GRUPOS ESTRANGEIROS AVANÇAM EM MG

A participação do capital externo na produção de cana-de-açúcar em Minas Gerais aumentou de 15,1% para 23% nas duas últimas safras, conforme levantamento do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool em Minas Gerais. Na safra 2007/08, cinco grupos estrangeiros colheram cerca de 5 milhões de toneladas. No ciclo 2009/10, a estimativa é que a moagem das empresas estrangeiras fique em 11,7 milhões no Estado, com a participação de oito grupos.
“O investimento no setor está se dando agora principalmente por meio de aquisições e as empresas de capital estrangeiro, com as propostas de compra, oferecem uma saída à falta de investimento para os produtores que estavam excessivamente alavancados”, comentou o presidente do sindicato, Luiz Custódio Cotta Martins. O empresário prevê uma nova onda de aquisições com a decisão do grupo Tereos em centralizar suas atividades no Brasil. “Eles já sinalizaram que vão comprar mais”, afirmou.
A produção de cana no Estado manteve a expansão e na safra 2009/10 resultou em uma colheita de 50,9 milhões de toneladas de cana, ou 2,9 milhões acima da previsão divulgada pelo sindicato há um ano. Para 2010/11, a previsão é de que se consiga 56 milhões de toneladas. É um crescimento exponencial: há oito anos, a safra foi de 15,5 milhões de toneladas. Diminuiu a concentração da produção no Triângulo Mineiro, de 70% para 66% do total da safra nos dois últimos anos.
De acordo com Cotta Martins, Minas Gerais tornou-se o segundo maior produtor brasileiro tanto de açúcar quanto de etanol. A produção de açúcar no ano passado ficou em 2,684 milhões de toneladas, ultrapassando as 2,4 milhões registrados no Paraná e atrás das 20,6 milhões de toneladas produzidas em São Paulo. A de álcool, por sua vez, alcançou 2,281 milhões de metros cúbicos, acima dos 2,196 milhões obtidos em Goiás e atrás dos 14,616 milhões de metros cúbicos de São Paulo.
“A produção no próximo ano deve crescer mesmo sem a renovação dos canaviais ou o início de novos projetos, porque o ritmo de chuvas deve ser menor e isso deve aumentar a produtividade por canavial”, afirmou Cotta Martins. O empresário afirma, ainda, que houve uma sobra de cana-de-açúcar do ano passado que poderá atingir até 3 milhões de toneladas. Três novas usinas devem entrar em operação na temporada que se inicia: a Vale do Tejuco, em Uberlândia, a Bevap, em João Pinheiro, na porção noroeste do Estado, e a Aroeira, em Tupaciguara, na região do Triângulo Mineiro (Valor, 31/3/10)