12/04/10 – Um estudo divulgado recentemente por uma entidade britânica tem provocado bastante polêmica mundo afora. A tese defendida pela Fundação Nova Economia (NEF, na sigla em inglês) é de que a única forma de controlar o aquecimento global é interromper o ciclo de crescimento econômico. O diretor da NEF, Andrew Simms, explica que “o crescimento econômico incessante está consumindo a biosfera do planeta além de seus limites”. Em sua visão, o custo dessa expansão aparece no “comprometimento da segurança alimentar global, nas mudanças drásticas do clima, na instabilidade econômica e nas ameaças ao bem-estar social”. A proposta de eliminar ou mesmo restringir uma atividade em prol de um determinado viés é recorrente na política econômica mundial, mas certamente raríssimas vezes tenhamos atingido tal patamar de grandiosidade. O raciocínio por trás disso está mais do que impregnado no nosso dia-a-dia: para controlar, taxa-se; para reprimir, multa-se. E assim seguimos uma corrente de soluções paliativas em que ninguém se compromete de fato com nada. Neste contexto, depois de uma onda em que ser sustentável era a ordem do dia, o meio ambiente parece ter voltado a sua eterna posição de coadjuvante. É o que mostra, por exemplo, uma pesquisa recente feita no Reino Unido pelo Instituto Ipsos Mori. A proporção de adultos que acredita que as mudanças climáticas são uma realidade “com certeza” caiu de 44% para 31% nos últimos 12 meses. Embora nove em cada 10 entrevistados ainda aceitem que o aquecimento existe com algum grau de confiança, o grupo que tem segurança absoluta do perigo e está disposto a bancar medidas para mitigar o aquecimento encolheu. Essa não é uma perspectiva isolada, mas pode e deve ser revertida, não com deliberações, mas com base no protagonismo de cada um. O primeiro mito e entrave que se deve derrubar é, justamente, esse de que a atividade econômica necessariamente antagoniza com o meio ambiente. Ao contrário, é plenamente viável e estrategicamente inteligente obter crescimento por meio da preservação do meio ambiente e pelo respeito aos anseios dos diversos agentes sociais. Na verdade, a adoção de práticas sustentáveis nas organizações não deve mais ser vista como mera ação filantrópica ou algo do gênero. Não é marketing, é mercado e representa, de fato, um diferencial competitivo. Estão aí as políticas de reutilização de água, as usinas de cogeração baseadas em energias renováveis, a substituição do papel por documentos eletrônicos, as teleconferências substituindo as reuniões presenciais, o próprio home office e outras dezenas de práticas que já se mostraram extremamente eficazes para a redução de custos e mesmo para a desburocratização de processos. Um outro estudo encomendado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) dá fôlego à urgência de trazer a questão da sustentabilidade para a estratégia de negócios das organizações. Segundos os dados levantados, se as 3 mil maiores empresas globais tivessem de arcar com os reais custos da poluição, das mudanças climáticas e de outros impactos ambientais, perderiam nada menos que um terço de seus lucros – o equivalente a US$ 2,2 trilhões, valor superior ao PIB da maior parte dos países do mundo. É preciso, portanto, antever esse cenário antes que ele tome a proporção de crise, não apenas do ponto de vista financeiro, mas também no que diz respeito à escassez de insumos para a produção. É preciso que a questão da sustentabilidade saia dos departamentos de marketing e recursos humanos e seja assumida pelas pessoas responsáveis pela estratégia das organizações e que elas, cientes de sua importância, trabalhem com o mesmo empenho que o fazem para pensar suas marcas, seus produtos e seus serviços. Chega de esperar, ou pior, de praguejar. É a hora de agir. |
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