Bioclimatologia do arroz permite plantio mais preciso

A bioclimatologia do arroz é o estudo da interação entre o clima e a planta de arroz, explica o pesquisador em agrometeorologia Silvio Steinmetz, da Embrapa Clima Temperado, que desenvolveu a tecnologia nos últimos 5 anos. Ele explica que a função da bioclimatologia é fazer uma caracterização bioclimática das variedades de arroz, ou seja, saber como o arroz se comporta em condições ambientais diferentes através de um ensaio bioclimático. Para isto, 10 plantas de cada uma das 12 variedades de arroz irrigado do Rio Grande do Sul foram semeadas em seis épocas diferentes e estudadas durante todo o ciclo para avaliar como elas são influenciadas pelas condições climáticas. Com isto, os pesquisadores conseguem determinar qual é a melhor época de plantio para cada variedade, em cada região específica, para que o produtor possa se programar e tirar o melhor proveito possível da sua plantação de arroz.

A segunda etapa deste trabalho é utilizar essa soma térmica definida para cada uma das cultivares na região e utilizar séries históricas de dados de temperatura máxima e mínima de várias localidades do Rio Grande do Sul. Pegamos os dados diários das temperaturas dos últimos 30 anos, soma a máxima e a mínima, divide por dois e se chega na média. A partir daí, calculamos a soma térmica, que nada mais é do que a diferença entre a temperatura média diária e 11º que a gente utiliza como a temperatura base do arroz para esta fase. Em função da data de emergência da cultivar que o produtor tem na sua área, quando deve ocorrer, baseado pela média histórica, a diferenciação da panícula — explica Silvio Steinmetz.

Segundo ele, principalmente a fase vegetativa é muito influenciada pelas condições de temperatura. Se um ano for mais quente do que o normal, esta fase ocorre antes e se for mais frio ocorre depois. E cada região tem a sua média histórica e a sua particularidade de clima, por isso é muito importante o produtor ter acesso a este estudo para saber como será o plantio da atual safra. Para o rizicultor ter uma ideia desta influência climática Steinmtez cita o exemplo da região de Santana do Livramento.

As variedades de ciclo precoce em que a emergência ocorreu no dia 20 de outubro, a diferenciação da panícula deverá ocorrer em 57 dias, no dia 16 de dezembro. No ano mais quente ela ocorreu no dia 7 de dezembro e no mais frio no dia 24 de dezembro. Aí, o produtor tem uma noção com 20 ou 40 dias de antecedência quando deve ocorrer a fase da planta em que deve ser usada a adubação nitrogenada de cobertura.  — exemplifica o pesquisador mostrando a grande diferença entre as épocas de panícula.

O conhecimento destas informações também tem influencia direta na produtividade. Steinmtez explica que o nitrogênio, através da utilização da ureia, é um fator importante para a produtividade e a medida em que se atrasa demais esta adubação de cobertura o potencial de produtividade diminui. Para ele o grande benefício da ferramenta é o conhecimento preciso da fase vegetativa. A grande questão, segundo ele, é que o produtor não utilize o número de dias da variedade calculado cronologicamente e sim através das médias determinadas através dos graus dia.O segundo passo dos estudos agora é seguir o exemplo do que ocorre nos Estados Unidos em que além das informações de graus dia baseado nos último 30 anos, há o cruzamento dos dados com o que está ocorrendo no ano da safra em andamento.

Queremos avançar para determinar datas de outras fases importantes também como quando deve entrar a água, a fase de emborrachamento, a fase de floração e de colheita. Há 40 anos, os EUA já utilizam este programa. Eles já tem uma ideia de como está sendo o ano em andamento, combinando os dados. O estudo diz que acordo com a média histórica o ideal seria uma determinada data, mas como este ano está mais quente então ele deverá ocorrer determinado dia antes desta data. É um passo adiante. É a comparação do que ocorreu na média histórica e o que está ocorrendo no ano da safra em andamento — diz.

Boa parte das informações já estão disponíveis na página da internet da Embrapa Clima Temperado (www.cpact.embrapa.br) na parte de agrometeorologia, dentro do link laboratórios. O produtor pode selecionar o período de emergência da cultura e ter acesso aos mapas indicados da cultura através do item chamado graus dia em arroz. No site também estão três documentos publicados com os estudos realizados pelos pesquisadores em que os produtores podem acessar para conhecer as informações: o Boletim 88, Boletim 89 e o Documento 126.

Embrapa Clima Temperado arroz112