LIMPEZA E DESINFECÇÃO NAS GRANJAS

granjaÌrio Muller, Médico Veterinário.

Universidade Uniquímica de Negócios
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INTRODUÇÃO

Limpeza e desinfecção, um conjunto de atividades e técnicas, comumente conhecido como “Programa De Limpeza E Desinfecção” (PDL).

Deve ser específico para cada situação ou ambiente.

No meio zootécnico, é um componente indispensável para se alcançar eficiência e lucratividade.

 

OBJETIVOS

Em se tratando de exploração pecuária, o objetivo principal, é o de reduzir a níveis adequados, a pressão infectiva no ambiente, garantindo a saúde e o bem-estar, indispensáveis para um melhor desenvolvimento e ou produção dos animais.

 

 

COMENTÁRIOS

Ao se falar em suinocultura, a metodologia depende da característica do processo de produção, podendo ser o Sistema de Manejo Contínuo (SMC), ou Todos Dentro – Todos Fora (SM TD – TF).

No sistema de manejo contínuo (SMC), onde há animais de diferentes idades, alojados na mesma granja ou até instalação; muitas vezes ocorre a transferência de lotes jovens, para instalações sem uma prévia limpeza e desinfecção.

Neste caso, os animais mais velhos acumulam e transferem uma flora microbiana, para os mais jovens, servindo de fonte contaminante, o que pode elevar a pressão infectiva a níveis críticos.    A partir do momento em que a concentração de patógenos  ultrapassar o limiar de infecção, poderão ocorrer diversas patologias como, diarréias, onfalites, artrites,  pneumonias, etc, a taxa de morbidade e a morbidade tende a aumentar progressivamente.

Neste sistema, costuma ocorrer o fenômeno das “instalações cansadas”, que se caracteriza por um quadro de ausência, ou de poucos sinais clínicos específicos, em que animais de uma mesma faixa etária, apresentam quedas crescentes nos índices de produção.

Deste modo, problemas sanitários de ocorrência esporádica, passam a ser constantes.

Além disso, a passagem de microorganismos entre animais, tende a incrementar sua virulência; podendo surgir surtos cada vez mais graves, de doenças entéricas e respiratórias.

Nesta situação, muitas vezes faz-se necessário a remoção temporária dos animais, um rígido programa de limpeza e desinfecção, e um descanso das instalações, que pode ser superior a 30 dias.

Nota: é recomendado o constante processo de limpeza e desinfecção, do material de limpeza, dos corredores, calçados e das instalações, tanto na presença de animais, como também imediatamente após retirada destes, em especial, quando houver a ocorrência de problemas sanitários, no intuito de diminuir a concentração de germes no ambiente.

No sistema de manejo todos dentro – todos fora (SM TD – TF), todos os animais entram ou saem ao mesmo tempo em uma instalação.

Neste caso, pode se fazer a limpeza e desinfecção completos, havendo a possibilidade de se obter um status de granja nova, em termos de microbismo.

 

 Materiais Equipamentos e Indumentárias

      – baldes, vassoura, escova, pá e enxada;

      – bomba costal, bomba de pressão, mangueira, etc;

          botas de borracha, luvas, macacão, capa impermeável e máscara para poeira e outra para gases;

          lança chamas.

 

Métodos

A)LIMPEZA

A limpeza divide-se em Seca e Úmida, e deve iniciar no máximo em três horas, após a saída dos animais da instalação.     

– Inicia-se com a limpeza seca, retirando os equipamentos, tais como aquecedores, comedouros desmontáveis e outros acessórios, para serem lavados e desinfectados em local apropriado.

– A seguir, recolhe se os restos de ração dos cochos.     

– Deve se fazer a remoção mecânica dos dejetos e demais sujidades, com o uso de pás, enxadas, vassouras, etc.

– Segue se com a limpeza úmida, fazendo a pré-lavagem com alta pressão, para retirar ao máximo a matéria orgânica.  

– Aguarda-se o completo escoamento da água ou secagem das superfícies pré-lavadas.

