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Falta álcool combustível nos postos do Grande ABC

Está faltando álcool combustível no Grande ABC. Desde o fim de semana, alguns postos revendedores da região estão sem receber etanol de seus distribuidores. Outros estabelecimentos, embora não estejam desabastecidos, estão recebendo até um terço do solicitado.
“Desde quinta-feira, a Shell está entregando uma quantidade de combustível muito inferior à pedida. Pedi 15 mil litros e me entregaram 5.000, e somente no sábado. Sem contar que desde segunda estamos sem álcool. A distribuidora alega que não sabe o que está ocorrendo, se foi erro de cálculo em seu estoque ou se está faltando etanol”, relata Marcos Postigo, proprietário do Auto Posto Estonia, de Santo André.
Segundo Postigo, entretanto, a Shell já informou que haverá aumento de pelo menos R$ 0,10 quando houver combustível disponível.
A situação é a mesma no Auto Posto Camilópolis, da mesma cidade e com a mesma bandeira. “Para mim, disseram que o produto está em falta no mercado e que, quando estiver disponível, chegará mais caro”, conta o proprietário Emilio Soares, desde o fim de semana sem álcool.
“Estou desesperado. Sem poder atender aos clientes e com as contas para pagar. Se demorar muito, vou ter de procurar álcool em outra distribuidora. Se eu tivesse um caminhão próprio, já teria feito isso”, desabafa.
Mesmo a Petrobras, que não está deixando faltar combustível, está entregando quantidade menor do que a solicitada aos seus autorizados. “Se você precisa de 10 mil litros, tem de pedir 20 mil, pois eles estão trazendo apenas metade do pedido”, conta Wagner Lopes, proprietário do Auto Posto Requinte, de Santo André.
“O problema é que cada distribuidor tem um estoque. Acabando, é preciso comprar mais nas usinas. Para mim são elas que estão segurando o combustível, pois quando a safra entrar de vez, não terão de reduzir tanto o preço do etanol”, diz Lopes.
Questionada sobre o assunto, a Unica (União da Indústria da Cana-de-Açúcar) alegou, por meio de nota, que “eventuais dificuldades para a chegada do produto aos postos nada tem a ver com a disponibilidade do produto nas usinas, e sim com questões logísticas, sob controle das distribuidoras e não das usinas”.
De acordo com a Unica, não existe problemas de disponibilidade de etanol em qualquer região do Estado de São Paulo, “e se o produto não está sendo entregue pelas distribuidoras nos postos é porque o mesmo não está sendo adquirido pelas distribuidoras em volumes que permitam manter os postos devidamente abastecidos” por não terem tanques suficientes para estocagem.
As distribuidoras Petrobras, Shell e Ipiranga foram procuradas pela reportagem do Diário, mas como as três estão sediadas no Rio de Janeiro e a cidade estava em estado de alerta ontem, as respectivas assessorias informaram que não era possível checar essas informações.
AUMENTO
Somado ao desabastecimento, tem-se o aumento do preço do etanol em plena safra, iniciada em março. Mal deu tempo para o consumidor sentir no bolso a redução do preço do álcool – que recuou R$ 0,30 somente no mês passado -, e o combustível já vai aumentar novamente. Segundo o Regran (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do ABCDMRR), o custo na bomba deve subir entre R$ 0,15 e R$ 0,20 a partir de hoje.
“Conversei com os distribuidores e eles afirmaram que haverá aumento entre R$ 0,16 e R$ 0,17 no combustível que comprarmos deles a partir de hoje. Eles alegam que os usineiros aumentaram o preço. Na bomba, o etanol ficará entre R$ 0,15 e R$ 0,20 mais caro”, explica Toninho Gonzalez, presidente do Regran.
Se até ontem, portanto, em grande parte dos postos da região era possível abastecer por R$ 1,39 o litro, conforme for chegando combustível novo e reajustado, o consumidor pagará entre R$ 1,54 e R$ 1,59 (Diário do Grande ABC, 7/4/10)