ESTUDO APONTA GANHO COM TRANSGÊNICOS

transgenicopg61Estimativa é que sementes modificadas proporcionem benefício de US$ 47,9 bi na próxima década.
A adoção dos transgênicos na agricultura brasileira entre as safras 1996/97 e 2008/09 resultou em um benefício financeiro de US$ 3,6 bilhões, afirma estudo da consultoria Céleres. Na prática, esse é o valor que seria gasto a mais caso a agricultura nacional tivesse utilizado apenas sementes convencionais para o cultivo de soja, milho e algodão.
Segundo o levantamento da Céleres, a soja foi a cultura mais beneficiada pelo uso de sementes transgênicas. Do total do benefício, 78% foram absorvidos pela soja e 4% pela cultura do algodão. O milho, com apenas um ano de utilização de variedades transgênicas, respondeu por 18% do total.
“Percebemos que 81% do ganho gerado pelo uso de transgênicos fica diretamente com o produtor, seja pelo ganho de produtividade ou pela redução dos custos. Apenas 19% do ganho vão para a mão das indústrias”, afirma Anderson Galvão, sócio-diretor da Céleres.
Apesar de algumas entidades contrárias aos organismos geneticamente modificados questionarem o ganho com o uso da tecnologia, as projeções indicam que esses benefícios podem aumentar ao longo dos próximos dez anos. Segundo a Céleres, considerando apenas as culturas liberadas atualmente para cultivo – soja, milho e algodão -, o ganho gerado pelo uso dos transgênicos pode chegar a US$ 47,9 bilhões entre as temporadas 2009/10 e 2018/19.
Desse valor, o milho absorverá 71% do total, ficando a soja com 22% e o algodão com 7%. “Isso leva em consideração o aumento da área plantada que projetamos. Para 2019 esperamos que a soja ocupe 29,5 milhões de hectares, o milho cubra 16,7 milhões e o algodão fique com 1,5 milhão de hectares”, afirma Galvão.
No futuro, segundo a Céleres, os benefícios migrarão da redução dos custos de produção para o ganho efetivo de produtividade. Até agora, 63% dos ganhos com os transgênicos vinham da redução de custos e apenas 18% do ganho de produtividade, segundo a Céleres. Para os próximos dez anos, a expectativa é que o ganho de rendimento represente 60% dos benefícios e a queda nos custos, apenas 23%.
Diante desse cenário, a expectativa é de que o mercado de sementes também passe por mudanças. Para o presidente da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem), Ywao Miyamoto, está havendo uma profissionalização entre os produtores brasileiros de sementes, principalmente devido à velocidade com que novas tecnologias e novas variedades surgem no mercado.
“Há dez anos eram 800 associados na entidade e hoje são 550. E isso é só o começo, pois já existe demanda de moinhos para que voltem as pesquisas com trigo transgênico, novas variedades chegarão ao mercado nos próximos anos e esperamos que até os produtores de sementes para hortaliças também entrem na nova era da biotecnologia”, afirma Miyamoto.
A mudança que já foi observada no mercado de sementes foi o número de registro de variedades, especialmente no caso do milho. Ao longo da última década, foram registradas no Ministério da Agricultura, em média, 50 novas variedades convencionais de milho por ano. Só no ano passado foram feitos 230 novos registros, sendo 150 deles com tecnologia transgênica.
O estudo da Céleres afirma que o custo de não usar a tecnologia transgênica nos próximos dez anos será maior do que o ganho com a utilização das sementes geneticamente modificadas. Enquanto o benefício com o transgênico é estimado em US$ 47,9 bilhões, a projeção é que o custo para se produzir apenas grãos convencionais seria de US$ 107,8 bilhões, devido à necessidade de uma área maior, mais gastos com diesel, defensivos, e outros, para se produzir o mesmo volume de grãos (Valor, 7/4/10)