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23/04 – Soja Chicago – Ceema

soja-graos-vagem123/04 
As cotações da soja em Chicago, puxadas por significativo movimento especulativo onde as correções técnicas têm sido a tônica (o mercado encontrava-se sobrevendido), subiram fortemente nesta semana, fechando a quinta-feira (22) em US$ 10,04/bushel, contra US$ 9,84 uma semana antes. Pela primeira vez, desde a primeira semana de janeiro passado, o bushel de soja volta a ultrapassar a barreira dos US$ 10,00.
Todavia, lembramos que na economia real não há nada que justifique tamanha reação na Bolsa, havendo fortes probabilidades de tal movimento não durar muito. Particularmente se o plantio da soja nos EUA se desenvolver normalmente. Nesse sentido, um elemento que vem sendo usado para justificar as altas se encontra na dúvida que o mercado vem colocando sobre a real área a ser plantada nos EUA. Muitos analistas locais julgam que a mesma deva ser menor do que o anunciado até o momento.
Dito isso, mesmo com tais preços em Chicago, os preços em Reais no mercado brasileiro continuam recuando, pois o câmbio se mantém ruim (ao redor de R$ 1,75) e as empresas compradoras, como era previsto, começam a ganhar margens, não repassando o efeito Chicago ao preço interno. Ou seja, assim como as empresas sustentaram preços mais elevados até o momento, trabalhando com margens praticamente zeradas, agora se aproveitam da recuperação de Chicago para recuperarem tais margens. A vantagem aos produtores é que as margens seriam recuperadas de qualquer forma. Ora, com a recuperação de Chicago, pelo menos os preços em Reais recuam muito pouco, se mantendo nos níveis praticados nas últimas semanas. O problema é que o movimento altista em Chicago pode não durar muito!
Afora isso, os embarques de soja pelos EUA, na semana encerrada em 15/04, chegaram a 428.100 toneladas, acumulando desde setembro (início do atual ano comercial 2009/10) um total de 34,98 milhões de toneladas, contra 27,05 milhões em igual período do ano anterior. Já os registros de exportação, na mesma semana, ficaram em 368.800 toneladas, somando safra velha e nova. No acumulado do ano comercial o volume chega a 37,05 milhões de toneladas, contra 30,95 milhões no ano anterior.
O prêmio no Golfo oscilou entre 38 e 45 centavos de dólar por bushel, enquanto em Rosário, na Argentina, os mesmos estiveram entre 16 e 22 centavos, e no Brasil entre 20 e 54 centavos de dólar por bushel, todos para abril.
No mercado argentino registraram-se alguns negócios, porém, sem grandes repercussões sobre o mercado em geral. A colheita no vizinho país chegou a 42% da área em 15/04, contra 56% no mesmo período do ano anterior. Por sua vez, a colheita de girassol atingiu a 97%, contra 99% no ano anterior.
Por outro lado, os produtores argentinos estão programando novas manifestações contra o governo local, para maio, visando reduzir a taxa de exportação (confisco) incidente sobre a soja, hoje em 35%.
Na Europa, o mês de maio cotou o CIF Rotterdam para os pellets de soja em US$ 346,00/tonelada para o produto brasileiro e US$ 348,00/tonelada para o produto da Argentina. Para o período de outubro/dezembro os valores ficaram respectivamente em US$ 341,00 e US$ 330,00/tonelada.
Ainda em termos mundiais, vale destacar que Oil World registra uma projeção de recuo em até 5,6 milhões de toneladas para as exportações dos EUA entre abril e agosto de 2010. Se isso vier a ser confirmado, teremos aí mais um elemento para novas baixas em Chicago.
No mercado brasileiro, os preços realmente recuaram no balcão, mesmo com Chicago melhorando. A oferta local é muito grande, os portos estão abarrotados de produto e o escoamento é lento, havendo enormes filas de caminhões para descarga. Com isso, os prêmios recuam paulatinamente. Além disso, o câmbio se mantém num processo de sobrevalorização do Real. Assim, a média no balcão gaúcho fechou a semana em R$ 33,06/saco, enquanto os lotes giraram entre R$ 34,75 e R$ 35,25/saco no final da semana, após o feriado do dia 21/04. Nas demais regiões os lotes oscilaram entre R$ 30,75/saco em Ponta Porã (MS) e R$ 33,75/saco em Cascavel (PR).
Os produtores nacionais estão tentando vender somente o necessário, visando forçar um aumento nos preços locais. Todavia, o mercado sabe que em maio e junho começam a vencer os contratos bancários, fato que irá obrigar muitos produtores a venderem seu produto para obter liquidez e pagarem suas contas.
No Mato Grosso, os preços da soja no balcão giram entre R$ 24,00 e R$ 27,00/saco conforme a região. O custo do frete aos portos retira boa parte da lucratividade obtida pela boa produtividade da atual safra. No sul do país o processo é muito semelhante, com os preços estacionando ao redor de R$ 31,50 e R$ 33,00/saco, com tendência ainda a ceder um pouco mais.
No Mato Grosso a situação de mercado é tão ruim que os produtores locais estariam perdendo, em média, R$ 500,00/hectare no momento. Mesmo assim, não estaria havendo prejuízo já que a produtividade foi boa neste ano, embora não uniforme. Todavia, o quadro não estaria animando os produtores, fato que leva a se projetar uma redução de investimentos para a próxima safra, segundo a Aprosoja (MT). Afinal, para um agricultor que cultivou 1.000 hectares, seu investimento teria alcançado R$ 1,25 milhão para obter tão somente um retorno de R$ 35.000,00. Ou seja, o retorno foi de apenas 2,92%. Nesse sentido, a inadimplência tende a aumentar entre os produtores mato-grossenses. Segundo a Aprosoja, 32% deles não haviam pagado a parcela da dívida no ano passado e 65% estariam sem condições financeiras para realizar o pagamento neste ano.
Ceema