31/03/10 – Apesar da dificuldade encontrada na produção da cana-de-açúcar em 2009, em função das chuvas, a safra 2010-2011, iniciada oficialmente ontem, deve apresentar crescimento em todo o Brasil de 15% a 20% e, em Goiás, cerca de 33%. Expectativa é de que o Estado produza cerca de 48 milhões de toneladas de cana, sendo 2,8 bilhões de litros de etanol (contra 2,1 bilhões em 2009) e 1,8 milhão de quilos de açúcar (1,38 milhão em 2009). Do total, 46% abastecerão o território goiano, mais Distrito Federal e Tocantins, e o restante deverá ir para outros Estados, como São Paulo e Rio Grande do Sul. Previsão é que Goiás ocupe o 3º lugar entre os maiores produtores a partir de 2011, sendo que já é o 2º maior se apenas o etanol for considerado. Abertura da safra nacional ocorreu na Usina São Francisco, em Quirinópolis, com presença do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, vice-governador Ademir Menezes, representantes da bancada agrícola do Estado na Câmara e Assembleia Legislativa, além do presidente do Sindicato das Indústrias de Fabricação do Álcool de Goiás (Sifaeg), André Rocha, entre outros. Ministro parabenizou o crescimento e desenvolvimento do Estado no mercado sucroalcooleiro e disse acreditar que a “expansão na região é o caminho para o Brasil em termos de segurança e modernidade”. A comitiva participou da colheita mecânica simbólica, ativou os dispositivos da indústria de moagem e plantou árvores, em alusão à sustentabilidade do plantio da cana-de-açúcar. Stephanes reiterou que o País estará bem abastecido neste ano e que o problema do excesso das chuvas já é passado. Assim mesmo, ele acredita que isto teria sido solucionado caso houvesse boa política de estocagem, o que evitaria a volatilidade do preço do álcool e do açúcar. Etanol Após a alta no preço do álcool no início deste ano, em função da entressafra somada ao excesso de chuvas do ano anterior, o valor do mesmo voltou a cair com o começo da colheita. Ele chegou a R$ 1,19 em janeiro e agora é comprado dos produtores a R$ 0,89, em dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). De acordo com o presidente da Datagro, Plínio Nastari, o preço atual está abaixo do mercado e prejudica o produtor. Ele acredita que, de agora em diante, haverá estabilidade nesta queda até que o setor possa se tornar novamente atrativo para os agricultores. Isto deve ocorrer porque não há expectativa para excesso de produção e a expansão do mercado, como maior uso de carros flex e indústrias que se utilizam do etanol como combustível. Outra análise de Nastari se refere à maior produção de etanol desde 2008 ante o crescimento do açúcar, o que é fundamental para equilíbrio no preço do produto. O limite, diz, será dado pela capacidade industrial do País. Dados corroboram com a situação de Goiás, em que 70% da cana produzida é transformada em etanol e este é usado quase 100% enquanto combustível. “Posso dizer com tranquilidade que, se todos os goianos resolverem abastecer com álcool, teremos o suficiente”, diz André. Qualificação para conquistar emprego durante as colheitas Cerca de 70% do processo produtivo da cana-de-açúcar em Goiás é realizado de forma mecanizada, em substituição ao método manual praticado em maioria até o ano de 2004. Em razão disto, os profissionais, antes boias-frias, necessitaram se capacitar e qualificar profissionalmente para conquistar emprego nas usinas, especialmente como tratoristas. Segundo André Rocha, a prática da qualificação tem sido uma preocupação do Sifaeg e também das empresas, que buscaram meios de incentivar os trabalhadores. Gerente executivo agrícola da Usina São Francisco, do Grupo USJ, conta que para a implantação da indústria em Quirinópolis foi necessário trazer profissionais de outros Estados para cargos de chefia, mas eles apostaram nos trabalhadores da região para outras ocupações. Além disso, a economia do município atingiu outro patamar, como no mercado imobiliário, movimentando o comércio local. Outra mudança se deu na criação de escolas profissionalizantes, além de programas de planos de carreira nas empresas, facilitando crescimento profissional. Produtivo Após duas safras quase consecutivas, quase sem tempo para renovação da indústria e do plantio, a preocupação de especialistas é a próxima safra (2011-2012). Para Plínio Nastari, a colheita atual está garantida e não será problema para o mercado. No entanto, ressalta, a posterior poderá ser menos produtiva, desequilibrando o valor dos produtos no setor. Ele acredita que o crescimento da demanda é ainda maior que a expansão das usinas, mesmo afirmando que estas, também, estão em alta. Para tal, argumenta que há pouca área neste tipo de plantação e que a restrição é o licenciamento. |