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23/04 – Trigo Chicago – Ceema

joio_trigo123/04 
As cotações do trigo em Chicago fecharam a quinta-feira (22) em US$ 4,98/bushel, acompanhando o movimento altista da soja. Tais valores não eram vistos desde o início de março passado.
Também aqui a cobertura de posições vendidas acabou elevando o preço do cereal. Ou seja, ajustes técnicos, combinados com forte especulação financeira, estão igualmente por trás do movimento altista do trigo.
Na economia real, a tendência é de baixa, pois os estoques mundiais são muito elevados, enquanto a demanda global tem sido lenta, particularmente no que tange ao interesse pelo cereal dos EUA. (cf. Safras & Mercado) Hoje a produção mundial supera o consumo em 31 milhões de toneladas.
Soma-se a isso as restrições impostas pelo Egito, maior comprador mundial do cereal. O país norte-africano estabeleceu que o produto a ser adquirido a partir de agora deverá possuir 11,5% de proteína, e não mais 11%, assim como 1% apenas de danos por pragas, e não mais 1,5%. Além disso, o embarque mínimo deverá ser de 60.000 toneladas. Tais medidas atingem principalmente o trigo russo, fato que poderá favorecer ao cereal dos EUA, melhorando as cotações em Chicago de forma mais duradoura.
Na semana encerrada em 15/04 as inspeções de exportação dos EUA indicaram um volume de 481.094 toneladas, contra 496.933 toneladas na semana anterior. Já as vendas líquidas dos EUA, no ano 2009/10, iniciado em 01/06/2009, chegaram a 166.400 toneladas na mesma semana, contra 101.100 toneladas na semana anterior.
Na China, igualmente a demanda local está lenta, fato que mantém estoques elevados no país. Assim, mesmo que a atual safra venha a se reduzir um pouco, os efeitos sobre os preços tendem a ser nulos.
O fato do dólar ter subido um pouco de preço em relação as demais moedas mundiais, retirou competitividade do produto estadunidense em alguns momentos da semana.
Paralelamente, o Conselho Internacional de Grãos confirmou sua projeção de 658 milhões de toneladas de trigo para a safra 2010/11, fato que significa um recuo de 17 milhões de toneladas em relação ao ano anterior. Todavia, como a demanda está mais lenta, os estoques finais mundiais, para o referido ano, foram aumentados para 199 milhões de toneladas (serão os mais elevados dos últimos 10 anos).
Na Argentina, se aproxima o novo plantio de trigo. O governo procura evitar que se repita a última safra, que foi a pior dos últimos 111 anos. A ideia é de que a produção chegue a 10 milhões de toneladas, se o clima deixar, contra 7,9 milhões que teria sido colhido na última safra. Para tanto, pretende-se liberar 3,5 milhões de toneladas para exportação visando estimular os produtores. Sabe-se que há alguns anos o governo argentino vem restringindo as exportações buscando conter a inflação interna.
Nesse momento, a tonelada do produto oscila entre US$ 227,00 e US$ 235,00 para embarque em maio em Up River. Para junho, Necochea trabalhou com valores entre US$ 235,00 e US$ 245,00/tonelada. No Uruguai, a semana terminou com valores entre US$ 218,00 e US$ 230,00/tonelada, para embarque entre 20/04 e 20/05. Os atuais preços no Mercosul colocam o produto regional no mesmo nível do trigo oriundo de outras regiões do mundo, mesmo com taxação. (cf. Safras & Mercado)
No Uruguai, a oferta total de trigo no início do atual ano comercial chegava a 1,94 milhão de toneladas, tendo sido negociadas, até o momento, 835.000 toneladas.
No mercado interno brasileiro, o preço médio de balcão, no Rio Grande do Sul, fechou a semana em R$ 22,00/saco. Já os lotes ficaram em R$ 400,00/tonelada. No Paraná os mesmos permaneceram em R$ 435,00/tonelada.
A semana iniciou com a paridade FOB Paraná com a Argentina passando de R$ 406,00 para R$ 422,00/tonelada, fato que melhora a realidade do trigo nacional, particularmente o produto de qualidade superior.
O grande problema atualmente tem sido o frete muito elevado no mercado nacional, fato que tira ainda mais competitividade do produto brasileiro. Vale destacar que o ano comercial atual tem 577.000 toneladas a mais do que o ano anterior, fato que pressiona os preços para baixo. Todavia, uma boa parte do trigo da última safra, como se sabe, é de qualidade inferior, fato que leva os moinhos locais a buscarem o produto externo, favorecido pelo câmbio.
Cálculos feitos pela Safras & Mercado indicam que, no contexto do atual cenário de preços internacionais e câmbio, o trigo nacional somente atingiria o preço mínimo de R$ 530,00/tonelada (tipo pão) no segundo trimestre de 2011.
Paralelamente, os produtores gaúchos pressionam o governo estadual para reduzir o ICMS do trigo in natura de 12% para 2%, visando equiparação com o Paraná e, assim, chegar competitivo em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, além de outros Estados.
As chuvas ocorridas durante esta semana (mais de 200mm em algumas localidades) deverão permitir que os produtores gaúchos preparem o início do plantio da nova safra de trigo, embora a área a ser semeada seja uma incógnita diante do atual mercado. No Paraná, até o dia 16/04, cerca de 5% da área já estava semeada. A seca lá existente, que acabou de ser superada no Rio Grande do Sul, poderá levar ao replantio de boa parte desta área.
Enfim, a paridade FOB Rio Grande do Sul e Paraná, em relação ao trigo da Argentina, no CIF São Paulo, terminou a semana respectivamente em R$ 325,00 e R$ 420,00/tonelada. Para o produto do Uruguai a mesma ficou em R$ 310,00 e R$ 403,00; enquanto para o produto do Paraguai a mesma alcançou R$ 298,00 e R$ 390,00/tonelada. Já o produto dos EUA, esteve em R$ 344,00 e R$ 441,00/tonelada respectivamente. Em todos os casos, para o produto tipo duro. Ou seja, aos preços internos atuais, a paridade ainda está bastante baixa, sugerindo espaço para novos recuos nos valores nacionais em não mudando o câmbio e/ou os preços externos.
Ceema