Preço do etanol volta a subir em SP e há risco de desabastecimento, diz Sincopetro

Chuvas impedem colheita da cana-de-açúcar.
Sindicato dos postos, porém, não acredita em novos aumentos.
A sequência de baixas do preço do álcool combustível que o motorista paulistano vinha sentindo no bolso durou pouco tempo. O preço do etanol, que chegou a custar em alguns postos R$ 1,29 o litro, agora é encontrado por R$ 1,39. Na média, os postos estão vendendo o combustível a R$ 1,49 o litro. Para o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro), a alta se deve às dificuldades enfrentadas pelos produtores na colheita da cana-de-açúcar em função das chuvas. O setor não descarta o risco de desabastecimento.
O presidente do Sincopetro, José Alberto Gouveia, afirma que em uma semana a alta foi de cerca de 12% nas bombas. “Houve uma alta do preço do álcool vindo da usina e é isso que o consumidor está vendo na bomba. Os usineiros nos informaram que o excesso de chuva impede que a colheita da cana seja feita. Diminui-se o estoque, aumenta-se o preço”, diz Gouveia.
Ele cita dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da USP, que mostra que o preço do álcool hidratado combustível saltou de R$ 0,7698 em 1º de abril para R$ 0,9139, aumento de 18%. A informação repassada aos postos de combustíveis é que se as chuvas pararem, a produção sucroalcooleira deverá voltar à normalidade em período entre oito e dez dias.
DESABASTECIMENTO
O presidente do Sincopetro acredita ainda que o consumidor deverá começar a ter dificuldade para abastecer com álcool em alguns postos.
“O posto de uma cooperativa de táxis paulistana tem demanda de 20 mil litros de álcool combustível por dia e só estão sendo entregues 5 mil. Há uma defasagem entre consumo e estoque, já está faltando álcool em alguns postos e essa dificuldade deve aumentar nos próximos dias caso continue a chover”, relata.
Gouveia, entretanto, não acredita em novas altas do preço do combustível. No início do ano, o álcool chegou a ultrapassar os R$ 2. Ele explica que os estoques estão menores porque no início do ano parte da cana-de-açúcar foi direcionada para a produção de açúcar, dada a quebra de safra internacional do produto, principalmente na Índia. Com isso, os produtores brasileiros não formaram o estoque necessário para a entressafra. Segundo Gouveia, no final de março a defasagem era de 1 bilhão de litros de álcool combustível (G1, 12/4/10)