– Aplica se solução detergente, no volume de 250 a 1250 ml por metro quadrado. Este volume de solução depende da quantidade de matéria orgânica presente, e a aspereza da superfície do piso e paredes.

O uso da solução de detergente tem várias finalidades, como:                                                

   => romper o biofilme;

   =>  emulsificar e saponificar as gorduras presentes na matéria orgânica;

ð      umedecer e desagregar mais rapidamente, a matéria orgânica aderida aos equipamentos e superfícies das instalações;

ð      diminuir o consumo de água e tempo, no processo de lavagem,” humanizando”  esta tarefa, normalmente tão penosa;

ð       economizar mão-de-obra, energia elétrica, espaço nas represas de dejetos, e horas de trator para o transporte destes; 

ð      facilitar a remoção das sujeiras e microorganismos das ranhuras e porosidades;   

ð      preparar as superfícies para uma desinfecção mais eficiente.

Notas:

a)       a velocidade de ação dos detergentes é acelerada, quando a solução, ou em especial a superfície estiverem aquecidas de 40 a 60 graus centígrados;

b)       em média, aguarda se uma hora ou mais, para que haja boa ação dos detergentes;

c)       água quente (de 40 a 100graus centígrados), ou vapor de água, facilitam muito o processo de lavagem, ajudando a economizar ainda mais água e tempo, também reduzindo a presença de microorganismos nas instalações;

d)        com o uso de solução detergente, a economia de água, tempo e energia podem variar de 20 a 60 %, quando comparados ao processo de limpeza, em ambientes usando apenas água fria, e superfícies frias a ser lavadas.

 

 

B) DESINFECÇÃO

A desinfecção tem como finalidade, reduzir ao máximo a pressão infectiva e, por conseguinte, ajuda a controlar a disseminação de doenças.

 

Meios de desinfecção mais comuns:

 meios físicos: onde o processo de desinfecção pode ser obtida por radiação, fogo e outras formas de temperatura;

 produtos químicos de contato: pelo emprego de substâncias químicas diversas, a exemplo dos fenóis, cresóis, amônia quaternária, iodados, hipoclorito de sódio, formol, glutaraldeído, produtos conjugados, etc;

 forma gasosa: com o emprego da fumegação, usando formól mais  permanganato de potássio ou outros, para atingir superfícies de difícil acesso.

           

Características desejáveis na escolha do desinfetante a ser adotado:

 – ser o menos tóxico possível ao homem e aos animais;

 – ter baixo poder de corrosão e necrose;

 – ter o maior espectro de ação germicida possível;

 – ser específico e potente no controle de determinados germes patógenos;

 – ter baixo índice de saturação na matéria orgânica;

 – ser de fácil dispersão, diluição e de grande estabilidade quando diluído;

 – ser compatível com o pH da água a ser usada na produção da solução;

 – ser de fácil manuseio.                                                                                                              

Observações:

Todo processo descrito acima, deve ser aplicado para:

   – entrada de veículos, equipamentos e outros objetos na granja;

   – silos de ração, caixas de água, vestiário e depósitos;

   – instalações e equipamentos existentes na granja.

  

CONCLUSÕES:

      A)   a aplicação de um PDL, é um dos elementos fundamentais para a biosegurança;

B)      cada ambiente, tipo de manejo e exploração animal, ou propósito de aplicação de um PDL, necessita de planejamento e descrição próprios, de equipamentos e indumentárias ideais e de produtos adequados;

C)  deve se determinar quem irá coordenar, e quem irá executar o processo;

D)      e por fim, para que um PDL produza os resultados esperados, todos os envolvidos no processo, necessitam de conhecimento do porque do PDL, precisam receber treinamento das práticas, além de aceitar e  acreditar na adoção deste PDL.    

Portanto, deve haver comprometimento de todos com o programa, revisão periódica das práticas, e senso crítico do coordenador; pois do contrário, será desperdício de tempo e dinheiro.
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Artigo cedido pela Universidade Uniquímica de Negócios.

 

Fonte: Associação Paulista de Criadores de Suínos