China suspende importação de óleo de soja da Argentina

Medida do governo chinês pode favorecer os produtores de soja brasileiros.
As companhias exportadoras de óleo de soja da Argentina receberam um comunicado das importadoras da China para que não enviem mais navios com o produto ao país asiático, segundo informações publicadas pela imprensa argentina nesta quarta-feira.
As diferenças entre a Argentina e a China em torno da comercialização de óleo de soja começaram na quinta-feira passada, quando o governo chinês decidiu impedir a entrada de óleo com determinadas quantidades de um solvente chamado hexano, usado na produção do grão da soja.
Na segunda-feira, o ministro das Relações Exteriores da Argentina, Jorge Taiana, convocou o embaixador chinês no país, Gang Zeng, para falar sobre a questão sanitária e comercial. O diplomata chinês, no entanto, afirmou que a medida poderia ser temporária.
“É uma questão de um ou dois meses”, disse Gang Zeng, de acordo com o jornal Clarín.
RETALIAÇÃO
A presidente da Câmara da Indústria Azeiteira da Argentina (CIARA), Raquel Caminoa, disse que a medida chinesa não estaria ligada, em sua opinião, a uma questão de qualidade, sugerindo que poderia ser uma represália comercial.
“Não é uma questão de qualidade (do óleo), mas uma medida contra barreiras comerciais (da Argentina contra produtos chineses)”, disse.
Em um comunicado, a CIARA afirma que a Argentina respeita as normas internacionais para a produção de soja e que o óleo cru argentino representa 76% do total desta mercadoria importada pela China.
Ainda de acordo com a CIARA, a Argentina seria o “único” país produtor de óleo de soja no mundo a ter recebido a sanção dos chineses.
“O que seria um castigo apenas para o azeite de soja de origem argentina”, diz o texto.

BRASIL

A decisão da China poderia favorecer os exportadores brasileiros do produto, de acordo com o Clarín e com o diário econômico El Cronista.
O representante da Associação Brasileira das Indústrias de Óleo Vegetal (Abiove), Carlos Lovatelli, disse às publicações que o Brasil poderia substituir parte das exportações argentinas.
Lovatelli, no entanto, afirmou que seria “difícil” a China abrir mão de toda a produção argentina, já que Brasil e Estados Unidos – os outros grandes produtores mundiais de soja – destinam parte da produção para a fabricação de biocombustíveis.
Nesta quarta-feira, a emissora de televisão C5N informou que o governo argentino teria conseguido “desbloquear” as exportações à China.
Assessores do Ministério das Relações Exteriores ouvidos pela BBC Brasil, no entanto, não confirmaram a informação (O Estado de S.Paulo, 8/4/10)