mercado que se desenha para a indústria de máquinas. “Muitas empresas anteciparam a colheita neste ano e com isso anteciparam suas compras de tratores e colheitadeiras de cana”, afirma Werner Santos, diretor nacional de vendas da John Deere.
Independentemente do segmento, um fator limita o aumento da demanda por máquinas no Centro-Oeste. Muitos produtores ainda não conseguiram regularizar a situação após os problemas de endividamento surgidos em 2005. “A indústria sente que muita gente ainda não consegue acessar as linhas de crédito e que os bancos também ficaram mais conservadores”, afirma Rego.
22/03/2010
Fonte:Valor Econômico
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