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Estudo indica que etanol pode substituir 5% da gasolina no mundo

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25/03/10 – O professor titular da Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp, Luís Cortez, diz que o etanol de cana-de-açúcar produzido no Brasil pode substituir 5% ou mais da gasolina consumida em todo o mundo até 2025. A afirmação foi feita durante apresentação na Convenção Latino-Americana do Global Sustainable Project (GSB), realizada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
A reunião latino-americana é a terceira das cinco programadas pelo GSB para 2010 em países de quatro continentes, com vista a produzir uma espécie de painel global sobre sustentabilidade energética, a exemplo dos já existentes sobre mudanças climáticas e biodiversidade.
De acordo com Cortez, no Brasil, as fontes renováveis respondem por 46% da demanda de energia – porcentual 3,5 vezes maior do que o registrado no mundo, de 13% – e, dentro disso, a cana-de-açúcar por 15%. A produção do etanol se encontra diante da perspectiva de um novo ciclo de expansão, regido pela “oportunidade”.
As plantações de cana para a produção de etanol ocupam, atualmente, apenas 0,4% do campo brasileiro: 3,4 milhões de hectares, ante 22 milhões de hectares da soja e 200 milhões de hectares de pastagens. A questão, segundo Cortez, é: quanto etanol sustentável pode ser produzido no País?
Cenários – Um estudo coordenado pelo professor Rogério Cezar de Cerqueira Leite, de que o próprio Cortez participa (Nipe-Unicamp/CGEE Ethanol Project), desenhou dois cenários: o primeiro, com a substituição pelo etanol de 5% da gasolina consumida no mundo em 2025. O segundo, com uma substituição de 10%. No primeiro, a produção teria de subir dos atuais 26 bilhões de litros por ano (cifra que corresponde à contribuição conjunta do Brasil e dos Estados Unidos) para 102 bilhões litros/ano. No segundo, seriam necessários 205 bilhões de litros anuais.
Foram consideradas tanto a manutenção do atual quadro tecnológico quanto eventuais melhorias, como a desejável adoção de um novo patamar, com a incorporação das chamadas tecnologias de segunda geração (conversão da celulose residual e não apenas do caldo da cana em etanol).
Viabilidade – A conclusão do estudo é que a expansão é perfeitamente viável. A efetivação do primeiro cenário (substituição de 5% do consumo mundial de gasolina) demandaria um investimento anual (em agricultura, indústria e logística) de US$ 5 bilhões. Em compensação, acrescentaria US$ 31 bilhões ao valor anual das exportações e US$ 75 bilhões ao Produto Interno Bruto (PIB).
Mantido o atual patamar tecnológico, conforme o trabalho, a área destinada ao plantio de cana-de-açúcar para a produção de etanol teria de crescer dos atuais 3,4 milhões de hectares para 17 milhões de hectares. Incorporadas as tecnologias de segunda geração, bastariam 13 a 14 milhões de hectares. Vale lembrar que, a produção, hoje fortemente concentrada no Estado de São Paulo e em algumas áreas do Nordeste, poderia se generalizar e interiorizar (sem avançar sobre a Amazônia e outros santuários ecológicos) com a simples irrigação de regiões agora impróprias para o plantio.
Bem conduzida, a expansão traria também importantes benefícios sociais, com a geração de 5,3 milhões de empregos. Segundo o estudo, é desejável a otimização do uso da terra no Brasil, reduzindo as áreas de pastagem sem diminuir a produção de leite e carne. A integração de lavoura (canavial) e processamento (destilaria) e de agricultura e pecuária (inclusive com o bioprocessamento do esterco bovino para a produção de biogás e fertilizante), bem como a rotatividade de cultivos nas áreas não ocupadas pela cana (soja, milho, amendoim etc), teriam de ser, obviamente, consideradas. A integração cana-pastagem não é uma perspectiva hipotética, mas algo que já vem ocorrendo, em certa medida, no País.

Fonte: Redação Sociedade Sustentável – Terra