Governo de SP quer intensificar co-geração com bagaço de cana
O Estado de São Paulo concentra 21% da capacidade instalada em usinas geradoras de eletricidade no País – segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) são 23 mil MW distribuídos em 553 empreendimentos. E, com praticamente esgotados os recursos hídricos, o governo aposta na aceleração das atividades de co-geração com cana-de-açúcar para manter a expansão da matriz.
Segundo o coordenador de energia da Secretaria de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo, Jean Negri, é preciso conhecer os gargalos do setor de bioenergia – logística e formas de comercialização mais bem definidas, por exemplo – para que a fonte deslanche e a iniciativa privada perceba o papel fundamental na matriz elétrica.
“Esperava que o crescimento fosse maior. Imaginamos que possam entrar entre 3 mil e 3,5 mil MW médios nesta década. Mas entraram, em 2008 e 2009, respectivamente, 70 e 80MW médios”, explicou durante evento promovido ontem pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio).
Sobre a fonte hídrica, Negri afirmou que está sendo firmado um convênio com a Corporação Andina de Fomento (CAF) para buscar pequenos potenciais. “Coisas entre 5MW e 10MW que podem nos ajudar a suprir o aumento de demanda”, disse. Hoje, 77% da capacidade estadual vem das águas.
O estado providencia ainda, a partir de maio, a elaboração de um atlas eólico de São Paulo. Segundo Negri, apesar da região não ter a relevância dos ventos do sul e do nordeste, principais polos brasileiros, estudos preliminares mostraram em alguns locais ventos nem tão fracos assim – alguns alcançaram entre 5 e 6 metros por segundo.
Na área nuclear, Negri considera que as sondagens ainda são muito preliminares. A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) já sinalizou a intenção de ter até oito novas usinas até 2030, possivelmente com algumas no sudeste. “Esse assunto requer um estudo muito aprofundado, porque envolve toda uma questão de logística, enriquecimento de urânio, transporte”, avaliou o coordenador.
O especialista do governo de São Paulo falou ainda sobre o novo momento da Cesp, geradora controlada pelo estado. Segundo Negri, após decidir por não privatizar a companhia, é preciso traçar uma estratégia em relação ao futuro da empresa. “A Cesp não está parada. Tem 7,5 mil MW em ativos e convive com o gargalo da renovação das concessões. Tem um trabalho permanente de manutenção. E depois, precisará sim de um plano de gestão”, finalizou (DCI, 15/4/10)