Unica admite volta da tarifa de importação do etanol

O presidente da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), Marcos Jank, admitiu, hoje (07), o retorno da tarifa de importação sobre o etanol, caso outros mercados – produtores e compradores – mantenham o protecionismo e a taxação ao combustível brasileiro. Na segunda-feira (05), a Câmara de Comércio Exterior (Camex), incluiu o etanol na lista de exceções tarifárias e reduziu para zero a alíquota, antes de 20%, para a importação do combustível.
“A posição da Unica é que definitivamente o Brasil acredita no etanol como commodity global e espera que a decisão seja seguida por outros países, particularmente pelos Estados Unidos, mas também pelos europeus e pelo Japão; mas é óbvio que se o mundo continuar protegendo, talvez o Brasil tenha também que se proteger para enfrentar uma concorrência dentro do mundo da proteção, que não é o ideal”, disse o executivo.
Jank afirmou que a posição brasileira é um gesto para que os Estados Unidos mantenham a decisão de extinguir, em 31 de dezembro de 2010, a tarifa de US$ 0,54 cents por galão imposta sobre o etanol importado, como prevê a legislação local. “A gente espera que a redução da tarifa seja um gesto para que eles (Estados Unidos) cumpram o fim da tarifa este ano. Se não for cumprido (a decisão brasileira) tem de ser reestudada”, explicou.
O presidente da Unica lembrou que já há projetos de lei no Congresso norte-americano de deputados ruralistas que preveem a manutenção da tarifa. “Mas eles terão de enfrentar os ambientalistas e outros lobbies, como o dos consumidores de milho, que temem o aumento do uso do grão para a produção de etanol”. Jank lembrou que a inclusão do etanol na lista de exceções pode ser revista a cada seis meses e ainda que a própria Camex deverá acabar com essa prática no final de 2011. “É o prazo para, teoricamente, desaparecer a lista de exceções com todas as 100 posições tarifárias”, disse.
O presidente da Unica participou hoje do seminário Ribeirão Cana Invest, em Ribeirão Preto (SP). Além da tarifa, Jank comentou o novo movimento de alta de preços do etanol nas usinas, que ainda esta semana deve ser repassado aos consumidores. Segundo o presidente da Unica, somente uma reformulação ampla na política de comercialização do setor, com a participação de todos os elos da cadeia e o governo pode resolver essa volatilidade no preço do combustível. “Se não resolvermos isso, problemas de curto prazo como os de agora seguirão”, disse. Após uma queda em março, só nos quatro primeiros dias úteis de abril, o preço etanol, incluindo frete, entregue às distribuidoras em Paulínia (SP), já subiu 18,6% (Agência Estado, 7/4/10)